sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Contagem regressiva para 30: 9 [Parte 2]

Gritou me cedo: "NOVE! NOVE!"
Me confundi, era muito mais suave,
dizia algo como "Vê se move.",
cedo no escuro, mas com voz leve.

Seria sonho ou pesadelo? Não sei.
Devaneio não tem modelo.

No banho o chuveiro chove
deixo que a água me lave
e deixo que a voz trove
uma música que comove.

Seria apenas um banho, mas sei
que ainda estou estranho.

Será que, como nove vira noventa,
eu passo inteiro pelos sessenta?
Mas estou prestes a fazer trinta,
e peço, lhe imploro, que minta.

Data-me dezenove. Já sei
que tenho vinte e nove.

Dias? Faltam apenas nove.
Então lhe peço que prove
minha alma e carne. Me leve
antes que alguém me desove.

Pois quero que me sinta. Só sei
disso agora, prestes aos trinta.

E às dezenove, antes das nove
na noite de hoje, estarei leve
mas depois me soque, me sove
e se puder, me escove.

Que os trinta tragam novas tintas,
pois as velhas, a velhice remove.

Senão me faça esquecer de trinta,
nove ou vinte e nove.

--

My love.



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