sábado, 26 de dezembro de 2015

terça-feira, 22 de dezembro de 2015

terça-feira, 15 de dezembro de 2015

Tragicomédia

Acordar antes de despertar,
correr ao invés de andar,
para chegar cedo
onde não se quer mais ir,
para ter a ilusão
de que o resto do tempo
poderá dedicar a si
sendo que isso não ocorrerá...
...pois não dá para comprar tempo,
ele voa com o vento...

...E ainda lhe pedem para sorrir,
mas numa vida assim, só resta chorar.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

Lembranças

Lembranças
são pequenas
esperanças

de querer
sentir e ver,
ouvir e ser

parte daquilo
que já foi-se
com o tempo,

desde júbilo
à afiada foice
do frio vento.

terça-feira, 8 de dezembro de 2015

Se despedir e prosseguir

Eu odeio despedidas!
Eu não quero sentir
uma saudade despida
que um dia há de vir,

e virá, nua, me seduzir
à agridoce melancolia,
que é saber do partir
de um amor, um dia.

Pois a falta é a sobra
do apego a me assolar,
que sempre vem e cobra,
não para de atormentar,

enquanto respiro o ar
que, rarefeito, acalma
todo esse grande pesar
que me afunda a alma.

Essa saudade é egoísta
pois só quem fica, sente,
no rol não mais se alista
quando é o fim da gente.

Não estou lhe vetando
tal triste sentimento,
só que, vez em quando,
penso, enquanto sinto:

"tudo tem seu momento,
e até o pesar
tem que passar..."

sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

À sua LINDA opinião

Sim, é muito triste
perder esperanças
no punho em riste
de gordas panças
de um povo cativo
do couro obsessivo

de um facínora
e seus cães
sem focinheiras.

Que me critique
pela minha posição
política, mas explique
a todos sua versão,
seu apoio com ardor,
a dar jovens a dor,

por um facínora
e seus cães
sem focinheiras,

que levantam tonfas
e atiram mais e mais bombas
fora das trincheiras urbanas,
em plena via pública.


Então faço o desafio:

Explique sem soar ridículo
ou fascista de outro século,
como apoia atitudes insanas
de uma guarda nada pudica.

Defenda o seu facínora favorito
e, na conversa, estará frito,
ao tentar argumentar
com todos e comigo.

terça-feira, 1 de dezembro de 2015

Espaço

Meu espaço
é só um espaço
onde faço,
refaço,
desfaço e,
num passo,
fuço
sem recurso
ou curso
os recônditos
que permeiam
e, aqui, ceiam
e ceifam
sentimentos
escondidos
dentro do ser
a se esquecer.

sexta-feira, 27 de novembro de 2015

Bagunceira

Como bagunça
minhas coisas,
a cama, a mesa
a casa e a vida
deste que afunda
numa arrumação
sem fim e nunca
consegue arrumar
sua bagunça
que está a habitar,
toda furdunça,
no meu coração.

Pelo amor,
me ajude!

Sob o signo Capricórnio

Há quem diga que é pura melancolia
e o materialismo o persegue
junto com a desconfiança e o desafio
que, por mais que os negue,
os sente, como se vive no afiado fio
dessa sua navalha emocional
onde queria apenas paz todos os dias,
mas só encontra inferno astral.

Eu diria que é apenas vertigem,
diária, eterna.
Se não houver um escapismo
fica maluco, à margem
da fantasia externa,
vivendo a realidade crua, sem sofismo.

Analisando o fator confiança,
que mais parece valor financeiro:
se perde, junto se esvai a esperança,
pois vai direto para o negativo,
com juros e correção; é assertivo,
pontual e frio quando lhe pedem
que essa mesma lhe conquistem
novamente, ainda mais por inteiro.

E capricorniano tem pé no chão,
não importa se tropica
atravessando qualquer trópico,
pois seus devaneios nunca serão
maiores que vida física
e o seu pensamento lógico.

E consegue ser muito chato,
que mal confia em si mesmo,
quer ajudar todos, mas a esmo
ajuda a si, e se dá no fato:
quer independência,
mas pena em sua existência.

Ser de capricórnio é uma sina.

terça-feira, 24 de novembro de 2015

Livro de Memórias

Viajar ao passado
pela sua memória
é ver sua história
num livro surrado,
onde capa é pele
e o conteúdo lido
é por ti absorvido,
qual filme revele
a emoção sentida
a cada coisa vista
e no índice a lista
só será acrescida
de novos capítulos
sobre seus amores,
sobre suas dores,
todos com títulos.

sexta-feira, 23 de outubro de 2015

terça-feira, 20 de outubro de 2015

O povo anda bem mal

Me abstive de opinar, apenas para assistir
e nada disso tudo que vi me deixou feliz,
pois ninguém quer observar o mundo ruir
diante de seus olhos, debaixo do seu nariz:

É haitiano assassinado em Santa Catarina...
Salário de mulher ser abaixo do homem
é justificado por um certo colunista...
Há pessoas defendendo fascista também...
Pessoas querem mais carros e poluição
e acham ruim respirar ar puro e pedalar...
Tem gente que quer os jovens na prisão
e não quer dar chance a eles, só azar.
Igrejas enriquecendo em nome de Jesus
sendo que este não ligava para dinheiro.
Jornais manipulando opinião como pus
de uma fístula na cabeça do hospedeiro...
Falsos artistas querendo só mais fama
sem sequer promover uma mudança...
Pior, falso representante que só inflama
a opinião pública para sua constância...
Ficar sem água cercado por grandes rios
enquanto alguém lucra nesse deserto...
Agora sem escolas, não se pode dar pio,
pois tenha certeza, irá apanhar, decerto.
2015 e ainda temos preconceito racial,
sexual e social num mundo pluralizado...
E os senhores desse lamaçal imoral
ainda tornam o cenário mais polarizado...
Perdemos amigos para essa ignorância,
pois eles se deixam levar por discursos...
Pensar, que sempre foi a nossa essência,
se tornou uma antiga arte em desuso...
De repente todos são "experts" em política
mas não se envolvem na atividade...
Essa deficiência não é só mental e física,
mas sim um problema de identidade...

Se eu continuar a listar, vou varar o mês
sem parar de escrever coisas horríveis.
Pensem e melhorem o mundo de vocês,
por favor, não tenham mentes perecíveis.

segunda-feira, 19 de outubro de 2015

Soneto do Dia Cinza

Veja, o dia nublado
nunca estará nu,
mas sim vestido
de um clima de cu.

Se não fosse a blusa,
estaria tremendo
como quem usa
um qualquer veneno.

Então que chova
muito, uma sova
d'água na cidade,

para clarear o dia
que, sim, deveria
brilhar sem alarde.

sexta-feira, 16 de outubro de 2015

Mar Errante

Como um marinheiro
atravessei tempestade
e no fim dessa viagem,
cheguei, aportei inteiro

e sei que um pescador
faria o mesmo da vida
nessa calma tempestiva
onde se sente um calor

de dança, batida
do coração, pulsante
sensação do sangue

nas veias e feridas
de uma canção triste
das ondas neste instante.

quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Professora

De todos os professores
que tive ao longo da vida
sempre recebi amores
pela matéria aprendida,
mas nunca me passou
alguém que ensinasse
algo como o que ficou
depois que te conheci,

portanto, nesse seu dia,
tenho que lhe agradecer
por me mostrar uma via
onde estou a aprender
que não tem fim a lição
do amor e o aprendizado
é no dia a dia da relação
onde se faz sentir amado.

Você é a doce professora
que me ensina a disciplina
que é te amar a toda hora,
sem posse nem adrenalina,
mas com toda a paciência
necessária aos amantes
para adquirir a sapiência
do amor sempre infante.

Te amar é a maior lição que aprendi.

terça-feira, 13 de outubro de 2015

Andamento

Rodando, esses ponteiros
indicam, dizem, horários,
mas tem horas que minutos
parecem dias e horas,
apenas segundos.

Essa noção de tempo
que perdemos constantemente
faz crer que a vida é música,

moldando o tempo vigente
enquanto acontece na mente,
no corpo, no mundo...

...carregada de emoções,
como diversas canções.

