segunda-feira, 15 de dezembro de 2014
Queria ver a vida
como se fosse ar,
invisível aos olhos,
mas sensível
ao soprar
na face
sua brisa
leve.
Isto já serve.
sexta-feira, 12 de dezembro de 2014
Aquaplanagem (la petit mort)
vira uma qualquer-ína
em alta velocidade
por trás do volante
na chuva, de repente
o freio na tempestade
o espaço e o tempo
param a respiração
por um momento
a aderência some
os sulcos escorregam
o grito, tudo não resume
a pequena morte.
Harmonia
terça-feira, 2 de dezembro de 2014
Para pensar
que voa livre sem te deixar,
na cabeça tem seu leito,
mas vida de pássaro é voar.
Não importa como ele voou,
voou para longe da gaiola...
O pássaro te abandonou,
cansou de contar as horas:
Quando você abriu o portão,
ele bateu asas
e lhe deixou penas.
É letra de canção
à pena e nanquim,
bate asas um poema.
sexta-feira, 28 de novembro de 2014
Sofrer + prazer = viver
que sinto nesse louco mundo
de seguir nas ideias a fundo
e nas vontades que eu quero;
tem hora que é só uma sede
de poder viver e não morrer
e o fim disso tudo não ver
e assim a tal vida se mede;
sei que o desejo não tem fim
e também não atinge só a mim
mas também a todos vocês,
sei que a dor sempre virá
e só quem viver aqui verá
a dicotomia que nos fez.
terça-feira, 25 de novembro de 2014
Uma incerteza
que nos contam
que fica a impressão
da vida ser fantasia,
já não se sabe
se será realidade
ou pura imaginação
velhos momentos
e os ventos
que virão.
quarta-feira, 19 de novembro de 2014
Fábula às Avessas
quero que sejas a dama que topo,
que estejas numa fábula de Esopo
e, quando me beija, viro um sapo.
terça-feira, 18 de novembro de 2014
Balançar nas ondas
uma hora cansa
de balançar
nessa dança
de equilibrar...
...e tudo 'desamansa'
ou se lança
em louca esperança
de tudo se acalmar.
Depois do céu chorar
a bonança
vem e faz a balança
se equilibrar.
sexta-feira, 14 de novembro de 2014
Sem refúgio
mas não como chegar;
nem um grão vizir
prevê o que está no ar,
enquanto o mundo grita
comendo pó e brita.
Fugir para onde
se o mundo é um só?
Pensa que esconde,
sob o tapete, o pó...
...à vida o vento sopra
espalhando toda sua obra,
se nada de bom fez,
ficou mal ou indiferente,
desperdiçou sua vez
com nada que se apresente.
Conclui...
...Não sabe mais onde chegar
afinal, em qualquer lugar,
o mundo é um lar
para cuidar.
terça-feira, 11 de novembro de 2014
Problema familiar...
e à mãe Intolerância,
a filha Ignorância.
E essa vida de ócio
na área intelectual
tem opinião irracional
e sabe de seu mal,
mas está confortável
ao ser, assim, "amável"
com todo ser animal
que cruze seu caminho,
exceto com o feinho
pois este é execrado,
uma anomalia, um pária,
perdido na sua área.
E o julgamento revive,
"uns são mais que outros
os de menos são monstros"
de repente, em breve
alguém repetirá tal frase.
Terá como resposta: "Que fase..."
domingo, 9 de novembro de 2014
Pragmático
sexta-feira, 7 de novembro de 2014
Para Ceci, com carinho
fosse, entre tantas,
minha filha,
posse não seria,
pois quem sozinho anda
é dono de si;
e sempre andaria
pensando em ouvir
o porquê da vida
existir nessa instância.
Daí responderia,
ao poema que fiz,
que o irmão de coisas
fugidias existe,
e não é feliz, nem triste,
é poeta.
Esperta, nos enfeitiça:
é a eterna poetisa.
terça-feira, 4 de novembro de 2014
segunda-feira, 27 de outubro de 2014
Ideias daninhas
na sola do pé, o solo fértil
que brota uma ideia a repetir:
uma erva daninha a crescer,
beleza dessa natureza
que insistimos remover.
Mas ao removê-la,
tudo desequilibramos
removemo-nos
de algo naturalmente
fora de ordem.
quinta-feira, 23 de outubro de 2014
Escrever é sentir...
Sentir é se doer,
morrer para daí viver
e não se perder.
