Me encontrei entre os ovos
infecundos e galados
de Teodoro.
Um tanto Demétrio,
outro tanto Ivan
e mais um tanto Alexandre,
me vi no pai e seus filhos.
Me vi até no bastardo
por um instante,
me vi um restolho
familiar e contraditório.
Tive meus egoísmos,
tive minha lascívia,
tive meu ateísmo
e tive minha inocência.
A minha face,
minha cara má
me leva ao princípio
de uma vivência:
Eu, que nada sou
e tudo tentei ser
fico em meio aos ovos.
Sou infecundo ou galado?
Choco o mundo
ou por ele sou chocado?
Eu, sem orgulho
me leio na vida ao lado.
Não sou tudo,
mas não tenho faltado.
À quem eu fiz sofrer
peço o perdão que há muito
tenho protelado.
É fato que errei
e não assumi a responsabilidade
do egoísmo, da cobiça,
da minha falta, da minha maldade.
A cara má que ficou na memória
quer ser apagada,
nem substituída por uma cara boa,
porque não importa se esta ressoa,
é melhor se deixar passar
e eu que viva
entre a tentativa
de ser fecundo
e não ser galado,
pois cantar de galo
não é de viver
o modo mais profundo.