E você vai sentir a música passar,
mas o tempo, só se atenção prestar.

Melancolia

Assumo, sou viciado.
Esse meu vício, fardo,
que aprendi a admirar
e um dia passei gostar...

Ataca quase todo dia,
essa louca melancolia
que me tira e me dá
me inspira e se vai...

Pior boa companheira
que alguém queira
pois até no fundo da tristeza
ela te mostra profunda beleza.

Escrevo bem
estando mal.
Mal escrevo
estando bem.

Por isso me lanço em via
direta para a melancolia.

Memória deserta

Te deixei lá na memória
onde a vida virou história
e no sertão do pensamento
a seca matou sentimento,

matou muita vida ainda,
deixou a lembrança cinza
quando era filme à cores,
quando por ti tive amores.

Hoje em dia devo admitir
que para poder prosseguir
tive que te deixar ir,

e onde eu devia caminhar
me perdi, náufrago no mar
no ar, em qualquer lugar.


quinta-feira, 8 de outubro de 2015

Haikai contra o Drácula do Tucanistão

Eu poderia sim chorar, mas quero é lutar contra o Alckmin.

Falta Algo

Queria voltar a escrever como estava fazendo,
com freqüência de um aluno assíduo na aula,
como se escrever voltasse, ao meu contento,
ser o suor dos poros, a música de uma pauta.

...mas tem vezes que não consigo mais versar
e muito menos rimar coisa com coisa por aí,
então me vejo naufragado sem bóia no mar
e a mente, preocupada, para de viajar no ar...
E é essa hora, estupidamente essa hora que deixo de poetizar, volto a prosear; saio das belezas e volto ao cotidiano...

Para aqueles que pensam ser difícil, na verdade é fácil escrever poema...
...muito difícil, mesmo, é fazer num poema, uma verdadeira poesia.

Por exemplo, aqui misturei, poema e prosa, mas não fiz o sentido poético que devia.

terça-feira, 6 de outubro de 2015

Sina ou dádiva?

Não sei se é sorte
ou se é vil azar
o nascer se dar
de tantas mortes...
talvez seja sina
da vida universal,
por bem ou mal,
morrer pela vida.
Como uma flor
que desabrocha
e depois seca,
sem o amargor
do pensamento,
somos todos nós:
vive-se para, após
o breve momento,
dar a vida e sumir,
e vemos que vamos
morrer (que insano)
para a vida existir.

terça-feira, 29 de setembro de 2015

Clareando

Ao longo dessa jornada,
vi nuvem negra sumir,
vi nuvem negra voltar
e, como se fosse punir,
chorava água pelo ar,
deixando a alma lavada
no solo.

Mas, inevitável, clareou
o dia depois da chuva,
depois da noite escura,
acabou-se a visão turva,
e com a sua luz perfura
e penetra, como fecundou,
um solo.

Clareou a pequena vida
que, olhando lá atrás,
me parece tão gigante
mas ainda não satisfaz
os anseios d'um instante
em que tu és tão querida
à mim.

Clara luz de dia e noite
que sempre ilumina
todos ao seu redor,
é incrível como fascina
e faz o mundo melhor
e acaba com o açoite
em mim.

Um problema ocorrerá,
se eu não der um basta,
pois adoro fazer metáfora
com você e a luz vasta,
mas se não acabar por ora
esse poema aqui não terá
um fim...

Mas sua luz...
...É infinita.
É puro amor que reluz
sempre que vista.

Meia

Mesmo em décadas
de pura decadência
ao redor do mundo,

essa meia intrépida
década nos evidencia
algo que é profundo:

Que em cinco anos
parece que lhe conheço
há uma eternidade

e para onde vamos
não há trem expresso
ou simples verdade.

Há apenas o fato
de que me sinto menino
ao lado de você, menina.

E nenhuma foto
traduz o nosso destino,
que não é uma sina,

é apenas uma vontade
de estar em liberdade
ao lado da pessoa livre
que aqui dentro convive.

Vive porque quer viver.

É assim que quero te ver.

sexta-feira, 18 de setembro de 2015

♫ Voa LÁ no céu ♪

Passarinhos precisam voar,
faz parte de sua natureza
e não adianta engaiolar,
pois gaiola nunca é lar
e some com toda a beleza
que é ver um pássaro no ar,
voando na música a cantar.

segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Tempo Vão

6 horas passaram
desde o despertar
e nada de acabar
essa vida tão vã...

Irrigação

Ao acordar, te olho
e me arde cada olho
com o sal desse mar
que é ânsia de chorar

e irrigar toda a terra
para trazer uma era
nova sem essa dor
causada pelo amor.

Sem Bússola

Nunca me deram um manual
para saber o que é viver,
o que é sentir;
se há sentido no saber,
se há vida no amar
ou se há morte no amor.

A única referência é de dentro
e é lá que enfrento
meus pequenos dramas,
esses dilemas
que talvez, problemas,
me queimam como chama.

Roupa no Varal

Não consigo lhe dar duas vidas
pois não quero, nem tenho o poder.
Nem comigo aguento suas idas,
mas não quero lhe ver prometer,
após vindas de outro alguém,
se vingas um passado ou além...

Sim, podes ser quem queiras ser,
mas não além do que pode seu ser.

Eu só posso lhe garantir a liberdade,
sempre sua, mas me fica a saudade...

Então me causa um dilúvio
cada letra do temporal dúbio
que me atinge direto na face,
em meio ao amor, seu disfarce
me molha onde eu secava
da chuva que antes passava.

Me sinto pendurado num varal,
esperando que, talvez, me vista,

só que eu não cometi nada mal
para ter castigo de corte marcial.

Percebo que estamos separados
por algo que até tenha passado
por nós, na velocidade da luz,
e marcou, como o ouro reluz,
o que tínhamos como nossa vida
mas, sem cuidado ficou destruída.

Não sei se sumo ou me desfaço
como roupa rasgada ou velha,
só sei que seguindo nesse passo
evoluo, com uma dor pentelha
desses pregadores que sustentam
meu peso novamente molhado...

Apertos de orelha vermelham
e por mim, me olho, sou falado.

Esperando, agora fico, envelheço,
pendurado, no varal, por um apreço.

Já fui liso, belo limpo e passado;
hoje, roto, pano de chão, rasgado...

Será que me arrumo?

Assim como
te amar
tem sido
me torturar,
escrever
tem sido
me esquecer...

Quem sabe assim me aprumo...


sexta-feira, 11 de setembro de 2015

Noção (em) Temporal

Há agora,
com Whatsapp,
por aí afora
quem ache
que perde
1 e 1/2
minuto
quem escreve
um email...

...Refuto,
então, preocupado,
quando pergunto:

"O que seria
da poesia
sem esse punhado
de segundos?"

(és)gana

Me agradam as pessoas
um tanto ambiciosas,
mas quando isso é vício
se torna uma ganância,
acompanhada da arrogância
que até se destoa
da ambição, já ociosa,
e torna esse ocioso,
preso em círculo vicioso,
uma pessoa
belicosa...

...Desses quero certa distância.

quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Samba de aniversário

Eu lhe canto um samba
como quem tira a tampa
duma caixinha de música
para lhe contar a física
dos astros na roda anual
que completa alto astral.

Lhe canto um rebolado
sobre me ter a ti e falo,
e como falo, meto aqui
e não me calo, canto a ti:

Que samba é sacana
até em festa de aniversário,
quem não canta é otário
porque samba é pura chama
que aquece quem ama.

Assim dançamos bamba,
juntos um só que encampa
na pista grande do salão,
onde cada passo é arrastão,
da sua linda meia-calça
aos corpos nus nessa pauta.

Lhe danço um sapateado
de mestre-sala bailado,
movendo contigo quadris...
mexe, remexe, pelves viris.

Porque samba é sacana
até fora de horário,
quem dança no assoalho
sabe que sambar chama
para balançar quem se ama.

terça-feira, 1 de setembro de 2015

Desenraizado

Posso procurar
um lugar
lar

largar
tudo
e voar
no ar
nadar
no mar
e ainda
vinga
a sensação
de que farão
ofensas
tensas
sobre
de onde vim.

