terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Volta a revolta


I:

Grande folha branca,
enfim voltei a ti.
Então direi o que vi,
me perdoe pelo que escrevi...

Vi um homem virar rato
e num dia comer mato,
e agora quer roer perna
nessa hora vil e eterna.

O tempo me passa lento
e o homem me dá veneno;
rato que ignora o fato
de ser bicho nojento.

Me apunhalou com palavras
mais afiadas que gumes
de facas que ceifam favas
e cortam suas lavouras.

Tomara que um dia reveja,
enquanto come suas larvas,
que tudo que agora almeja
virou comigo uma peleja.


II:

E lhe digo mais, ficarei
não sei onde, mas estarei,
e bem, e você me verá
e saberá que sou melhor
mesmo sem me vingar.

Pois, quem perdeu, é você.
Perdeu a mim, perdeu
meu respeito, que antes
recebeu, num instante.

Você não é digno de nada.
Não merece seu crédito,
não merece uma palavra.
Você é um moleque e mais nada.

Sua idade e posição não são
o que você realmente é,
pois até um qualquer, zé-mané,
vale de mais admiração.


III:

Tenho dó de ti, portanto,
não me vingo do que me fez
sem uma razão, duas ou três.
Minha vingança é sua vida.

Essa sua vidinha de merda.
Espero que aproveite também,
porque qualquer perda
agora é sua, para o seu bem.

E quando precisar,
sinto muito,
mas não vou te ajudar.

Tenho mais o fazer
e, no entanto,
vou sentir dó de você.

Pois você é um merda,
sempre foi e sempre será.
E, junto com qualquer merda,
a privada, é o seu lugar.


IV:

Me desculpe, branca folha,
mas eu precisava desabafar.
Algo me atormenta, um pulha
que acha que pode me mandar.

Encontrou a pessoa errada
para ofender e maltratar.
Acha que sou só um nada,
mas nesse mar só eu sei nadar.

Em ti, folha branca, passo tinta preta,
a minha cor, a cor de quem enfrenta.
É a cor de quem não tem medo.

E dessa cor eu bem entendo,
pois não existe hierarquia para mim.
Isso é uma ideia que precisa de um fim.