Ontem - assim como hoje e também amanhã -
desejei me matar, contrariando qualquer lei,
moral, cívica, ética, norma, axioma ou dogma.
Fantasiando como seria a lâmina no pulso,
um espasmo no gatilho dessa roleta russa,
entornar o vinho com comprimidos mistos,
forçar a asfixia por monóxido de carbono,
atravessar a Paulista e beijar o para-brisa
de um ônibus num ato de amor ao meu fim.
Ato de amor próprio, ato de orgulho,
onde o ego tem mais vontades que eu.
E nessa conversa diária, o ego me falou
- e percebi que temos isso em comum -
"mais indolor, mais fácil, sem barulho,
podemos nos atirar do oitavo andar
e mergulhar no escuro, e já conhecido,
asfalto para pintar um pouco de vermelho
esse mundo sem cor."
Seria um ato de desamor,
orgulho ferido, numa vida sem sentido...
...algo que valha, no tempo não vivido,
é, simultâneo, um ato de amor.
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