Poderia num flamular
de um carmesim
dizer que somos os
rios das mesmas águas
vermelhas,
no entanto
flamulo o negro
do enraivecido,
do luto,
do destino de quem luta
rumo ao desconhecido.Poderia num flamular
de um carmesim
dizer que somos os
rios das mesmas águas
vermelhas,
no entanto
flamulo o negro
do enraivecido,
do luto,
do destino de quem luta
rumo ao desconhecido.O caldo rubro
a correr nas veias,
também escorre pelas vielas.
É uma questão geográfica:
em toda localização
há o caldo grosso
que seca e tinge o chão,
o lençol, a calcinha,
a camisa, a areia.
Por este caldo há quem queira
preservar a história de um povo
e sua raça, sofrimentos e glórias,
por meio de inglórias
decisões, tal derramar
o sangue de outrem
sem sequer perceber
que é o mesmo líquido
denso e rubro
que o seu.
Abaixo do cinturão do equador
tudo é considerado impuro,
desconsiderado ao diurno
por noturno ser ao norte
e à sua luminosidade racional.
Em torno da linha das entranhas
que divide o mundo
e cada ser que nele habita
tudo é fígado
e sangue, suor e pus.
Acima está o norte
que, pela razão apregoada,
se considera superior
ao inferior contraponto.
É engraçado como o superior
se desnorteia quando
o oposto se manifesta...
...pois inferior e superior
se dão numa questão ulterior;
pois ao interior tudo é parte,
não há maior primazia.
E a linha que divide a cintura
não é mais linha, é horizonte
para quem possa viajar
através dos hemisférios
desse todo.