segunda-feira, 5 de setembro de 2016

Voe, Passarinho

A maior declaração de amor
que posso lhe fazer
é que quero, aonde você for,
que não finja, seja você.

Não aceito que deixe de sentir
o que lhe brotar no peito
- isto seria como te assassinar,
por algo que não tem jeito.

Sim, você é livre para se viver.
Não pode ser diferente.
Não é "simples" ser eu, ser você;
e, mesmo que se tente,

um não sente o que há dentro,
o que inquieta o coração,
o que mexe com tudo do outro,
o que é mais que emoção.

E, nessa vida, já vi muito por aí,
já falei, cantei e escrevi,
mas ainda há muito por vir;
até o que duvidava, senti.

Nisso não te dou presente algum,
senão a certeza incondicional
do meu amor tão incomum
e, pasmem, tão natural.

O que você faz da sua vida
é apenas o seu destino,
e se quer minha companhia,
saiba que lhe confirmo.

Só perdura se ambos quiserem,
só funciona com amor,
puro e genuíno, e sem temerem
qualquer motivo de dor.

E não há dor com amor puro,
há apenas o lindo zelo
de quem cuida e ama, te juro.
Por amor, não faço apelo.

Bata asas e voe, não há gaiola
para te segurar, prender
ou aquietar seu cântico lá fora,
há apenas a porta aberta

da casa desse meu coração,
onde você, passarinho,
tem seu lugar - não abro mão -
arrumado com carinho.

Você tem a chave e lá é tudo seu,
não precisa pedir para entrar.
Tudo que um dia ali já foi meu,
é seu, não importa quando voltar.

Quero teu aconchego garantido
aqui em casa - não é uma toca.
Me doo sem lhe fazer pedido,
não quero fazer uma troca.

Voe, não por mim. Voe por si mesmo.
Bata as asas da sua vida
e, se me quiser, carregará, não a esmo,
mas como uma querida

parte de sua vida, um belo lugar
para que eu, também,
sempre tenha onde possa voltar
e lhe fazer só o bem.

Eu te amo além do meu fim,
nada pode me tirar o que sinto.
Nada é maior que esse infinito.
E é o que me basta, te amar livre assim.