Fui desenraizado
não tive contato
com origem
só sobrou vertigem
e hoje
me vejo
à margem
marginal
mal
animal
racional
tal
qual
um ser universal.

segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Mesquinhez Cômica

A eterna
tragicomédia
humana
de reclamar
que esse Agosto
de merda
nunca acaba,
para lamentar,
a contragosto,
que Fevereiro
passa veloz
demais...
Insatisfeito,
por três dias
a menos...
Três dias
a mais...

sexta-feira, 28 de agosto de 2015

Pode se Mentir

Você pode se mentir
pode dizer, se repetir,
se isso lhe tranquiliza
mas não sue a camisa,

não precisa
me convencer
de que você
comigo
se importou,
o que foi dito,
"amigo",
não mudou
eu lhe repito:
não mudou.

Você pode se mentir,
mas não me minta,
não crie uma finta
para que eu possa cair.

Não minta para mim,
se for mentir, faça para si.

Solidões

1.
Sou um verso muito só.


2.
Num casal de eterna paixão,
cada um tem sua solidão...


3.
Um triângulo equilátero
com três lados etéreos
que se sentem solitários.


4.
Um quadro, numa quadra,
onde uma voz alta ladra,
berra em plenos pulmões
dramas de suas solidões.

SonoLENTO

"Dor de sono"
diz um camarada,
como quem brada
em uníssono
com a humanidade
a moderna maldade
do mundo atual,
de horas trabalhadas,
noites mal dormidas
sem prazer carnal.

Busca Pelo Silêncio

Me calei,
me isolei,
ouvidos tapei
e, ainda, respirei.
Ouvi o ruído
e, com a respiração,
cessei.
Fiquei imbuído
em minha pulsação...

Silêncio.
só no dia
em que morrerei.

Uma Praga

Lucidez é uma praga
que, quando lhe pega,
não deixa que desperte
do sonho em que vives;
qualquer mentira reverte
na realidade: um revés.

Nada Novo No Front

Nada de novo no front,
nada a ser dito de frente;
apenas sorvo, aos montes,
o chá que me vem quente
e penso vendo o horizonte...

E a paciência nos mente,
diz que a história conte
a mesma coisa sempre.

Eterno Lavador da Própria Alma

Pois é, lavar a alma
é um processo lento...
dolorosamente lento...

Quanto mais eu tento,
não fica ao meu contento...
Percebo o fim da calma.

Chega a ser engraçado
zelar, ter tanto cuidado
com algo que vai sujar
por conta de algo ímpar.

Responsável? Será?
Pelo que cativas?
Bom, sempre pensei
que assim era a lei:
Aos outros não faças
o que a ti não gostas.

Mas outros fazem comigo
o que não gosto, e ligo
para isso, pois machuca
e ainda fode minha cuca.

E só sobra para mim,
lavar a alma, assim
que outros usam.

Aqueles que abusam
e me sujam por dentro,
deviam sentir o trabalho que enfrento...

...O trabalho eterno de lavar a própria alma...Sozinho.

Morri mais um pouco em mim

Eu me vejo
também me esqueço
mas quando entendo
sei que dói
dói como se fosse um inferno
dói como se mais um pedaço da minha alma fosse arrancado
como se a inocência estivesse morrendo
como o que brota é pura loucura.
Tenho medo de voltar a ser isso
medo de não ter controle sobre minhas vontades
e fazer o que eu quiser comigo.
Pois se eu fizer tudo que eu quiser comigo
só olharei para meu umbigo
e como castigo
terei matado mais um pedaço
mais um pouco de mim.

Julgo meu umbigo, do 8º andar

Daqui de cima,
mesmo fechado
à vácuo,
ouço de fora
o desafinado
que cisma,
inócuo,
em cantar fora
do tom.

Depois de horas,
me irrito,
mas lembro
de meu grito
enquanto membro
de banda outrora.

Por favor, continue
Desafine, colega,
até altas horas...

Assim se aprende,
me entende?
Fazendo música,
sem ligar para acústica,
até a hora
de ir embora.

Crepúsculo capitalista, de um certo 8º andar

Ver o entardecer
atrás de um vidro
me faz esmorecer,
sequer eu vibro
sobre algo lindo
pois não vivencio
apenas aqui lido,
só, com tal vício
de ficar com saco
cheio do cotidiano
e com certo asco
comigo, humano
que não consegue
sair da monotonia
que me aflige
nesse dia-a-dia
de escritório,
contando no relógio
as malditas horas
até ir embora.

Diarréia

Tem hora que sai tanto poema
que me bate a certeza
de que em meio à beleza
tenho um sério problema.

Será que a torrente que invade
é por conta da alimentação
ou esse surtos meus serão
palavras soltas, cheias de vaidade?

Acharia que são epifanias,
mas não sei mais se é diarréia
de palavras ou muitas ideias,

que ao longo do dia-a-dia
martelam na minha mente,
com gritos tão insistentes.

quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Você Música

Escrever poemas para ti
perderia o sentido em si,
se não fosses tu a pessoa
que como música ressoa
no meu ouvido interior,
cantando notas de amor.

Depois da Aridez

Finalmente chove
aqui em São Paulo...
Acho que São Pedro,
enfim, se comove.

--
Saiba que nem religioso sou.

Facetas

Depois de 16 anos,
um amigo me disse,
que só falo sobre erva...
Engraçado, não sirvo
para falar do que faço?
Afinal, concordamos.

Me julgaram por motivos,
já me chamaram de cafajeste,
como se isso me resumisse,
mas sei que sou mais que isso,
e tal julgamento indigesto
não refletem a vida viva.

Sou multi-facetado,
faço de tudo um pouco
e não me prendo demais,
pois procuro o que me fez
me sentir fora da louca
vida e ser mais eu, ainda.

terça-feira, 25 de agosto de 2015

Perdição

Sim, já fui viciado
em muitas coisas
e nenhuma delas
foi mero agrado...

Vício por prazer
era meu problema,
um grande dilema
para quem me vê,

pois acha que sou
um cara satisfeito,
que não tem defeito;
mas não é que estou,

mesmo agora sóbrio,
um tanto perdido?
Em perdição lido
com o que é óbvio:

Meus vícios são
frutos de razão,
uma doce perdição
onde me tento
e me perco...

...Em pensamentos.

segunda-feira, 24 de agosto de 2015

Presente é Estar Presente

Ainda me interessam
futuro e passado,
mesmo que impeçam
que aqui eu "viva"
no atual presente.

É complicado dizer,
mas é um dado:
passado deve-se ler
para que a vida
no futuro, à frente

seja feita como algo
a evitar os erros,
que podem ter abrigo,
enquanto repetidos
ao receber o presente.

A história nos ensina
evitar o que passou
de ruim, pois é sina.
Futuro, para ser bom,
deve-se ser presente.

Deve-se tentar cuidar
para que, aqui, passe
incólume, como o ar,
e presente (relevasse),
ao invés de ausente,

Pois viver é um ato
deveras capcioso,
se você passar no fato,
não atento, mas ocioso...

quinta-feira, 20 de agosto de 2015

"Ecreveza"

Só assim eu sobrevivo
à morte dentro de mim.

Escrevendo, me sei vivo,
mas tiro pesos, enfim.

A memória do passado
me vem para aprender,

que o futuro traz medo,
mas não posso esquecer

que o presente é tudo
e nele vivem eu e você.

Se escrevo, é para viver
de forma mais leve.

Se vivo, é sem um poder,
pode a vida, que me leve.

Me Ajude a Te Ajudar

Quantas vezes terei que vê-lo maltratar quem lhe trata bem?
Quantas vezes terei que vê-lo no fim recorrer a esse alguém?
Quantas vezes tentarei ajudar para depois ser desprezado?
Quantas vezes já vi essa história, essa dor, esse gemido?

De repente emagrece mais do que o normal,
4 kilos em dois dias e tudo que fez não lhe serve mais.
E, resistente, insiste no mesmo erro banal,
por orgulho de que só você está correto nada mais.

Eu não sei mais o que fazer contigo,
quando converso, você desconversa.
Quando ajudo, você se desajuda.
Quando achamos novas soluções,
você se apega em suas convicções.

