Devo admitir que sou meu próprio fim,
meu suicídio é fingir viver este tempo
como se fizesse durar a queda por anos -
como se o parapeito de onde eu vim
não fizesse mais parte - só há vento
e já não fico mais onde estávamos;
sabendo de tudo isso e meus delírios
de início imemoriais, entendo o suicídio,
entendo a sensação, sinto a urgência,
ouço o gemido, respiro o último fôlego
a cada segundo último passado de início.
Quero um indício de que possa surtar,
quebrar tudo, antes que eu me quebre
em ossos no impacto com o solo,
mas me sobra uma paz externa
enquanto o caos interno não dá colo,
apenas me deixa cada vez mais morto.
Quem disse que todos berram ao cair?
Há aqueles que caem no silêncio
da voz, do ar, do suicídio a se admitir.