Se eu me perguntasse, meia dúzia de anos atrás, onde estava entrando, a resposta seria algo como "Não faço a mínima ideia". Realmente, eu não fazia ideia, não tinha noção, sequer vislumbrava como seria esse trabalho que, exatamente seis anos atrás, eu começaria no mundo corporativo.
Não vou ficar malhando mais do que já malhei, nem ficar destacando pontos negativos do ambiente e outras coisas que não merecem mérito. Embora tenha muitos aspectos positivos, também tem aspectos negativos, só que em proporções maiores, que em seis anos se tornam cada vez mais intoleráveis dentro de mim.
De onde veio o "meia dúzia"? Está gravado na minha cabeça. É fácil: passo por uma feira, na esquina, cinco casas abaixo da minha, toda quinta-feira. É uma coisa que não escapa de mim, me lembra momentos muito mais felizes que eu teria se tivesse carregando uma caixa de frutas ao invés de estar sentado na frente de um computador durante seis anos fazendo cálculos para alguém ganhar muito dinheiro enquanto ano após ano a empresa enxuga tudo que conquistamos por direito, a inflação enxuga toda nossa estabilidade e o governo se diverte conosco como se as pessoas fossem marionetes.
E em todo esse tempo a vida tem me parecido muito falsa. Sem sentido. Dinheiro tem me parecido sem sentido. Governantes, chefes, líderes e ganância se tornaram elementos repulsivos a mim. Acho interessante como muitos outros tomaram uma grande dimensão na minha vida. Não adotei bandeiras de ninguém, pelo contrário, questionei, ouvi argumentos novos e aprendi muito nestes anos que passaram. Mas não aprendi a amar o que paga meu salário, embora tenha ouvido conselhos para tal; meu coração não consegue, a revolta me cresce todo dia, o sentimento de que ninguém pode mandar em mim cresce, e a decepção com o mundo corporativo é frequente. A hierarquia me enoja, a burocracia me atormenta, a vida aqui de repente perdeu o pouco sentido que tinha: dinheiro na conta. Seis anos sem satisfação verdadeira, sem ajudar o mundo, sem fazer algo significativo de verdade, sem criar algo que realmente vá de encontro com minhas convicções.
Meia-dúzia que eu não quero que vire uma dúzia inteira, estou trilhando e me desenvolvendo para nunca mais depender de você, essa vidinha medíocre de ar-condicionado, posses materiais supérfluas e ostentação sem qualquer profundidade e significado realmente útil. Ornamentos do que é fútil.
Sabe qual é o problema, é que muitos gostariam de estar aqui, muitos mesmo, mas garanto que depois de meia-dúzia de meses estariam como eu, meia-dúzia de anos depois, frustrados, cansados, sem motivação, sem vontade, cada vez mais desiludidos.
Se você deseja ficar meia-dúzia, uma dúzia inteira ou mais trabalhando, meu conselho, que o trabalho seja o que você goste, não ouça pai, não ouça mãe, nem tio, nem tia, nem ninguém, VIVA a SUA vida, pois ninguém poderá vivê-la por você.
Se está infeliz, arrume um meio para atingir a felicidade plena e real, pois falsas felicidades são vendidas como qualquer outra coisa, enquanto a verdadeira é conquistada.
Livre-se do miasma, faça sua própria catarse. Use o cérebro antes que atrofie.
Cuide da saúde e do corpo. Mens sana in corpore sano.
Isso não é manual de auto-ajuda, eu não acredito em "manuais de auto-ajuda", acredito em conhecimento e evolução, que todo mundo consegue se trabalhar um pouco mais o cerebelo e enxergar tudo de maneira mais ampla e diversificada. Tenho lido muito, estudado muito. Acho que nunca estudei tanto na minha vida como agora, é o que tenho pensado muito ultimamente.
Portanto pense e faça algo em 2013 (nada mudou, não se esqueça que ano, mês e dia constituem a contagem lógica para que possamos identificar e indexar períodos de nossa história e possamos usar como ferramentas para outras ferramentas que gerarão outras ferramentas), pois eu pretendo mudar algumas coisas, chacoalhar a minha vida um pouco e mudar, fazer algo diferente.
Ótimo 2013, feliz pseudo-ano-novo!
E que suas dúzias sejam ótimas, sempre! Sejam frutas, anos ou qualquer outra coisa!
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