Me ajude também, me ajude a te ajudar,
porque em momento algum quero algo além disso.
Já te deixei seguir seus caminhos;
muitas vezes, você decidiu ir sozinho.

Pelo menos, dessa vez, me deixe ser seu companheiro,
estar do seu lado e te ajudar por inteiro.

8 ou 80

É triste,
querer o bem
de alguém
que despreza
a bondade.

Insiste
em crenças,
nas desavenças
e não preza
solidariedade.

Soneto com Agonia

Estou aprendendo a te deixar
mas é dose, foge a razão
e me sobra muita emoção
saber que tudo se vai com o ar.

Vejo outros sofrendo como eu,
enquanto você não liga
sequer se importa que eu diga
como nada aqui dentro se perdeu.

Como gostaria que fizesse
um esforcinho para se arriscar
e deixar de lado convicções

enraizadas. Ninguém merece
ser vítima de si, por se orgulhar
e desconsiderar novas opções.

Falta Sua

Se eu tiver
que te ver
partir,
sumir,
será ânsia
todo dia?

Nunca pensei
que talvez,
sim, viverei
algo que se desfez.

Não quero
te perder,
nem ver
o desespero
do adeus.

Sua companhia
fará falta
e sua falta
será companhia
a quem te ama:
será uma arma
no coração.

quarta-feira, 19 de agosto de 2015

terça-feira, 18 de agosto de 2015

Me Tragam...

Me mandem boas novas,
por favor,
daquelas que nos atingem
como sovas
de carinho
amor
e compreensão.
Que, sozinho, é foda
ver
a dor que brota
a cada manchete
desses almanaques
de araques
que só querem
impor sua visãozinha
egoísta,
brincando de mensageiros,
sendo maniqueístas.

Me tragam boas novas,
porque os jornaleiros eu mando às favas
e acredito em nada deles.
Quando me dizem notícias,
lhes digo "UMA OVA!"

segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Auto do meu Auto-Conhecer

E como posso buscar algo
a me completar, preencher,
sendo que não estou vazio?

Cheio não estou, fidalgo
não sou nem hei de ser,
não possuo esse desvario.

Se não tenho tais ambições,
mas ainda sinto emoções,
é porque a vida
está na medida.

Se não consigo sequer ver
que é assim, me entender
é uma grande sina,
uma eterna menina.

Terapia

Escrever poesia
é uma doce terapia
e uma amarga agonia
pois a folha tudo aceita,
rima pobre ou perfeita,
enquanto lavo a alma;
me acabo com a calma
e bato com a palma
diretamente na testa
ao lembrar que me resta
escrever para me absorver
e, talvez um dia, crescer.

M.E.D.O.

"Vou te contar um segredo: você já me viu."
Ela me redigiu, como se desejasse meu medo:

O medo do desconhecido;
o medo do calafrio;
aquele medo do desvario;
um medo, hoje, já desaparecido.

Me percebi um tanto incomodado...
E também fascinado com o atrevimento
Dessa pessoa incógnita em pensamento,
Observando cada poema, como eu suado...


...Em calafrio, com medo de me descobrirem...
Mas eu escrevo poemas, então meu medo,
é infundado.

Ninguém descobre o que já está escancarado.

Aquela Dúvida...

É...Já escrevi tanto poema
e vi que meus problemas
são, se esqueci, algo feito
ou se repeti, verso inteiro.

Escravo de si

Não quero mais ser escravo
das minhas vontades,
pois se todas elas satisfaço,
deixo de ser verdade
e me torno só uma mentira
que um dia se descobre,
e vê nessa descoberta tardia:
teve muito e ainda é pobre.

Furacão

Como vendaval
você me faz bem
mas me faz mal
também.

És um furacão
que bagunça
minha emoção
jagunça.

Nunca consegui
arrumar a zona
que ficou aqui
na lona.

Essa revolta
virou tufão,
reviravolta
de paixão.

Me espalhou
por aí sem dó,
o vento soprou
o pó.

E só eu cato,
sim, sozinho,
todos os cacos
do caminho;

os escombros
do que eu sou,
e me assombro
como me deixou,

como me deixei,
com tudo que ficou.

Nossas Escolhas

Eu queria salvar as pessoas
mas eu não posso podá-las
de suas próprias escolhas:
livres, devo deixá-las.

Mas as conseqüências...
...Essas são inevitáveis,
são imprevisíveis,
e fazem parte da experiência.

Meu Amor Num Segundo Mundo

Meu amor pelo mundo
some, por um segundo,
ao ver esse mundo
em coma profundo.

Um Dia Após O Outro...

Um dia após o outro se passa,
um dia que passou com reaças,
mas me lembro que as trapaças
deles, diferente disso, "¡No Pasarán!"

A Ressaca

Parece que foi brincadeira,
um carnaval fora de época,
onde uma caravana faceira
tinha pensamento de déspota.

De repente chegou a segunda,
que parece quarta de cinzas,
um monte de "cara-de-bunda"
no seu dia-a-dia, ranzinzas.

É... Adiantou porra nenhuma
sair na rua para se ridicularizar
numa festa à lá carnaval.

No dia seguinte você se arruma
para mais um dia ir trabalhar
e se perceber só mais um boçal.

domingo, 16 de agosto de 2015

Você Merece Um Choque

Você,
que tira foto com o Choque,
implora que lhe provoque
ao lembrar que, em menos
de uma semana,
policiais mascarados
mataram inocentes,
que não estavam armados,
de maneira fria e consciente.

Você que reclama de bandidos
tirando selfie com militares adidos,
atesta sua própria ignorância,
em todas as instâncias
desse mundo quase perdido.

Você é tão corrupto
quanto o inapto
de suas críticas vazias
em conteúdo, mas cheias
de hipocrisias.

Manifestação Boçal

Não me leve a mal,
mas enquanto 
o sangue for
vermelho
e o luto
tiver como cor
o preto,
seu "verde e amarelo"
é só fantasia de carnaval.

quinta-feira, 13 de agosto de 2015

Ciclo

Mais uma volta,
a corda se solta
e em círculos
voam os óculos
que enxergam,
mas exageram
o que você vê,
mas não é você.

Você completa
uma tal meta,
uma medida
que se valida
com "parabéns"
e, aqui também,
é um dia além,
todos sabem.

Mas você vive,
cumes e declives,
o que acho belo.
Num beijo selo
o meu desejo:
apenas o ensejo
de que sejas
o que almejas.

Amo-te
à morte,
à vida,
à qualquer ferida.
O açoite
é a sorte
que lida
com você vívida.

Mais um ciclo
se fecha...
A vida é um circo...
...que pecha.

Mas que pecha perfeita.
Você é de si, prefeita.

;***

Harmonia Universalis

A harmonia
é a regência
do universo
que, relativo,
tão intuitivo,
é seu avesso
de existência
e de regalia.

Tudo é um;
um é tudo.
Confundo,
sou algum.

Chuck Já Dizia

"...O filósofo; você sabe muito
sobre coisa alguma..."
...E complemento,
a todo momento:
que vivemos um coito
eterno até morte nenhuma.


Drama Filosófico

O grande drama da filosofia
é a certeza de que nada saberia
do passado, futuro ou presente,
em que a humana mente
busca um vazio preencher,
mas esse vazio é, apenas, você.

Curriculum Vitae

Pessoas cheias de certeza
me mostrando cada vez mais dúvidas...
Pessoas que, por destreza,
desviam de verdades tão dúbias...
Vê-los questionando
é algo muito engraçado
e quando estão afirmando,
se dividem em lados.
A curiosidade insatisfeita
e a vontade insaciada
são traços dessa perfeita
cria de laços retesada.

E o universo continua
seu movimento
e independe da sua
voz de lamento

Pesquise o micro
Pesquise o macro
Se deixar fico
se pedir faço

Mas ninguém observa
que tudo gira numa roda
que a vida é uma foda
e nada lhe reserva

Pode ir analisar
pode ir lá buscar
conhecimento
deus
sua vida
seu momento
então "adeus"

Se apegar à consciência
não é sinal de inteligência,
é só mais uma persistência
em teimar ser sua a existência

Mas a vida...
...Ahhhh...
...A vida nem liga para isso
nem liga para minhas rimas
nem liga se esse poema der sumiço
se tem pés ou cabeça
se tem ritmo ou leveza

A vida acontece,
e sim, ela te esquece
afinal, você perece
nem adianta fazer prece
pois isso, reza nenhuma
evita
isso é vida

Não é sua,
nem minha
se aceite mais um que gira
a roda da vida
e observe-a girar
e girar
e girar...

