Assim começa meu exílio,
expulso de sua casa por preconceito.
Se o mundo é minha casa, meu lugar,
onde ninguém pode me mandar
porque devo viver sob um conceito?
Viver assim é um martírio.
Não nasci para agradar, mas para viver
minha vida e somente isso posso fazer.
Viver da maneira que eu queira
e não como você espera.
Mas de repente estou só
nesse mundo imensamente povoado.
Sou uma antítese ambulante
e o mundo ideal parece distante
enquanto ando desorientado.
É isso mesmo, ando sozinho.
De repente a paz de espírito me invade,
não acabando com a dor, mas acalmando
um pouco meu coração machucado
e impedindo que ele se mate,
se espalhando como pó.
É como me sinto. E o vento não ajuda
pois fico cada vez mais espalhado
e um tanto quanto perdido.
E andando acho, quieta e muda,
a solidão no meu caminho,
e a sofridão de cada um que perdeu
qualquer chance de compreensão
e um mínimo de compaixão,
e agora pensam na vida, como eu.
Não tenho nada que é meu,
e não quero nada de outras pessoas,
exceto que aceitem quem sou.
Se não funcionar, me vou
para onde minha mente ressoa.
O que me sobrou senão eu?
A solidão, que nunca me abandonou.
Poderia dizer que, juntos, somos dois,
mas estaria mentindo pois
entendo que a solidão sou eu.
sábado, 16 de fevereiro de 2013
sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013
Sangro na ribalta
Eu vejo que a vida vale muito pouco,
mas esse pouco me vale bastante
e é tudo que tenho nesse vil sufoco
que lacera qualquer esperança
trazendo a certeza de que muito falta
para completar este curto instante
em que sangro em plena ribalta
enquanto, à frente, o medo me lança.
Não importa se escorrego pelo talco
debaixo das solas de meus sapatos
que pisoteiam os tacos deste palco
tão grande quanto todo o universo
que me oprime com tamanha solidão
ao me ver só perante a tais fatos:
sou apenas um nessa escuridão
e tenho que me despir do avesso
para me tornar quem nunca serei
e mentir para todos nessa tragédia
enquanto sofro pelo que esperei
tanto tempo nessa louca comédia.
Aqui todo meu sangue escorreu
enquanto cuidava de ser outro
quando deveria ser apenas eu.
A arte demanda sérios sacrifícios,
inclusive destituir de sua identidade,
para emocionar e brilhar como ouro,
morrendo brevemente com vivacidade,
para nos outros deixar seus suplícios.
O suicídio rende aplausos e homenagens
que consagram eu e o personagem
suicida. Mas ao matá-lo por alguém,
me matei mais um pouco também.
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