terça-feira, 14 de janeiro de 2014

"Miragem (sem terra à vista)"

Imagem passando ao largo
da margem do copo amargo,
silhueta sua,
tua carne nua.

O sal de seu suor na língua
desfaz o mal que já míngua
no seu gemido
bemol e sustenido...

Todo dia desenho e apago
na sua pele, com afagos
e carinhos,
seus caminhos

cheio de curvas sinuosas
nessa paisagem tortuosa
de seu corpo,
dos mares, porto

que está no meu mapa.
Escrevo sem as papas
sobre o X
que ali fiz

para marcar o tesouro,
que tenho num estouro,
de tão precioso
e tão gostoso

quanto fazer essa analogia
ao mar e à cartografia,
apologia ao sexo
e amor sem preço.

Vendo o copo de bebida
miro seu corpo de tulipa,
mas estou sozinho
e bêbado de vinho.

Penso, então:

Tem tanto mar além de você,
mas só sua miragem me vê.
E nela nos vejo,
lhe desejo...

--

Mais um poema para o projeto Curare.
Dessa vez explorando mais o imaginário e usando formas não estruturadas de versos e métricas, mas organizado em estrofes similares.

--

Para a miragem.

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