二
Para me esquecer
laço preso desfaço
do dedo a mover.
三
Vou-me assim perder;
vivo e morto, revivo
confuso ao nascer.
四
Se estou aqui a morrer
penso na vida, tenso,
sem nada entender.
--
Este é um quarteto haikai simbólico.
Moda verbal
hoje em dia,
é a dita hipocrisia,
mas julgar é foda...
Pois ao mu lado
dizem "hipócrita"
e, ao serem julgados,
respondem "déspota"
com indicador em riste.
A verdade persiste:
outros quatro dedos
apontam os medos.
Quem, um dia, diria
que o corpo revelaria,
súbito, as palavras
fora de contexto
que vão às favas?
Então atesto:
"Perdem suas significâncias
devido tamanha ignorância."
quarta-feira, 22 de outubro de 2014
Marcas do tempo
mas o medo lhe molha como chuva
quando algo olha e faz com que suba,
sem perigo, pelo elevador até o céu.
As nuvens carregadas de seu humor
não sentem seus próprios trovões,
soltam raios; o exército dispara canhões
e o cavalo baio carrega a sorte onde for.
Uma alegoria dessas descreve o tempo
que, na alegria ou tristeza, morre e revive
enquanto dele ainda não estamos livres,
pois até beleza ele leva com o vento.
Não adianta correr para se adiantar
enquanto anda contra sua curta vida,
suicídio é o sacrifício que gera ferida
aberta que lhe mente ao se cicatrizar.
terça-feira, 21 de outubro de 2014
ApoColapso [SIC]
se aproximar...
Não é mais um eclipse
lunar,
muito menos o anticristo
com o dedo médio em riste.
Sim, insisto!
O colapso existe,
só o relapso que não vê.
Não é o "bug" do milênio
ou outro problema digital;
não é roubo de um prêmio
ou time vendido na final;
também não é imposto da receita
no seu mais novo telefone;
muito menos um povo egoísta
que não entende a fome.
É o fruto da ignorância
ao gerar um filho com a ganância;
é alienação
e manipulação.
Me pergunto, nessa frustração,
até quando nos controlarão?
E não falo de estado e corrupção
ou de maquiavélica corporação,
pois algo maior é a preocupação
que aflige meu coração.
Então pergunto,
ao morto,
em seu conforto:
"até quando aguenta
se deixar parar?"
"Pois só é vivo
quem se movimenta",
ao seu silêncio, argumento.
terça-feira, 14 de outubro de 2014
Seara Saara
quandos as lágrimas
se secaram
e as vozes
se calaram.
Não há mais ouro,
ou qualquer milagre.
Acabaram,
seus próprios algozes,
e se mataram.
É muito engraçado
como as lástimas
se provaram
tão verdadeiras
e fatídicas:
Um Samsara desaguado,
sem sequer bagres
que nadam
longe das beiras...
...Longe das bocas.
sexta-feira, 10 de outubro de 2014
Paz na faixa
para bem longe,
me arrisquei
até onde pude
e valeu a pena
tal emoção extrema
de um ônibus
ao meu lado passar
e o motorista
sorrir e acenar
como se o mundo
pode ainda ser bom
com o ar poluído
e tanto ruído
disfarçado de som...
...E lá se vai
mais um busão;
outros passam
e sorrindo
me acenam...
...Eles vêm vindo
e sempre estou vendo...
Assim vou indo,
acenando de volta
e sorrindo.
:)
quarta-feira, 8 de outubro de 2014
Juras...
feito em juízo por hipócritas;
Juramento do Engenheiro
feito em função de dinheiro;
Juramento do Advogado
feito pensando no povo como gado;
Juramento do Economista
virou juras de "segregalista";
Juramento da bandeira
é, do militar, mais uma asneira;
Juras de amor
ainda causam muita dor.
Jurar é fácil,
tornando o fazer,
e ser bom,
difícil.
sexta-feira, 3 de outubro de 2014
A Malandragem
dentro da caçamba?
Caramba!
Continua sendo
um samba
sem banda.
Aqui ou em Ruanda,
só malandro
o samba
é bamba.
quarta-feira, 1 de outubro de 2014
terça-feira, 30 de setembro de 2014
EnContra
contra todas as regras e prévios conhecimentos;
contra tudo que é sagrado, sacramentado e ilibado.
e contra todos.
há muito mais que um encontro,
há somente a verdade.
dessa vida,
somos muito mais
que um casal numa foto.
