sexta-feira, 16 de setembro de 2016

Numa mesa de bar

Meu companheiro
que verdade verá
essa terra que arde
como uma fogueira,
brasas de salgueiro
e de todo esse verde?

Não entendes que finito
também é como finado?
Muito se lamenta,
mas segue-se alado,
altivo, não lhe minto,
é passageiro, diminuto.

Que esperança perdura
com um câncer que cresce
e na quase impossível cura
duma infecção, numa prece
que varre a verdade
dessa nossa falsa humanidade?

É difícil olhar o mundo
caindo torto e resoluto -
como se fosse a duras penas,
lutando para não cair morto
ou num coma profundo -
a sobreviver, apenas.

As pessoas não querem,
não desejam qualquer paz
senão do conforto alienado
e logo se veem odiando
o que manda a mídia, mas
se dizem gente de bem.

Essa nossa hipocrisia
vai, enfim, nos exterminar,
por pura vaidade humana.
Queria apenas um dia,
admito, não me preocupar
com essa vida insana...

...Mas não consigo.
Se mexe com o mundo,
também mexe comigo...