quinta-feira, 26 de outubro de 2017

Convocação

Conclamo
o céu da noite,
o céu de anil;
cio e coito;
o céu de abril
e seu outono de morte.

Conclamo
o firmamento
dum verão
árido e sem vento,
tal sertão
nos matando, lento.

Conclamo
a noite e o céu
estrelado,
que se faz véu
abrilhantado
nos dentes seus.

Conclamo
o céu de sua boca
com minha língua,
que quando te toca,
seu pudor míngua
e o tesão me enforca.

Pois conclamo
assim um prazer,
que é terreno
fértil para viver -
agitado e sereno -
e enfim, morrer.

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