De quatro
quinta-feira, 11 de setembro de 2014
Todo racismo é ignorante
Geograficamente falando (e abrangendo para um estudo quase biológico), comete-se um erro crasso ao ver que no crescimento demográfico do mundo as pessoas não se misturam, as culturas se misturam, a expansão territorial promove misturas, tem que ser excepcionalmente ignorante para reconhecer um fato tão antigo.
Pense bem, e se lembre: nem VOCÊ, nem seus ancestrais, nem seus filhos são puros. Nunca serão. Nunca foram.
sexta-feira, 5 de setembro de 2014
Lágrima
Chorar for inevitável
Sinta o gosto do sal
Do sal, do sal, do sal
Sinta o gosto do sal...
Gota a gota, uma a uma
Duas, três, dez, cem
Mil lágrimas, sinta o milagre
A cada mil lágrimas sai um milagre
-
de Monique Amaral
-
Segue minha resposta (na verdade um complemento, julgo):
Uma lágrima
rola
como gota
e cai a toa,
faz um grito
suicida,
pois toda
tristeza
é morte de si;
milagre
é resistir
ao ego,
cego,
e, nas lágrimas,
se deixar cair.
Uma lágrima
é milagre
para a alma,
um choro
é seu sossego.
Parabéns em 2014
que sabe como viver
sem se esquecer da vida,
pois essa, se esquecida,
se torna inércia
e perde da existência
o seu mais querido
e apreciado sentido.
Congratulações para ti
que, à luz do sol, ri
e sabe tornar outro feliz
com sua "forçamortriz",
seja aniversário ou qualquer dia;
felicitações por fugir da monotonia
e encontra beleza em ajudar
o próximo e a natureza
não importando lugar.
Parabéns por trazer paz
num mundo de guerras
e não julgar sem olha,
atrás e à frente,
que o homem erra
ao deixar de ser humano
para satisfazer o ego insano.
Parabéns por fazer o bem
sem esperar algo em troca, também.
Parabéns por mais um ano de idade
e por prezar por qualidade
sem se importar com quantidade
e sem fazer disse motivo de alarde.
Parabéns para você,
pelo seu aniversário,
pela sua vida,
por ser quem você é,
em qualquer idade,
qualquer cidade,
qualquer dia
de sua eterna vida.
terça-feira, 2 de setembro de 2014
Metazoa medíocre
o mundo sofre sismos
e não sabe onde parar;
gira e faz onda no mar
sem sequer entender
que vive junto com você
que não acredita em E.T.,
mas no entanto é raro
e também comum.
Ao faro do universo, é só mais um.
Complexo?
--
Terra Rara e Comum num universo de complexidades e simplicidades.
sexta-feira, 29 de agosto de 2014
LIXÃO
meu luxo
é seu lixo:
as fezes
ou refluxo
do prolixo.
Então reflito
e depois refuto;
às vezes
me frito
ou por meses,
de fruto
escrito,
escuto,
resoluto,
o que foi dito:
meu lixo
será um luxo,
mas, até aqui,
não estou nem aí
com seu fluxo.
Nem me lixo.
Se represente
a "pornopolítica",
fazendo masturbação
mental em cima do povão
que deve resolver em quem votar,
como se houvesse candidato exemplar.
Como se houvesse quem fosse lhe representar...
Por que ficar gozando com pau dos outros
quando sabe que todos são escrotos
que apenas querem lhe mandar,
lhe exigir e lhe escravizar?
Pare com a masturbação,
tome alguma ação
não indiferente
na mente.
terça-feira, 26 de agosto de 2014
Subvertecelancião
no qual fico imerso
no bom e no perverso
pesar de cada terço
de pescoço ou de berço...
Não sei se me esqueço
ou se, enfim, pereço;
apenas sei que mereço,
pois viver cobra preço
e a vida tem meu apreço.
terça-feira, 19 de agosto de 2014
Um canto
ali, que me espanta.
Enquanto
me encanta
cobre minha mente
como um manto
e não deixa
o frio entrar.
Meu coração
quente, sente
o que só a canção
consegue falar.
Portanto,
não entendo
como tanta gente
daquele canto
não se deixa
emocionar
quando o canto
começa a soar.
Dignidade não garantida
soando ao fundo
fazem as vezes
daquele imundo,
daquele mendigo,
daquele esfomeado,
que, sem amigo,
está abandonado.
