Me confundi, era muito mais suave,
dizia algo como "Vê se move.",
cedo no escuro, mas com voz leve.
Seria sonho ou pesadelo? Não sei.
Devaneio não tem modelo.
No banho o chuveiro chove
deixo que a água me lave
e deixo que a voz trove
uma música que comove.
Seria apenas um banho, mas sei
que ainda estou estranho.
Será que, como nove vira noventa,
eu passo inteiro pelos sessenta?
Mas estou prestes a fazer trinta,
e peço, lhe imploro, que minta.
Data-me dezenove. Já sei
que tenho vinte e nove.
Dias? Faltam apenas nove.
Então lhe peço que prove
minha alma e carne. Me leve
antes que alguém me desove.
Pois quero que me sinta. Só sei
disso agora, prestes aos trinta.
E às dezenove, antes das nove
na noite de hoje, estarei leve
mas depois me soque, me sove
e se puder, me escove.
Que os trinta tragam novas tintas,
pois as velhas, a velhice remove.
nove ou vinte e nove.
--
My love.
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