I - Incerteza:
Disse que "é tempo de viver sem medo",
frase que ecoou como um raro segredo,
profundamente dentro de mim.
Mas como poderei, se bravura é mágoa
aos outros, cujos olhos enchem de água
que rolará como rio sem fim?
Sou sincero, mas sabendo que machuco
quem amo, me sinto triste e, como louco,
me torturo e sinto tal medo.
Esse medo que vira coragem desregrada
para fazer alguma coisa que os desagrada
e terminar com a dor, cedo.
Medo que acaba com o amor incontável,
imensurável, indecifrável e até indomável.
Se tenho medo de admitir,
qual é o sentido em poder sentir tal amor
que me traz em meio a alegria, tanta dor?
Será que o medo vai sumir?
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II - Tristeza:
Será que o devo sentir?
Será que o amor que penso existir
é o amor que faz me reprimir?
Será que o medo me impede de realmente existir e sentir?
Não sei mais nada e, às vezes, tenho medo de saber.
E cada vez mais tenho muito medo de sonhar.
E cada vez mais é doloroso viver.
Como seria bom se a sociedade me aceitasse
como sou e minha sinceridade não magoasse.