Será que o pobre
é vagabundo
ou será que esse podre
e vil mundo
não deu chance
para que lutasse
uma revanche?
Impediram que trabalhasse.
terça-feira, 12 de agosto de 2014
A lua vaga nua
logo cedo, na madrugada.
A rua fica toda iluminada
por ela que paira nua
no céu.
Percebo, então, que sou
do universo, que não é meu;
não é nosso... O verso ficou
na folha lisa, a lua ao léu
poetiza.
sexta-feira, 8 de agosto de 2014
sexta-feira, 25 de julho de 2014
"Aliteração²"
mas morro
na masmorra.
Esporro,
todo tórrido,
essa porra.
Que sarro,
rimo barro
até com borra.
terça-feira, 17 de junho de 2014
Sobre escrever poesia
na escola o "dever" não me aprazia,
até o dia em que percebi: ainda escrevo
por querer, não o fiz porque devia.
--
Porque fazer as coisas forçado é o fim da picada. ;)
terça-feira, 6 de maio de 2014
Hoje em dia...
a palavra ser mais forte que a pura natureza,
mas no mundo real em que deixam feridas
são a parte artificial que gera falsa beleza.
Pois o mundo, por si próprio, já se sabe belo,
o resto foi inventado para alimentar nosso ego.
--
Enfim, o culto midiático à violência chega ao ápice contra-evolutivo, quando numa briga de times rivais (no caso, políticos), uma incitação nos jogue novamente 2000 atrás, para a barbárie da Antiguidade. É muito interessante ver como uma pessoa com um discurso inflamado pode mover uma nação para ações irracionais.
Em pleno ano de 2014, no nosso calendário vigente (nomeie como quiser, o chamo assim mesmo: "vigente"), pessoas ainda acreditam nas mesmas mentiras: dinheiro, cidade, consumo, política, violência... Tudo que deturpa a evolução do raciocínio humano é levado à idolatria. Aí lhe pergunto, cidadão de bem ou mal, será que você precisa disso tudo ou de comida, paz e um teto para morar?
Resumo alguns termos clássicos que não são explicados amplamente:
-política = interesse (seriamos interesseiros e aproveitadores?);
-dinheiro = manipulação (quando você produziu sua própria comida ao invés de comprar?);
-consumo = exagero (afinal você é humano ou consumidor?);
-cidade = FEUDO (e seus moradores continuam alegres em serem escravos e plebeus?);
-violência = inveja (quando deixaste de realizar sua vida para cobiçar destruir a de outro?).
Não são definições absolutas, mas sim mutáveis, e em pleno ano de 2014, parece que voltamos ao comportamento pré-medieval, quando jornalistas atuam como fomentadores de inquisição e apedrejamento popular.
Mas o mundo natural pratica sua própria justiça, pessoas que não domam suas palavras, serão vítimas de si mesmas de seus pensamentos e pesadelos; e antes que seus egos se tornem grandes o suficiente para ofuscar o Sol e iluminar todo um planeta, morrerão como qualquer ser humano, e terão que se contentar que a humildade é a única característica que lhe sobra na morte, pois essa batalha nenhum ego poderá vencer.
Que o mundo aprenda com mais uma lição dada da mais triste maneira, porque do jeito que a carruagem anda, está cada vez mais difícil aprender com felicidade...
Obs.: Se seu ego é tão grande ao ponto de desejar ser lembrado, pense bem em que tipo de lembrança quer deixar. ;)
quarta-feira, 16 de abril de 2014
Para a desenhista
mas, tão bem sei que vou te poetizar,
nem sinto a necessidade de num papel pintar,
deixo isso para quem sabe me encantar.
Parabéns, menina de traço e cor,
que rouba todo dia para si o meu amor.
Para a desenhista
mas, tão bem sei que vou te poetizar,
nem sinto a necessidade de num papel pintar,
deixo isso para quem sabe me encantar.
Parabéns, menina de traço e cor,
que rouba todo dia para si o meu amor.
terça-feira, 15 de abril de 2014
A lua que não vi
terça-feira, 1 de abril de 2014
Non Dvco Dvcor (se tiver açúcar, senão...)
vejo o formigueiro SP,
que acorda cedo,
vive sempre a correr
como quem tem medo,
mas faz o seu dever,
naquele velho enredo:
“Não vou seguir,
sou seguido.
