segunda-feira, 22 de abril de 2013

Sentido: Mistério

Falta ar limpo no que respiro,
sobra poluição, outros detritos
de origem industrial. Eu suspiro:
"Até quando seremos malditos?"

Mas ainda não tenho repostas,
sobram-me perguntas diversas
e de tudo que nos é proposto
fica a fuligem que suja o rosto.

Será a poluição
a nossa eterna maldição?

Será a vida na cidade
banal e sem piedade?

Até quando aguentar
isso será "prosperar"?

Ar condicionado ou ventilador?
Injeção ou o velho carburador?
Notebook ou micro computador?
Urbano torpor ou bucólico furor?

8 horas trabalhadas ou a sua vida?
2 dias de folga ou uma era vivida?
Salas cinzas ou, do céu, outra cor?
Alegria ou uma vida de pura dor?

Tristes realidades em que me inspiro
para escrever coisas que eu piro.
E, diante do que o mundo se tornou,
será que alguém já se perguntou
se está realmente satisfeito?
Ou será que lhe é melhor um leito?

Pode ser da UTI,
do SUS,
do necrotério.

"Pode ser aqui",
supus,
mas fica o mistério...

sexta-feira, 12 de abril de 2013

Ocaso do acaso

Os acasos da vida
vivida em descaso
ocasionam coisas
que me impressionam,
como da existência
o ocaso indecifrável
sem uma experiência,
um caso irremediável.


segunda-feira, 8 de abril de 2013

Noiva atrasada

Mas que atraso...
Até parece descaso.

Por acaso,
que caso
normal,
velho e atual,
se repete
(mas promete...)
no dia de se casar.

"Dá sorte! Xô, azar!"

Sem respostas

Será que a vida
deve ser sofrida
enquanto vivida?

Será que o prazer
de poder viver
também é sofrer?

Seria noite e dia,
uma monotonia
duma tarde fria?

Perguntas simples e tristes
que estão sem respostas...

A sorte de morrer

Morreu? Que sorte!
Não vive mais no açoite;
que bela é a morte!

Sentir

Sentiu a vida se esvair
enquanto, sentado,
procurava sentido
em sentir.

Pôs-se em sentido,
sem ter tido
ordem sentida
sem sentido.

Sentou-se quieto
pois estava certo
de sentar
e o fim sentir.

Sentimento sólido,
até sórdido
lhe sentiria
seu ouvido,

mas ouviu-se nada.
silêncio faria
a alma sentada,
e o corpo, sentindo,
parava de sentir
e parava de viver.

Sente nada, só vê,
um fim sem sentido,
sentindo-se
deixando de sentir.
E por fim não falou,
mas a alma gritou:

"Morri ao sentir
que estou indo sem ti."

Soneto de abolição e libertação

Meu sobrenome não traduz o que sou.
Sua longa história não me diz onde vou.
Meu nome não mostra o que viverei,
não simboliza nem diz por onde passei.

Minha história é minha, eu que criei.
Cada mágoa e cada sina que vivi
e cada alegria viva que experimentei
não são da família em que nasci.

Então vou abolir essa escravidão
e me libertar desse amargo grilhão
que insiste em me prender.

Ninguém, senão eu, me conhece.
Nada dessa servidão me apetece.
Eu não nasci para obedecer.

Vida decepcionante

Você, que passa fome
embaixo da ponte
nunca pensou
que lhe sobrou
mais liberdade
que alguém que come,
preso num emprego
(vivendo sem sossego)
que, na verdade,
é decepcionante?
Talvez, da ponte,
este escravo
salte para morrer.
Um ato bravo:
deixar de viver.
E você verá,
que a fome o matará
mas o escravo moderno
já se sente morto,
com sintoma eterno
de ter o corpo torto,
analisando o suicídio
após o ofício.
Não se importam
com prós e contras.
Vão e não voltam,
sequer olham para trás.

Eu preferiria passar fome
do que ser mais um corpo que some.

--

Uma imagem legal que vi nesse blog: http://anarkrevolution.blogspot.com.br/:

Authority, violence, control and slavery

When someone wants to control another,
mercy doesn't exists anymore,
because the power of the will is an order
to make one suffer a lot more,
this is just pure cruelty.
For the aggressor is just another novelty
and the victim shall never be free.

While someone wears fur,
an animal is in his bare skin
if alive. That's a mad dream
to protect some of winter.
That's how we should feel,
exploited and then neglected,
a scenario so surreal
becomes our reality.

Any kind of authority
shows us the face of cruelty,
and the only way it can control
is by putting up a wicked show
where few have lots of power
and many have to fight this "order".

Any kind of violence
is generated by anger,
motivated by hunger,
hate and injustice.

If you don't fight authority
your destiny is to live
poorly and hungry under
a masked slavery.

Uma casa para morar

Procuro uma casa para morar.
Procuro, por aí, só um lugar,
que seja, para comprar,
ou um lugar para alugar
e poder chamar
meus amigos para jantar,
beber, fumar,
rir, ouvir um disco e viajar.
De verdade, procuro um lar.
Onde vivo, não consigo amar,
então me sobra odiar
e reclamar, gritar e brigar,
quando mais quero parar
e conversar algo salutar
num ambiente até familiar.
Já sei que esse lar
eu mesmo vou formar
em qualquer lugar
seja céu, terra ou mar.
Basta eu chegar
e minha mente estar
no lugar,
e terei uma casa para morar.
Afinal, eu sou meu lar.

Reiniciar

Quero apertar o "RESET",
recomeçar essa minha vida,
recuperar o tempo perdido,
pois já acabei com este
em que estou preso ainda
e apenas me deixou fodido.

Mas eu sei que não seria
diferente, pois sou o que sou
e não mudaria isso, nunca.
Dói viver com a hipocrisia
de ser alguém onde estou
e não fazer uma pergunta

quando quero perguntar,
não falar quando sinto
que devo falar algo
e não poder sequer gritar
quando a dor que sinto
pedir que grite logo.

Não posso voltar no tempo
mas como eu gostaria...
Eu seria leve como o vento
e outras vidas eu viveria.

Crianças

Como crianças são sublimes
e ao mesmo tempo assustam
o adulto, sempre certo e firme.
E com sua astúcia, nos mudam.

E crianças que somos, enfim,
rimos da risada desses bebês
que são o começo, meio e fim
de algo novo que não se prevê.

Minhas crianças nascerão nuas
e viverão livres como vierem
ao mundo, soltas como a lua,

e se tentarem um dia, molda-las,
tenham cuidado, se preparem,
pois estarei lá para defende-las.

--

Minhas crianças serão educadas com responsabilidade e liberdade, que são lados de uma mesma moeda. Vou fazer diferente do que fizeram comigo.

quinta-feira, 4 de abril de 2013

Sentimento irracional

Por números tentaram provar
que tal sentimento era integral,
coisa acadêmica, calcular,
derivar algo que soa normal.
Mas podemos calcular o amor?

Gênios deixam o ego se expor
e o sentimento mais humilde
desses cálculos, se esconde.
Engolem na análise final
e concluem: "o amor é irracional."

--

Para todos que tentam explicar que o amor segue uma ordem lógica e racional, diferente desse pequeno e velho poema com métrica quadrada em 9 pés.