quinta-feira, 25 de agosto de 2022

Caixas - 1

Tive que abrir essa caixa antiga

coberta de poeira grossa - daquelas

que já se misturam ao óleo da madeira delas,

poeira grudenta, resquício das almas

sebosas, purulentas que ali habitam - 

que não saem ao soprar.

Havia foto-memórias ali dentro

e a primeira que se destacou

entre tantas que estavam acumuladas

foi a sua. Seus olhos que me viam.

Suas palavras vieram ao meu coração

quase como um ressurgimento

de vozes antigas que falam 

pelas eras, pelos ventos da sofreguidão.

Devo limpar tanta poeira

afim de que saia da minha pele

tamanha sujeira que ficou

acumulada em caixas como esta...

e mais caixas...

e mais caixas...

e mais caixas...

tantas caixas...

Nenhum comentário:

Postar um comentário