Vou conduzir,
não sou conduzido.”
Mas se ganha açúcar...
...Se finge de otário,
esquece o que falar
e faz o contrário.
sexta-feira, 28 de março de 2014
Crosby, Stills, Nash & Young - Déja Vù
--
terça-feira, 25 de março de 2014
Tempo seco no formigueiro com ar condicionado (...ou Mandinga de Formiga)
sexta-feira, 21 de março de 2014
Oração de Refeição de Pessoa Formiga (Ou... “Haikão de Dois”)
meu formigueiro e, onde for,
não nos falte a broa.
Não quero isopor,
não. Pois bem, um baião de dois.
Amém, com amor.
-Formiga-
-
Poema: Ernesto Gennari Neto
terça-feira, 18 de março de 2014
Uma pessoa formiga resolveu pensar...
nos seus dia-a-dias
mais do que normais...
Será que andam pensando
No que haveria
Depois da vida ou algo mais?
Pés após pés, atravessando
ruas e grandes galerias
atrás de mudanças reais
que por aí estão buscando,
mas este formigueiro-ilha
não muda, jamais.
Há pessoas acreditando
que alguém lhes faria
a vida melhorar demais,
como um formigão falando
que um livro que lia
separa legais e ilegais.
Mas que formiga humilde,
como eu, entende de leis
ou de vida?
Melhor trabalhar amiúde
e não ser fora-da-lei
por qualquer coisa lida...
Afinal, formiga que pensa, incomoda.
Formiga que cutuca, é esmagada.
E não estou afim de chinelada."
--
Poema: Ernesto Gennari Neto
terça-feira, 11 de março de 2014
Daqui de cima, todos são formigas
pessoas formigas
em seus ensejos
por algo que liga
do ponto B ao A
ao invés de brigar,
o que a levará
a nenhum lugar.
Prédios formigueiros,
onde as servis
trabalham dias inteiros
obedecendo a rainha
e líderes vis
que as mantém na linha.
terça-feira, 4 de março de 2014
Desculpa de Carnaval
pensei, toquei e cantei rimas,
eu ainda não via nada mal
nem na quarta-feira de cinzas.
Mas o fim do feriado chega
como quem diz "sai de cima",
acorda cedo na quinta-feira,
mas não se esquece da rima.
"Porque viver para trabalhar
não é trabalhar para viver.
O mundo girou quando parei
e isso prova que descansar
não é ruim como dizem ser.
Por que trabalhar? Não sei..."
terça-feira, 25 de fevereiro de 2014
Vida absurda
Seria tudo um absurdo?
A vida, a morte,
o azar e a sorte
frutos de mero acaso?
Me perdoe se perturbo
sua mente, sua paz,
mas a vida se desfaz,
por aí, em cada passo.
Talvez já se perguntou
da vida qual é o sentido,
mas será que sentiu
que há algo a ser vivido?
quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014
"Pornopolítica"
A "pornopolítica"
e um tanto mística,
pode virar vício,
ocupando seu ócio
e até sua memória,
nisso você esquece
sua vida e história
enquanto faz prece
para quem governa,
para quem te interna.
Este antigo fenômeno
poderia, pelo menos,
fazer algo de útil,
não passar o fútil
adiante às gerações
futuras e presentes
ao longo de verões
e invernos de mentes
por brigas sem estribeiras,
tal qual Corinthians e Palmeiras.
terça-feira, 18 de fevereiro de 2014
Soneto do tempo incontrolável
Escorrega entre meus dedos,
entre tantos outros medos,
aquele de te perder,
mas não consigo te segurar.
Quando penso nisso, percebo
que já passou, e agora bebo
tentando entender
o que não posso remediar.
Cada segundo me dói,
cada minuto me corrói
e não tem como voltar,
porque é algo inventado
e nada será poupado
quando você se acabar.
terça-feira, 28 de janeiro de 2014
EXTRA: Fodas chuvosas
e uma vulva
encharcada
está roxa
como uva
colhida
madura.
A boceta muda
não fala
mas se expressa
ao falo
e à língua,
e não gosta
de pressa,
sem calma
a alma
não se interessa
por sexo,
versos sem nexo
nada complexos,
eu e você:
côncavo e convexo;
e a chuva
cai lá fora,
céu roxo
escuro,
sem muros,
escrevo nosso furo:
fodas
nas noites chuvosas
afora.
