segunda-feira, 20 de abril de 2009

Sonho de ócio de feriado

Acordou tarde, por volta do meio-dia. A família saindo para passear longe, só voltam daqui uns três dias, mas não foi junto, decidiu pular o café da manhã, manhã que já havia passado em branco, ou em preto. "Pizza", lembrou que tinha pedaços na geladeira, e como sempre gostou, comeu dois pedaços de Marguerita gelados, coisa que só ele faz em casa, e tomou um copo de Coca-Cola Zero, o que parece um pouco hipócrita, mas só tinha esse refrigerante. E para completar, comeu uma banana e uma castanha do Pará, e bateu aquela vontade de comer o pacote inteiro de castanhas, mas se conteve. Nem banho tomou de imediato, tinha tomado banho as 7:30, quando chegou em casa, cansado, culpa uma noite agitada. A cabeça estava rodando, bebeu, dançou, beijou, mas sabe que nada concreto se realizou, foi apenas mais um escape para a mente, para o tédio do cotidiano, mas nada que realmente valha a pena, exceto o fato de ver os amigos, isso é sempre bom, sempre válido.

Toma um banho, faz a barba, até tira parte das costeletas que insistiram em ficar no seu rosto por mais de dois anos, e lógico que no processo houve um corte, mas uma pomada resolve tudo. Fez a rotina de sempre, só que nesse domingo decidiu até ouvir o segundo tempo do clássico enquanto dirigia, para poder aproveitar melhor, assistir os primeiros quarenta e cinco minutos foi meio que obrigatório, se tem uma coisa que aprendeu ao longo dos anos é conciliar as suas paixões. Intervalo e zero para os dois no placar, "hora de sair". Entrou no carro, e durante o intervalo ouviu umas músicas para desestressar, fora abastecer o carro. Sai do posto e começa o segundo tempo, quando está no meio do caminho sai o primeiro gol, que alívio! Não dá nem tempo de comemorar direito, o semáforo ainda não abriu e sai o segundo gol! Explosão de alegria! Abre os vidros, desliga o rádio, "que dia perfeito", mesmo sendo outono. Não ouve o resto do jogo, nem se preocupa.

Chega na cafeteria. Mas o que era uma conversa tranqüila entre dois adultos que já passaram da idade das intrigas e indecisões amorosas de adolescentes, acaba em discussão e percebe-se que até os adultos mais sensatos conseguem ser infantis. Ele não consegue encarar o fato de ser rejeitado depois de tantos motivos, beijos perdidos, noites mal dormidas e declarações ternas, e ela não quer arriscar algo que tem mesmo amando este que está sentado a sua frente muito mais do que aquele que volta só depois do feriado(desconfiança).

- Eu sei que você tem namorado, pode não dar certo isso, mas eu tenho que tentar.
- Coragem nunca te faltou ? Você sempre foi impulsivo...
- Já me faltou sim, para muitas coisas, mas não para te dizer certas coisas.
- Me desculpe, mas eu estou bem com ele...
- Se estivesse bem, você não estaria me olhando com essa cara, e não estaria sozinha de novo.
- Você sabe... eu não posso, mesmo que goste de você.
- Essa não cola, me desculpa, mas eu não vou ficar aqui plantado conversando com você. indo.
- Espera! Mas eu... você sabe como é, você namorou também.
- Mas eu não te conhecia, só era apaixonado pela minha ex.
- Me desculpa, eu gosto mesmo de você... mas o meu namorado é bom comigo.
- E você continua enganando uma pessoa, e magoando outra, e pior ainda enganando a si mesma. Eu não suporto ver e me sentir mal com isso. Vou indo. Outro dia conversamos.

Foi se despedir com um beijo no rosto, mas ela o puxa pela mão e o beija nos lábios. O que era para ser breve demora um pouco mais, ela pede para ele se sentar, e como de costume, para ela, ele cede até a própria razão. Pedem mais um café e um chocolate, deixam de discutir. Se abraçam e conversam sobre como vão aproveitar o feriado, e os planos para o futuro, individuais, sem compromisso um com o outro, mas talvez saibam que possam ficar juntos, então deixam as arestas abertas. Ele desfaz o sonho de morar no sul, longe de tudo e todos, e comenta que pretende ficar na região, apenas uns quarteirões de diferença, e as vezes quarteirões fazem toda a diferença num destino. Ela compreende, e também diz que gostaria de se mudar para perto do trabalho ou perto de uma estação do metrô, para ter mais comodidade. Ambos odeiam o trânsito, embora tenham prazer em dirigir, principalmente em dias que essa cidade absurdamente grande se revela maior ainda, nos feriados onde a maioria viaja. Parece que eles tem um mundo inteiro só para os dois.
O namorado dela só volta na quarta-feira. Até lá eles não precisam dessa discussão novamente.

Acordou sem muita preguiça, 12:30, domingo. A manhã passou, só que ela está deitada, descansando a cabeça no seu ombro. A convidada não pode começar o dia dela sem o café da manhã, mesmo fora do horário. Afasta o cabelo, castanho, e dá-lhe um beijo na testa, levanta sem acordá-la(dorme como pedra) e vai preparar o café da manhã para levar na cama. Não demora muito ela acorda. "Onde está o ombro dele? Tenho só um travesseiro...", levanta, veste a camisola de cetim e vai na ponta dos pés até a cozinha, ela sabe que ele deve estar fazendo algo, provavelmente, pega uma uva Itália do cacho em cima da mesa e coloca na boca. Vê a tábua cheia de frutas, pão, leite, suco, geléia de morango. Apenas um detalhe "Onde ele está?", ouve a porta da sala bater, então corre de volta para a cama, só para fazer charme.

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É só um trecho de um dos meus esboços. Ainda não sei como vou concluir. Descubro depois.

Paz!

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