Viver, é observar.
Pensar é SÓ analisar...

Tem hora que você tem que calar
corpo e mente
para, finalmente,
a vida aproveitar,

pois ela, sendo fera,
te devora sem espera.

quarta-feira, 12 de agosto de 2015

sexta-feira, 7 de agosto de 2015

Síndrome de Estocolmo

Quanto mais liberdade tenho
mais preso quero estar
numa situação sem ar,
cujo fim derradeiro é ferrenho.

Sufocado por mim mesmo,
apegado ao sofrimento,
achando um contento
no que machuca a esmo,

quero me libertar do conforto
que, falso, me habitua
num estado de alma nua,
onde a dor, que deprime, exorto.

Sair disso só cabe a mim;
me entender, seguir
em frente e assistir,
então, do cárcere o fim.

Me libertar
é um desafio a enfrentar.

Que passe

Engraçado,
a razão diz "sim",
ao lado
da emoção
que grita "não".
Parece um bebê
que não quer crescer,
que grita e aperta
meu coração
perante a porta
aberta
que a razão,
crescida, deixou.

Dizem isso ser uma catarse:
largar da alma esse disfarce
e deixar que a vida passe;
jogar fora o miasma,
curar de vez a sua asma
e deixar a emoção pasma.

O choque é inevitável:
é como ver morrer
um querido ser
e seguir inabalável
na mente
enquanto
se sente
um tanto
ferido.
Seu sentimento
deve ser sentido
e a cura terá vindo
num futuro momento.

Amar você (uma carta)

Eu poderia lhe dizer muito mais, mas faltam palavras, pois não consigo traduzir em um grande livro ou num poema épico o que sinto por ti. Prefiro deixar meu coração falar em silêncio, num toque, num olhar, o amor que lhe dou.

Se uso minha voz, é para resumir um pouco isso.
Você me faz voar onde os outros apenas conseguem andar.
Você me faz viver num mundo onde outros apenas sobrevivem.
E só tenho que agradecer pelo amor recebido de ti.
É mútuo, sempre será.

Doce amada que me apareceu nesse movimento que chamamos de vida.
Não nos possuímos, apenas decidimos acompanhar um ao outro nessa. Isso sim é amor. Quero ser sempre o melhor companheiro que puder ser para ti. Isso me deixa muito feliz.

A vida não é minha, nem sua; a vida apenas acontece. É nesse acontecer que te acompanho. Acompanho porque quero, porque me importo, porque amo. Novamente, eu poderia lhe dizer tanta coisa, mas me faltam palavras, pois eu não consigo traduzir em texto ou poema o que sinto por ti. Prefiro deixar meu coração falar em silêncio, num toque, num olhar, o amor que lhe dou. Pois esse amor é tudo que sou. A única coisa que consigo escrever, abertamente ao público, é que te amo, de forma simples, sem ambição, sem possessão, sem idealização, sem conservas, com todas as metamorfoses do ser, pois espero que você seja você, sempre. Com você eu vivo...num mundo onde todos apenas sobrevivem.

Haikai sobre o fascista paulista

Fascista bundão,
Veja é o que tu bostejas...
...e Folha e Estadão...

quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Soneto de expurgo

Envelhecendo contigo
percebo quanto mal
fazemos, como casal,
quando no telefone ligo

para te dizer palavras
que lhe perdem sentido
e me falham ao ouvido
pois agora soam vazias

No silêncio do seu olhar
percebo que, ao te amar,
mato um pouco de mim,

pois numa vida ao redor
de alguém que me dá dor,
sei que chegou meu fim.


quinta-feira, 30 de julho de 2015

Passo a passo...

O pensamento passeia
como quem permeia
em cada passo,
no passeio,
uma tranquilidade
típica de um doce mar.

Nada contra ti

Às vezes,
de deus faço piadas,
mas não por maldade,
somente reciprocidade
por conta dessa vida
que lhe é engraçada.

quarta-feira, 29 de julho de 2015

Escravo Assalariado

Eu queria,
qualquer dia,
sair daqui
dessa monotonia
devassa
que me estupra,
aqui,
na cidade,
enquanto
me prostituo
na realidade
do santo
trabalhador,
cuja vida
é fogo fátuo
e sua ferida
cicatriza
lentamente,
com dor;
e o breve
momento
em que se realiza
é somente
o leve
fechamento
do corte
e, com sorte,
regozija
e, então
finalmente
pode trabalhar
para outros
e não
para si.

terça-feira, 28 de julho de 2015

Tchau metal

Deixei de acreditar
na violência sonora
que me soca com ar
uma música de fora
que é só agressiva,
só isso e nada mais.
Entendo o motivo,
mas não acredito
que gritar tal raiva
de algo adianta.
Afinal, na existência,
qualquer violência
tenta ser justificada
mas é sempre vaga.
Portanto não ouço,
nem tenho no bolso,
músicas para berrar,
para gritar e brigar.
Não acredito mais,
ficou tudo lá atrás.

À sociedade

Me desculpe sociedade,
mas não discuto,
na minha atual idade,
certos assuntos.

Minha opinião formada
ao longo dessa estada
é que não quero mais,
de ti, correr atrás.

Você não gosta de redução
nas grandes marginais
e eu nas maioridades penais
que você aceita de supetão.

Você reclama de ciclovia
e eu da sua grande hipocrisia
em valorizar seu "carrumbigo".
Portanto, assim, lhe digo:

Enquanto você pensa merda
e defeca pela fétida boca,
mantenho minha mente aberta
e sã, para você ficar louca.

Sociedade, me desculpe
pela sinceridade,
mas enquanto você fala, bocejo...
É... tem hora que você me dá nojo.

terça-feira, 14 de julho de 2015

Tempo Chuvoso

Depois de toda a tempestade,
vem uma estranha calmaria
que parece vida após a morte
onde um respira sem alarde
e o outro ainda se extasia,
passada uma tormenta forte.

Gostamos de morrer, meio que assim,
ofegantes num temporal sem fim,
que rega tudo que há de nascer
numa doce e perfumada primavera,
após a chuva de nosso suor ceder
ao esforço da vida uma nova aurora.

quarta-feira, 8 de julho de 2015

Teto preto

Essa manhã que parece noite
se escurece com a fria chuva
e a névoa, nesse atroz açoite;
a visão do horizonte se turva.

segunda-feira, 6 de julho de 2015

Algodão doce celeste

Olhei para o céu
e vi apenas o chão
feito de nuvens,
agora imaginem
estas, de algodão,
com sabor de mel.

quinta-feira, 2 de julho de 2015

E²(legia)(pifania)

Eu já quis morrer
e hoje quero viver...

Minha sede de morte
virou fome de vida
e então o meu norte
mudou-se de vila,
pois agora a agonia
não é mais torcer
para que uma fila
ande sem calmaria,
mas sim para viver
e aproveitar minutos
que não são infinitos.

Tchau, céu cinza

Toda vez que o céu
está nublado, todo cinza,
como vestido de véu,
um lado meu, ranzinza,
se desperta
e me aperta
o coração
com sua mão,
me fazendo lembrar
que embaixo da nuvem
ainda respiro o ar
e vivo;
é daí o sorriso que vêem.

terça-feira, 30 de junho de 2015

Papo de nuvens

E assim se viram,
enquanto respiram
teus aguaceiros
que inundam de ideias
e pensamentos:
a mente ociosa,
sentada jocosa
no banco da praça,
percebeu a chuva
apagando a chama
e se viu comparsa
da vizinha de banco,
num solavanco
saltaram dos assentos
e assentaram-se ao vento,
embaixo da árvore
que tem a copa gigante,
verificou no instante
se há algo que piore
a situação,
mas acharam
as ferramentas certas
para fazerem, espertas,
nuvens de fumaça,
num canto seco da praça,
enquanto a chuva não passa.

sábado, 27 de junho de 2015

Colorido

No dia em que o amor
for monocromático,
será aceito
em automático,
o pensamento
matemático
de que sentimentos
são binários,

mas isso me assusta
pois nessa busca
pelo que nos é necessário,
sei que amo muitas cores,
amigos, parentes e genitores,
e não penso em sexo
ao lembrar deles...

