sexta-feira, 9 de setembro de 2016

Reminiscente

Quando arrisco o oblívio -
por meses tentando -
e quase consigo a façanha,
aparece um verso e o alívio
se mistura, entretanto,
ao vil das minhas entranhas.

Somes como uma aparição,
mas eterniza na lembrança
e, no anseio de uma estrofe,
em tudo que é contramão.
Acaba com a constância
do suicídio diário e me move.

Queira um dia assumir-se,
aparecer-se para ti tão real
quanto ao que diz o ser.
Mas não viva sem viver-se,
não poetize sem motivo para tal
e não desperdice o que houver...

...de real dentro do peito,
pois a mentira o corrói,
ao passo que, sem jeito,
a verdade alivia,
mas, um dia, também dói.