segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

Barrabás

Não há jesuísmo que me toque
com uma data simbólica
como a idade de 33 -
a qual cheguei e desprezo
com uma verve melancólica
não condizente com o sentimento -

pois é de alívio generalizado
se apoiar em muletas
cheias de simbolismos
e estou cansado demais
para aguentar açúcares e sais
neste organismo que arrebento

brincando de viver,
mentindo à vida
por 12 horas diárias,
fingindo o poder
de decidi-la
como um imperador romano faria
perante seus suditos.

Sem pensar

Fazer poesia tem dessas...
...não é algo que se peça,
muito menos que se entenda,
é algo que se sente
e nisso o poeta não se mente,
pois fazer poesia não é fazer contenda.

terça-feira, 24 de janeiro de 2017

Deságua

Sou fúria e calmaria
nas emoções de ondas
dessa sentimentaria
que revolta em maré
desse meu ânimo
de poeta desvalido.
Por certo a baixaria
é evitada no choro
tocado a beira
do mar dos olhos
com sua areia
de Morfeu na ressaca.

Algumas Questões Aleatórias

Queria saber se o sangue
serviria como pagamento
para todo o tempo que vingue
essas vidas de momentos;

se a flor, no chão, despedaçada
ao público numa brincadeira
de mal-me-quer, se convidara
para tal crueza que ali se vira...

...queria saber...
...AH! Como queria entender

o paradoxo

dessa "selvageria

humana"...

segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

Monera

Por diversos motivos
seguimos vivendo,
apáticos e sérios,
com sisudos mistérios
nos semblantes,
sem emoções,
quase sem corações...
levanto uma questão
já assim, de sopetão,
pertencemos a humanidade
mas ainda não saímos
do reino monera?

quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

Aniversários

Ainda conto os anos,
mas não mais os comemoro
da maneira dos humanos
que ainda almejam o decoro.

Prefiro me dar o dia
como um pequeno regalo
de alguém que me daria,
com amor, o presente de que falo:

Um tempo para ser a si mesmo
e uma companhia simples
sem minutos perdidos, a esmo,
sem saber onde estão com os pés.

Prefiro assim, sincero,
como participo de aniversários:
presença rarefeita, vulto raro,
não ausente, mas no meu horário.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

Comum Peculiaridade

Quando vi você
saindo pela porta do quarto
percebi o tempo,
frágil e banal,
levado pelo vento,
ágil e cruel.

Foi então que me senti
sozinho, em desespero
perdido na solidão.

Cada um dentro de si
tem um coração
só e sem companheiro.

quarta-feira, 4 de janeiro de 2017

(ir)Racional

Se eu citar filósofos
estarei sendo falso
comigo mesmo,
como andar descalço
em pontiagudas pedras
com um sorriso
descarado no rosto.

Gosto de lê-los,
mas confesso descaso
na prática diária
de qualquer filosofia
que se prove alheia
diante do que penso
por e dentro de mim.

Se auto-descobrir
é mais que filosofar:
até há no que pensar
mas sobra o que sentir.

terça-feira, 3 de janeiro de 2017

Procrastinação

Minha falta de ânimo
faz que me sinta péssimo...

É como se meu âmago
fosse mentir para comigo

e - paradoxal enfermo
de seu próprio cruel termo -

viesse a dar consigo
num ódio até que sôfrego,

presente nesta feição
com marcas de expressão

de histórias e guerras
de uma vida que aqui erra...

segunda-feira, 2 de janeiro de 2017

Momento de Inércia

Quando alguém impõe o silêncio
sideral dos astros solitários
ao pequeno e vil universo
de realidade de um poeta,

faz jorrar, na ponta da seta,
vozes, sentimento e verso
mudos, do mundo refratário,
instituindo um poema suspenso.

Saindo dum abismo

De sol claro e escuras nuvens
o céu se pinta como arte -
uma expressão do tempo,
como os tecidos se movem -
sendo, na totalidade, parte
de um sopro do momento

em que o verão se indica
e o ano se inicia,
mas não lhe aprazia
tal repetição kármica,
pois tua mente cética,
silente e observadora,
quando conservadora,
não se aparece épica,

mas sim perdida,
como o ceticismo
que evita a lida
com as mutações
do universo de emoções
dum mundo sem cinismo.