Se sexo e amor fossem
um só, como outros pregam,
por que eles não estão
transando entre si?
Por que não estão numa suruba?

Palavras que medem sentimento
nada sentem, são só palavras.
Amor está no ato de amar,
e o amor sempre será colorido,
transgressor
e transformador.

Quando tudo estiver colorido
e, por aqui, não houver doloridos
talvez o amor esteja conosco.

Mas sei que ele sempre esteve comigo.

--
Muito amor, para todos.
A vitória vem, passo-a-passo,
em busca do amor,
que já chegou num beijo e num abraço.
<3 p="">

sábado, 13 de junho de 2015

sexta-feira, 12 de junho de 2015

Memento Mori do dia

Estava andando
e divagando
quando
percebi que viver
é um ato suicida
e, às vezes,
até masoquista,
pois a morte
pode acontecer
lentamente,
disfarçada de "vida".

Paz e amor

Me traga paz
e também amor;
ódio ou dor
não quero mais.

Paz e amor são
sempre um só,
se desatar o nó,
ambos sumirão.

Ambos precisam
um do outro;
sem confronto
eles se realizam.

Se um estiver
no outro ausente,
o que se sente
paz e amor não é.

Paz é amor
e amor é paz.

Qualquer dia nos serve

Já nos disseram
que não somos românticos...
Mas, após tantos anos,
sabemos que amor não é físico,
aos outros isso parece racional,
mas é puramente sentimental.
Então não precisamos de arroubos
em uma data comercial
que se mostra sempre banal
e é apenas, no romance, um roubo
que estimula o corpo a fazer sexo
como se isso tivesse algum nexo
com o ato de amar.

O amor que sinto por ti
está além de tudo que vi
nessa vida.
Não o vejo, apenas sinto
e, chorando ou rindo,
sei que o amor mais lindo
não é físico,
mas sim algo que salva
a vida da banalidade,
algo que traz realidade,
algo muito além da matéria.

Não importa o dia,
o amor é nossa alma.

terça-feira, 9 de junho de 2015

segunda-feira, 8 de junho de 2015

Pergunta poética

Meu tempo
é curto
e voa
com o vento.

Abro asas,
num surto
que ecoa
uma pergunta:

"Seria minha mente alada
como um pégaso mítico
ou serei eu, num ser físico,
uma persona imaginada?"

sexta-feira, 29 de maio de 2015

(Quase 60 anos de) Amor selado numa agulha

A carta me rasgou,
irrompeu cada pingo
de lágrima que chorei,
pensei que parou
meu coração: é lindo
e triste o ato que admirei.

O amor de vocês, eterno,
me matou um pouco mais
vocês passaram pelo inferno
sem se abalarem, jamais.
E com a morte, essa injeção
letal de realidade dura,
puderam deixar juntos e sãos
essa vida de loucuras.

Se há vida após a morte,
não importa pois, com sorte,
ainda vivem na história,
não serão apagados da memória.
Se suicídio é condenável,
não serei eu o acusador,
pois este ato mútuo, (diriam) "execrável",
a mim é obra de mais puro amor.

--
Homenagem a Gerhart Hirsche e Doreen Keir, conhecidos mundialmente como André e Dorine Gorz.
"Carta a D." é um dos livros mais lindos que li sobre amor.

Planet Hemp já questionava...

Atualmente...

...tem "MC" pra lá,
"MC" pra cá
mas não vejo,
repito,
NÃO VEJO
sequer um deles,
de fato,
revolucionar.

A fórmula
se repete
e a bula
de muitos destes
é quase nula.

MC de verdade,
sem aspas,
não faz vaidade,
nas feridas
enfia o dedo,
sem medo,
e expõe a realidade.

Mal de Nin(fa)

Ao contrário de muitos males e doenças,
Parkinson, Lou Gehrig, Alzheimer,
o mal de Nin vem de nascença
nos acompanhando durante todo o viver.

Anaïs dizia que era uma febre,
mas a ninfa esquece que é tesão
sua verdadeira doença, seu vício,
e atinge todas as camadas sociais
do rico ao assalariado, até a plebe;
sabe que é tal estímulo, tensão,
que nos leva ao fundo do precipício
do que seguimos como regras morais.

Essa doença é a mais normal,
nem sei se podemos chamá-la de "mal"
ao mesmo passo que nos faz felizes
enquanto a moral fica com cicatrizes
de algo que nos foi ensinado;
posse não é natural, é só medo.

Se sentir atração, se envolver,
se deixar levar é considerado ruim
então nossos animais estão doentes
e nem por isso fazemos sacrifícios,
nem por isso estamos aos suplícios,
rogando por perdão, evitando o fim
da prisão que não deixa contente
nem deixa triste a maioria a correr
de um lado para o outro sem pensar
se vivemos mesmo.
Pessoas devem se perguntar
se não é apenas tesão, a esmo.

Então batizo o tesão como "Mal de Nin"
e tenho plena convicção que, enfim,
o tesão existe e persiste sem amor
e, se não houver cuidado, pode causar dor,
pois já passamos séculos, milênios a fio,
e ainda estamos a aprender segurar o cio.

E é difícil, pois é um mal que nos faz tão bem...
...é o mal que um dia nos fez "alguém".

terça-feira, 26 de maio de 2015

Lied do Compositor

O canto triste da ave
faz vibrarem luzes,
ar, tímpanos e peles.
Os cílios, num enxágue,
respingam emoção
e fecham as bocas dos olhos,
calando sua visão
e deixando à audição
o vislumbre dos textos
molhados de poesia
e vestidos de canção
entoada pelos ventos
que empurram a embarcação.
Não há sequer maresia
que afete o canto alado;
quem compôs é santo
em música
e, no amor, amaldiçoado.

Como na tristeza
pode haver beleza
e tanta calmaria?
Talvez só o compositor
lhe responderia...

segunda-feira, 11 de maio de 2015

P(r)o(bl)ema

Escrever poesia é um problema
um tanto matemático
onde é citado um dilema
em pés de um verso métrico

pensado para conduzir
a leitura com rítmica;
é como se estivesse a ouvir
a letra de uma música

que nesse caso é um soneto
com oito pés, cheio de espetos
que vou aparando com meta:

chegar na tal chave-de-ouro
que do poema é o tal tesouro
buscado por qualquer poeta.

Herói?

Um amigo relatou
que já desejou
ser Jesus,
e me perguntou
se tive heróis...
Alguns, supus,
mas, logo depois,
pensei alto
e ele escutou:

"Eu só queria
fazer barulho
todo dia.
Herói? O caralho!
Quero alegria,
para o mundo
do topo ao fundo,
do baralho;
e o fim da amusia."

Pirofagia

O fogo dança
e me chama
para ficar perto,
para sentir calor
tão enlouquecedor;
então desperto
de seu transe,
de seu enlace,
dessa piromania
doce que afaga
com mão larga
numa tarde fria,
e me enfeitiça;
e me faz caça.
Que agonia!
Nessa fogueira
sinto sua maneira
de fazer pirofagia.

sexta-feira, 8 de maio de 2015

"AL-AU!" do Luka

Afinal,
qual mal
é mau?

--
Para Luka, o cachorro filosófico do Cao. ;)
http://cao-piratamental.blogspot.com.br/

Sobre Ausência

Questionemos isso...

Seria eu um cara omisso
por causa de um sumiço?

Não falto em compromisso,
mas há quem me acuse disso.

Para você que pensa nisso,
não dou banana, mas chouriço.

