quinta-feira, 30 de julho de 2015

Passo a passo...

O pensamento passeia
como quem permeia
em cada passo,
no passeio,
uma tranquilidade
típica de um doce mar.

Nada contra ti

Às vezes,
de deus faço piadas,
mas não por maldade,
somente reciprocidade
por conta dessa vida
que lhe é engraçada.

quarta-feira, 29 de julho de 2015

Escravo Assalariado

Eu queria,
qualquer dia,
sair daqui
dessa monotonia
devassa
que me estupra,
aqui,
na cidade,
enquanto
me prostituo
na realidade
do santo
trabalhador,
cuja vida
é fogo fátuo
e sua ferida
cicatriza
lentamente,
com dor;
e o breve
momento
em que se realiza
é somente
o leve
fechamento
do corte
e, com sorte,
regozija
e, então
finalmente
pode trabalhar
para outros
e não
para si.

terça-feira, 28 de julho de 2015

Tchau metal

Deixei de acreditar
na violência sonora
que me soca com ar
uma música de fora
que é só agressiva,
só isso e nada mais.
Entendo o motivo,
mas não acredito
que gritar tal raiva
de algo adianta.
Afinal, na existência,
qualquer violência
tenta ser justificada
mas é sempre vaga.
Portanto não ouço,
nem tenho no bolso,
músicas para berrar,
para gritar e brigar.
Não acredito mais,
ficou tudo lá atrás.

À sociedade

Me desculpe sociedade,
mas não discuto,
na minha atual idade,
certos assuntos.

Minha opinião formada
ao longo dessa estada
é que não quero mais,
de ti, correr atrás.

Você não gosta de redução
nas grandes marginais
e eu nas maioridades penais
que você aceita de supetão.

Você reclama de ciclovia
e eu da sua grande hipocrisia
em valorizar seu "carrumbigo".
Portanto, assim, lhe digo:

Enquanto você pensa merda
e defeca pela fétida boca,
mantenho minha mente aberta
e sã, para você ficar louca.

Sociedade, me desculpe
pela sinceridade,
mas enquanto você fala, bocejo...
É... tem hora que você me dá nojo.

terça-feira, 14 de julho de 2015

Tempo Chuvoso

Depois de toda a tempestade,
vem uma estranha calmaria
que parece vida após a morte
onde um respira sem alarde
e o outro ainda se extasia,
passada uma tormenta forte.

Gostamos de morrer, meio que assim,
ofegantes num temporal sem fim,
que rega tudo que há de nascer
numa doce e perfumada primavera,
após a chuva de nosso suor ceder
ao esforço da vida uma nova aurora.

quarta-feira, 8 de julho de 2015

Teto preto

Essa manhã que parece noite
se escurece com a fria chuva
e a névoa, nesse atroz açoite;
a visão do horizonte se turva.

segunda-feira, 6 de julho de 2015

Algodão doce celeste

Olhei para o céu
e vi apenas o chão
feito de nuvens,
agora imaginem
estas, de algodão,
com sabor de mel.

quinta-feira, 2 de julho de 2015

E²(legia)(pifania)

Eu já quis morrer
e hoje quero viver...

Minha sede de morte
virou fome de vida
e então o meu norte
mudou-se de vila,
pois agora a agonia
não é mais torcer
para que uma fila
ande sem calmaria,
mas sim para viver
e aproveitar minutos
que não são infinitos.

Tchau, céu cinza

Toda vez que o céu
está nublado, todo cinza,
como vestido de véu,
um lado meu, ranzinza,
se desperta
e me aperta
o coração
com sua mão,
me fazendo lembrar
que embaixo da nuvem
ainda respiro o ar
e vivo;
é daí o sorriso que vêem.