Cobras
fico com sobras
de minhas obras
sem brio,
e, sobriom,
sinto as cobras
que me cobram,
me esmagam,
me dobram
em dois,
três,
depois
desfez.
Apaguei.
Cansei.
Me neguei.
Acabei
envenenando
este poema:
o matei.
terça-feira, 21 de janeiro de 2014
Ventos Virão (em 3 partes)
para longe
pois não aguentou
segurar onde
sempre segurou;
o caule a soltou,
uma folha a voar;
um galho quebrou
e caiu de seu lar.
sem sequer pensar
em quem afetarão
e podem quebrar
tronco e espigão...
não seja um tufão,
sem dó ou direção,
seja como brisa,
que passa lisa
aliviando a contento.
terça-feira, 14 de janeiro de 2014
"Miragem (sem terra à vista)"
da margem do copo amargo,
silhueta sua,
tua carne nua.
O sal de seu suor na língua
desfaz o mal que já míngua
no seu gemido
bemol e sustenido...
Todo dia desenho e apago
na sua pele, com afagos
e carinhos,
seus caminhos
cheio de curvas sinuosas
nessa paisagem tortuosa
de seu corpo,
dos mares, porto
que está no meu mapa.
Escrevo sem as papas
sobre o X
que ali fiz
para marcar o tesouro,
que tenho num estouro,
de tão precioso
e tão gostoso
quanto fazer essa analogia
ao mar e à cartografia,
apologia ao sexo
e amor sem preço.
Vendo o copo de bebida
miro seu corpo de tulipa,
mas estou sozinho
e bêbado de vinho.
Penso, então:
Tem tanto mar além de você,
mas só sua miragem me vê.
E nela nos vejo,
lhe desejo...
--
Mais um poema para o projeto Curare.
Dessa vez explorando mais o imaginário e usando formas não estruturadas de versos e métricas, mas organizado em estrofes similares.
--
Para a miragem.
sexta-feira, 10 de janeiro de 2014
Contagem regressiva para 30: 9 [Parte 2]
Me confundi, era muito mais suave,
dizia algo como "Vê se move.",
cedo no escuro, mas com voz leve.
Seria sonho ou pesadelo? Não sei.
Devaneio não tem modelo.
No banho o chuveiro chove
deixo que a água me lave
e deixo que a voz trove
uma música que comove.
Seria apenas um banho, mas sei
que ainda estou estranho.
Será que, como nove vira noventa,
eu passo inteiro pelos sessenta?
Mas estou prestes a fazer trinta,
e peço, lhe imploro, que minta.
Data-me dezenove. Já sei
que tenho vinte e nove.
Dias? Faltam apenas nove.
Então lhe peço que prove
minha alma e carne. Me leve
antes que alguém me desove.
Pois quero que me sinta. Só sei
disso agora, prestes aos trinta.
E às dezenove, antes das nove
na noite de hoje, estarei leve
mas depois me soque, me sove
e se puder, me escove.
Que os trinta tragam novas tintas,
pois as velhas, a velhice remove.
nove ou vinte e nove.
--
My love.
quinta-feira, 9 de janeiro de 2014
Contagem regressiva para 30: 10 [Parte 1]
tanto fez que fez
chegou aos trinta.
Olha que drama...
melhor, sinta.
Não há dama
que não teme
e não treme
quando vê a data.
Parece trama,
de um homem
que não se mata
mas ali também
percebe, se sente
mais perto da morte.
"Mas é só trinta",
não me minta,
sei que mais novo
não ficarei.
Meu cabelo cai,
cabeça vira ovo
careca serei
e a vida vai...
sem me perguntar...
sem sequer chamar...
Nesses trinta
risquei tanto giz
nesse caminho que fiz,
que de dez em dez,
já perdi a conta;
já perdi a ponta;
já fiquei do contra;
já aguentei afronta;
já xinguei de "lontra";
já vi quem monta;
quem desmonta;
montes, morros
e ventos cortantes,
mortes, serras,
instantes inebriantes.
E no entanto
me pego sem pranto,
um tanto enxuto,
surpreso: num canto
vejo, debaixo dos panos
do monte que se fez,
que estou à dez
dias dos trinta anos.
--
Estou tentando entender meu lugar nesse mundo, na vida dos outros, na minha própria.
2013 foi um ano importante, no entanto, não gostaria que se repetisse. Muito sofrimento para um ano só.