Faltas são furos em queijo suíço.

terça-feira, 5 de maio de 2015

Suposto desejo de Ícaro

Queria ser alado

           ALTO
         //
e voar


para depois

d
  e
    s
      c
        e
           r
             .
               .
                 .
                 c
                 a
                 i
                 r
                 .
                 .
                 .
     |Mas|
   \abrindo/
--essas asas-- 

para p
           o
                 u
                        s
                                 a
                                            r
                                                         s . u . a . v . e . m . e . n . t . e
em _terra_firme_

ou nas

   n             d              r     
o ~ d ~ s ~ ~ o ~ ~ a ~ . ~  . ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~
         a                m          .


--
Ernesto Gennari Neto

Somente

Só mente:
somente
som e ente,
só à mente.

Sou mente.

sexta-feira, 24 de abril de 2015

Sexoesia

Me encanta o corpo feminino
e me encanta o corpo masculino.

Quando ambos se encaixam,
se movem como um mecanismo
que gera calor e nos deixam
um tanto cheios de um cinismo...

...Que na verdade é inveja.
E você sabe que é, pois veja:

Você está lendo esse poema,
mas pensa que queria, mesmo,
é estar num grande problema
mecânico, assim, até o orgasmo.

...E funciona para pares iguais:
afinal todos querem felizes finais.

Instinto livre

Meus seios arfam
quando o ouço
recitar palavras...
como elas tomam
a água do poço
e das lavras
de meu corpo.

Ouvir, umedece
meus lábios,
treme os dedos
e algo acontece,
nem os sábios
sabem dos medos
do meu corpo.

Então a vejo ali,
também arfando,
ouvindo, salivando;
enquanto ouço aqui,
fico pensando:
me ter com ambos
seria demais?

Ele e ela e eu.
Seria algo ruim
fazer uso da vida
que alguém me deu,
para qualquer fim?
Essa vida vívida...
Não, jamais!

E se mais um vier?
Oras, livre é o amor
que é feito com ardor.

Que eu, ali, os tenha
e que a vida prenha
faça de si o que quiser.

terça-feira, 21 de abril de 2015

Para tentar ser imortal

Sim, queremos ser imortais,
mas todos temos prazo de validade
e passamos nossas vidas banais
satisfazendo nossas ditas necessidades

sem saber se vivemos para trabalhar
ou se trabalhamos para viver.
O tempo passa e vemos se perder
o aroma das plantas a desfolhar.

Vivemos a obsolescência programada:
num segundo vamos do tudo ao nada.
Este grande ciclo é só reciclagem
onde a natureza sente nossa passagem.

Para se imortalizar, o homem precisa
se fazer parte (não acima) da natureza
e entender que propagá-la ao perecer
é dar vida e viver num outro ser.

Talvez, só assim seremos imortais.

sexta-feira, 17 de abril de 2015

Água Salgada

Essa coisa de pele dos amantes
é quente e molha, a todo instante,

de suor a roupa, como a chuva
que encharca do sapato às luvas,

da touca às meias, é um dilúvio
que causa um estranho repúdio

à outrem. Acho que é só inveja,
pois todos querem sentir a peleja,

o choque das ondas, água salgada
no mergulho d'um corpo que nada.

segunda-feira, 13 de abril de 2015

Adeus Vagamundo

As veias ainda sangram,
jorram;
ver
da
desumana
decisão
ter
na
profana
vida
uma sina,
lida
e ensina.

Abertas, ainda sangram.

quinta-feira, 9 de abril de 2015

Notícia ruim em 1º lugar

As péssimas notícias
me trocam as delícias
por fel e penúrias.

Difícil não sentir fúria
enquanto leio jornais
nos infernos matinais.

quarta-feira, 8 de abril de 2015

Atirem!

"Atirem!"

Disse o comandante do pelotão
que sequer mostrou hesitação
ao pressionar o gatilho.

Atingiu, do solo, o filho,
com ideias de força,
coragem, e pátria.

Uma ideia, uma forca,
e pastagem ao pária.

"Atirem!"

Disse novamente o chefão,
sem ligar para onde vão
os atingidos,
mortos ou vivos.

Atirem-me num precipício
pois, nesse mundo hospício,
o significado de "sofrer"
virou sinônimo de "viver".

"Me atirem!"

quinta-feira, 2 de abril de 2015

POI3SIS V1TA

Sei que seria, sim, poesia:
(I) ato de sexo que nos cria
(II) fama da heroica fantasia
(III) gerar virtuosa sabedoria

É o desejo de ser imortal
que fazemos de razão poética,
e a poiesis da vida trivial
é o que temos como métrica.

segunda-feira, 30 de março de 2015

Filhos da Lua

Te vejo vestida de nuvem
mas quando bate o vento
sua saia levanta
e te vejo lua
cheia e nua.

Voa(!)
essa nuvem de fuligem;
você ilumina o céu
e eu invento
que caia, me espanta,
num sopro, o ar
no mar a me sufocar
deitado na praia.

Meu pensamento
que voa desconexo
e me deixa perplexo
se modifica enfim:

o seu rebento
é o dia ensolarado
num coração apertado
de sangue carmim.

sexta-feira, 27 de março de 2015

Chagas no Chão

Quem reclama de ciclovia
talvez não tenha, um dia,
passado por risco na via.
Então, forço-lhe afasia:

Já fui derrubado,
já me tiraram fina,
já fui até jogado...
Já chega dessa sina!

Então quando for reclamar
da tinta vermelha, não se zangue,
faça um esforço em pensar
na cor de seu próprio sangue.

Ali, estirada, poderia ser sua paixão...
Não é "só uma indumentária";
a ciclovia, sim, se faz necessária
para não haver mais chagas no chão.

quinta-feira, 26 de março de 2015

Contradição Sádica - "hexaikai"

O mundo plástico
que devora sua rede
nos é sádico,

mas é o básico
sistema que nos mente
e nos é mágico.

Fazendo troça,
rindo e até nos ferindo,
nos dando coça,

enquanto rimos
nas ruínas, que nos são ruins,
feitas por sismos.

Felizes somos
por não termos a paixão
pela qual matamos.

Triste estamos
por sequer vermos porque
tal vida vivemos.

terça-feira, 24 de março de 2015

Sentir poesia

Pois é,
poesia
é uma coisa
engraçada,
poucos dão
atenção,
mas são
esses poucos
que sentem
algo,
enquanto
a maioria
nem faz
ideia
do bem
que faz
uma poesia.

Harmonia Funcional

De um maestro aprendi
que "a desigualdade nos une
ao mesmo passo
que a igualdade nos separa",
e daí, então, entendi
que a maldade é um perfume
no mesmo laço
que a bondade nos enforca.

Um não vive sem o outro,
pois a maldade de viver
nos é um fato tão neutro
quanto a bondade de morrer.

sexta-feira, 20 de março de 2015

A beleza da natureza...

...é, que quando chove,
goteja vida no solo
fértil, que ovula sobre
placas de pedra.

A areia logo absorve
a água em seu colo
e o dito adubo podre
dá vida à ajedra.

O vento sopra semente,
pólen e vida na terra,
e faz florescer o mundo.

Raízes, impunemente,
crescem, entre forras,
chão limpo ou imundo.

quarta-feira, 18 de março de 2015

Tão normal que assuta

Tudo ainda me parece um tanto igual,
mesmo sendo um bocado diferente:
os mesmos dramas;
os mesmos sonhos;
essa verde grama;
no céu o sol risonho...
...uma epifania dos olhos à mente
me mostra essa vida tão (a)normal.

terça-feira, 17 de março de 2015

Andorinharquia

Não levanto bandeira,
pois nenhuma bandeira é minha
e, de qualquer maneira,
bandeira não tremula sozinha.

Já ouvi na rua e feiras
que verão não é uma andorinha
sozinha no céu, pioneira,
mas esta é, de si mesma, rainha.

sexta-feira, 13 de março de 2015

Queda e ascensão crônica

Hoje, logo cedo,
correndo
antes do ônibus
me deixar,

levei um tropeço,
caindo
direto no chão
a me esperar,

mas num momento
fui ágil,
me amorteci,
de pernas para o ar.

É que de tantas
quedas
na vida(,) aprendi
a cair sem me machucar

e, sem um arranhão,
me pus
em pé para logo
ao ônibus adentrar

E a vida continuou...
Reclamar
é fácil, difícil é,
sem dar um pio,

cair e se levantar.

sexta-feira, 6 de março de 2015

C(h)u(r)va

Estranha é a curva
que o vento força leve
à queda da chuva.

