quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Sozinha

Explode solitária,
brilha azul
forte, serena, sozinha
no céu paira
no escuro da noite
negra, nada minha
ponto de luz


De todos ela é
inspira todos
mesmo sem fé
sem um rosto
apenas reluz.

-

Meio na linha do Ferreira Gullar, mas bem curto.

Paz!

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Blues Metropolitano

Massa espessa de ar poluído, entra e queima os meus pulmões
Não importa se é noite ou dia, das chaminés saem os tufões
As fábricas não param, sacrificam todos os trabalhadores
Sem dó esticam a produção, obedecendo os seus consumidores

Controle de espólio, relação de amor e ódio
Essa São Paulo canibal, 24 por 7 visceral

Grandes químicas e metalúrgicas, chibatam e sangram o peão
Porcos podres e dinheiro vivo, ditam as leis desse mundo cão
Capitalismo selvagem agride, machuca mas não quer nos matar
Comprei minha nova moto, de trêm e metrô não quero mais andar

Carros e caminhões, as vias em manutenção
Um sai e mil chegam, só cresce a população

De que adiantam os seus bancos, seus centros empresariais
Se esquecemos comos ser civilazados, somos meros animais
Por mais triste que seja, nem damos por falta do céu azul
Para essas loucas cidades, que escrevo e dedico esse blues

Cidades dormitórios, almoços em refeitórios
Eu vivo nesse caos, ABC paulista industrial.

-

Paz!

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Oeste

Sem caminhos para o Oeste, ela não está mais lá
Mudaram os costumes e tudo passou
Pela praça os pombos voam, deserta nunca está
Lembranças só doem em quem ficou
Os amigos perguntam, não precisam se preocupar
Sozinho ganhou asas, está livre para voar

O tempo passa, as feridas somem do coração
Pensamentos voam alto, enquanto ouve a canção

Tudo parece tão vazio, se sente frio e só
Olha para o céu antes de levantar
Corre longe da Benedito, vai à Consolação
No copo o sentimento vai confortar
Mal se comunica, não ouve o que diz
Segue em frente, só quer ser feliz

A dor bate forte, luta contra a solidão
Vira outra folha, como muda de estação

Sem caminhos para o Oeste, não tem porque voltar
Lá onde o Sol vai se deitar
Bate as asas e se esquece, não há o que lembrar
Voa ao Leste apenas ao luar.

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Paz.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

A garota de vestido branco

Quente dia de verão, fervendo os cabelos
Mesmo com a aba do chapéu, está suada
De rabo de cavalo, a fita os revela negros
A face que era branca está rubra e molhada

As gotas escorrem devagar pelo seu pescoço
Tocam sua nuca enquanto procura a sombra
Sente o vento leve bater e refrescar o torso
Corre para um lugar onde do Sol se esconda

Vê um canto onde pode descansar as pernas
Nas costas semi-nuas, sente o toque dos cabelos
O vestido branco se apega às suas belas curvas
No decote sensual, seios acomodam os respingos

Ao sentar no banco, fica aliviada pela brisa
A árvore acima alivia o calor que a esquenta
Tira o chapéu, abana e desata o laço de fita
Deixa ao lado as sandálias, entre os pés venta

Deixa todos os meninos em volta ouriçados
Não sabe se comportar sem chamar atenção
Nem percebe que mesmo quente aos abafos
De alguma outra pessoa, ela rouba o coração

E naquela tarde, a menina de vestido branco
Assobia e confere as compras que fez na feira
Obras de artersões apaixonados em prantos
Pois dela só conseguem o dinheiro da carteira

Com fios longos soltos e franja, mal sabe o que faz
Feições de menina feliz, boca rosa que apaixona
Da cor do mar, os olhos hipnóticos passam paz
Está trazendo todos os sentimentos deles à tona

Diverte colocando seu novo colar, sente a corrente
Beleza jovial, eles querem cortejá-la, que tentem
Delicada ela responderá, doce, ambígua e inocente
Mesmo sem querer, consegue que todos a amem.


-
Simples, estrutura ABAB, é o que o poema pede, nada de complicações, apenas a beleza da simplicidade de alguns momentos, de uma pessoa e de um sonho(isso mesmo!) durante um cochilo. Se não gostarem, culpem ela!



Eu não consigo... :)

PAZ!

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Boneco

Um vazio, incompleto
À força a fome o toma
Mesmo estando desperto
Parece estar em coma

Triste, sente o torpor
Talvez não tenha cura
Não é doença, apenas dor
Forte, maldita e pura

Sem face, irreconhecível
Sem nome, indefinível
Sem voz, incomunicável
Sem vida, inanimado

Uma marionete inefável
Um mistério indecifrável
Madeira oca impenetrável
Um boneco abandonado.

domingo, 1 de fevereiro de 2009

Não sou seu

Não consigo ser
Diz que mudei, mas sabe que não
Pode acontecer com todos, até com você

Sempre teve tudo
É fácil com todos aos seus pés
Agora não me possui, e nunca mais

Além da rejeição
Seria a sua primeira decepção
O amor é assim, sente falta se não tem

Não estávamos bem
Como acredita? Por que se enganar?
Peço desculpas por te fazer sofrer

Alguém muito melhor
Pode me substituir, não me importo
Que te traga alegrias e te faça feliz

Espero só o bem
Você merece, mas tem que aprender
Não sou nada de ninguém, não posso ser

Sinceridade apenas
Egoísmo não é, seria se eu ficasse com você
Vou conhecer outras, fazer novas amizades

Talvez não encontre
Vou arriscar, por que não tentar?
Sem laços, só a minha vida para cuidar.