Questões sobre religiões

Se deus é onipresente,
onisciente e onipotente,
por que nos faz tão
dementes?

Se a falta de deus
satisfaz o ateu
por que ele se mete
no que não é seu?

Se um deus não basta
o pagão ri e atesta
que os outros erram,
mas ainda se arrasta.


Acho muito engraçado o ateu
que critica quem crê em deus
e vice-e-versa...

não sei quem é mais religioso.

Se eu acredito em algo ou não,
não é da conta de ateu, pagão ou cristão,
já não basta vivermos juntos?
Tenho que compartilhar tudo,
o amor, o pensar, tudo em conjunto?

Oras!

Se sua religião, ateu, cristão ou pagão,
não te completa o suficiente,
não é me criticando ou convertendo
que você vai resolver seu problema.

Siga o que acredita, mas desista,
eu não quero te seguir,
já basta conviver comigo todo dia,
não preciso ficar a me mentir,

sei que não ligo para religiões
e que o tempo não me espera,
todos vocês me dão sermões
mas a vida passa como uma fera:

Rápida, selvagem e impiedosa,
como o tempo.

quinta-feira, 5 de março de 2015

Cotidiano das pernas

Pernas correndo, em passos largos,
seus destinos corridos e amargos
de chegar num certo lugar e pensar
se é lá que realmente precisa estar...

quarta-feira, 4 de março de 2015

Jornais banais

O que seria dos jornais
se não tivessem animais
que compram verdades
ditas com tanto alarde?

As verdadeiras opiniões
polarizam nossas ações
e esquecemos dos fatos
por um punhado de fotos

que manipulam o pensar
pela imagem, ao retratar
e deixar fora de contexto
até discurso de protesto.

Resta-me saber se ética
agora depende da ótica
e se o molde nos serve
enquanto o mundo ferve.

terça-feira, 3 de março de 2015

Chorar sem rir

Motivos para sorrir nos faltam
enquanto para chorar sobram:
-intolerância religiosa;
-ignorância copiosa;
-guerras e matanças;
-esporte com desavenças;
-fome mundial;
-morte animal;
-alienação diária;
-piadas nada hilárias;
-sexismo manipulado;
-racismo ignorado;
-natureza estuprada;
-nossa vida desregrada;
-consumo excessivo;
-pacifismo é subversivo;
-ninguém quer plantar;
-todos querem colher;
-ver o fútil prosperar;
-não tem água para beber;
-pobreza de espírito;
-riqueza escravista;
-parcela elitista;
-o pobre esquecido;
-saber-se só um grão;
-um mundo sem perdão;
-etc...

E ainda me dizem que devo agradecer,
por ter emprego, dinheiro, comida na mesa,
lugar para morar...

Sempre me lembro disso tudo,
e muito mais, e pergunto:

"COMO?"

segunda-feira, 2 de março de 2015

Frágeis Para Sempre

Me reconhecer fraco
é ver-me, num abraço,
ocupar um espaço
e saber que, de fato,
é ali que pertenço.

Poderão me criticar,
mas quando soltas,
tais palavras no ar
ficam sem escoltas
do vento a soprar.

É assim que somos frágeis,
como frases numa ventania
se desmontando à revelia
da força que nos faz amáveis.

Frágeis seremos ao que é real,
pois nada aqui se conserva,
tudo muda e, se não observa,
sentirá dor até no que é natural.

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Luz no inverno

Um lugar ao sol, no frio,
é ainda um lugar ao sol;
onde cada raio é um fio
que ilumina o dia em prol
de encher, à luz, um vazio.

terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Ciclo infinito da vida

Ao mergulhar minha cabeça
na nascente do rio da vida,
sinto a água, um tanto fria,
fazer com que ideias esqueça.

Tudo parece um tanto animal
quando sorvo desse líquido
misturado à terra, mas límpido,
então sinto o instinto irracional

ao qual todo humano retorna:
este seu estado mais natural
em meio à tanta beleza.

Este é o ciclo da vida eterna:
é nascer e morrer; é trivial.
Assim funciona a natureza.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

À la Ivan Ilitch

No mundo moderno
todo ser é feio
e se sente meio
morto, meio eterno,

mas o choque real
de que é um animal
em auto detenção,
sem tomar uma ação

para deixar o vazio
de um viver tão frio
e banal, é uma doença

fatal que o atinge,
e não mais se finge,
apenas se reforça.

Aprendizado

Nunca o silêncio
foi, em essência,
o que me agradou,

mas quando penso
nas experiências
do que me passou

me sobra o bom senso
que me repensa
o que me silenciou,

pois este silêncio
vem da vivência
do que me ensinou:

"a quem mais ouve,
menos dor houve"
então me calou.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

(A)Travesso

Eu não sinto o movimento do universo
mas ele se move dentro de mim.

Sinto ligar algo que se move, enfim,
e num afã de progresso, vivo o reverso.

Seria uma reposta ou um processo inverso?

Um, não outro

Eu gostaria de dizer que a emoção
é uma putaria que de ti toma ação,
mas esta seria só uma perturbação,
senão haveria muito mais paixão.

Gente que se mente

Saber ser é diferente
pois ser é inerente,
do rico ao indigente,
só ver é ser...

...Indiferente.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

Flauta Faceira (haiku trio)

Rouca madeira
mostra-se tanto destra,
louca e faceira

na quente feira
antiga; entre suas amigas,
faz brincadeira:

Frullato, sopra
fundo e vibra profundo
quem ouve a obra.

Numa nuvem de sonho

Daqui do alto
sinto o vento no rosto
enquanto vejo o horizonte;
por um momento, com gosto,
o barulho de baixo
o sopro de ar esconde.

Sinto o sabor da paz
no silêncio que o ar traz;
sento numa nuvem
de sonho,
e, me aconchegando,
a ouço dizer

que "o mundo é estranho
a tudo que é sereno,
de fronte ao azul
celeste, de norte a sul,
o infinito parece pequeno..."

...e o devaneio
se vai com o vento,
mas estou calmo.
O sonho que veio
se foi com o tempo.

Mas marcou a alma,
daqui do alto
à sete palmos

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

Poetizar...

Para poetizar
não é necessário
rimar,
nem o contrário,
mas é na rima
que, azul, céu
vira mar acima
e, num tropel,
inunda a mente
de quem sente
a alegria
de escrever
e se entreter
na poesia.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Soneto de condenação

Se tem inferno abaixo
é para lá que todos irão
porque se a humanidade
tentar salvar sua dignidade

cometerá um ato baixo,
pois sua compensação
de equilíbrio é uma farsa,
e no egoísmo se dispersa.

E assim assistiremos
um espetáculo tão vil
quanto a agressão fabril

enquanto esquecemos
que tal horrível ardil,
cego, nada de alma viu.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Nuvens pesadas

As nuvens correm
como se tragadas
por correntezas...

...mas tão carregadas,
com estranha leveza,
no céu se movem.

Cotidiano humano atual

Acordar cedo,
sempre com medo
de perder o conforto,
não é viver, é fingir
ser vivo quando morto.

Você corre trabalhar
para produzir inutilidades
que vendem facilidades
enquanto criam dificuldades,
até quando vai agüentar?

E o dia vira mês,
mês se torna ano,
e sua esperada vez
ficou debaixo do pano

para alimentar a ilusão
de que a vida é isso:
só mais uma escravidão...
...e se finge um sorriso.

--

Distorci a forma do soneto. Foi proposital.

terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Fúrias

Férias são piadas de mal gosto,
poderia dizer justo o oposto
mas não consigo por desgosto,
pois mentindo para si está exposto
ao julgamento auto imposto
ao ver, no espelho, seu rosto
com cara de que saiu do esgoto
no primeiro dia depois do mosto.

terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Feria

Estava me dando férias
e misérias produzia,
o liso papel feria
sem contento,
sem alegria;
eu ensejaria
um fermento
para a alvenaria,
seu cimento: poesia,
massa corrida em artérias.