segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Queria ver a vida

Queria ver a vida
como se fosse ar,
invisível aos olhos,
mas sensível
ao soprar
na face
sua brisa
leve.

Isto já serve.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Aquaplanagem (la petit mort)

A sensação de adrenalina
vira uma qualquer-ína
em alta velocidade
por trás do volante
na chuva, de repente
o freio na tempestade
o espaço e o tempo
param a respiração
por um momento
a aderência some
os sulcos escorregam
o grito, tudo não resume
a pequena morte.

Harmonia

Por que será que negamos
à vida a sua razão de ser
sem sequer se arrepender
da crueldade que fazemos?

É mais fácil deixar se cegar
e viver o mundo de sonhos
que fazer o que proponho:
abrir os olhos para acordar

e ver que o mundo é um só
dele você também faz parte
ainda não dá para ir à Marte

então não deixe tudo virar pó
da natureza não mais se afaste
viver em harmonia que é a arte.



terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Para pensar

Pássaro é seu pensamento
que voa livre sem te deixar,
na cabeça tem seu leito,
mas vida de pássaro é voar.

Não importa como ele voou,
voou para longe da gaiola...
O pássaro te abandonou,
cansou de contar as horas:

Quando você abriu o portão,
ele bateu asas
e lhe deixou penas.

É letra de canção
à pena e nanquim,
bate asas um poema.

sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Sofrer + prazer = viver

Tem horas que é o desespero
que sinto nesse louco mundo
de seguir nas ideias a fundo
e nas vontades que eu quero;

tem hora que é só uma sede
de poder viver e não morrer
e o fim disso tudo não ver
e assim a tal vida se mede;

sei que o desejo não tem fim
e também não atinge só a mim
mas também a todos vocês,

sei que a dor sempre virá
e só quem viver aqui verá
a dicotomia que nos fez.

terça-feira, 25 de novembro de 2014

Uma incerteza

São tantas profecias

que nos contam
que fica a impressão
da vida ser fantasia,
já não se sabe
se será realidade
ou pura imaginação
velhos momentos

e os ventos
que virão.

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Fábula às Avessas

Pequena cereja que fica no topo,
quero que sejas a dama que topo,
que estejas numa fábula de Esopo
e, quando me beija, viro um sapo.

terça-feira, 18 de novembro de 2014

Balançar nas ondas

Ondas, e a balança
uma hora cansa
de balançar
nessa dança
de equilibrar...

...e tudo 'desamansa'
ou se lança
em louca esperança
de tudo se acalmar.

Depois do céu chorar
a bonança
vem e faz a balança
se equilibrar.

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Sem refúgio

Diz saber onde ir
mas não como chegar;
nem um grão vizir
prevê o que está no ar,

enquanto o mundo grita
comendo pó e brita.

Fugir para onde
se o mundo é um só?
Pensa que esconde,
sob o tapete, o pó...

...à vida o vento sopra
espalhando toda sua obra,

se nada de bom fez,
ficou mal ou indiferente,
desperdiçou sua vez
com nada que se apresente.

Conclui...

...Não sabe mais onde chegar
afinal, em qualquer lugar,
o mundo é um lar
para cuidar.

terça-feira, 11 de novembro de 2014

Problema familiar...

Nasceu, ao pai Ódio
e à mãe Intolerância,
a filha Ignorância.

E essa vida de ócio
na área intelectual
tem opinião irracional

e sabe de seu mal,
mas está confortável
ao ser, assim, "amável"

com todo ser animal
que cruze seu caminho,
exceto com o feinho

pois este é execrado,
uma anomalia, um pária,
perdido na sua área.

E o julgamento revive,
"uns são mais que outros
os de menos são monstros"

de repente, em breve
alguém repetirá tal frase.
Terá como resposta: "Que fase..."

domingo, 9 de novembro de 2014

Pragmático

Não acredito em julgamento moral
como condutor real das sociedades

não acredito em religião ou coisa banal
como qualquer dono e paladino da verdade

não acredito que gente que se diz normal
seja sequer um modelo de conduta

não acredito que a resposta virá afinal
pois a vida não te escuta, não é sua puta

a vida é, acontece, e quando você se vai
ela continua a existir

não é sua, nem se repete, se levanta ou cai
cabe a você decidir.

sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Natação

Só, nado,
com sono;
sonado e só,
nada sou,
só quem nada.

Para Ceci, com carinho

Se Cecília
fosse, entre tantas,
minha filha,
posse não seria,
pois quem sozinho anda
é dono de si;
e sempre andaria
pensando em ouvir
o porquê da vida
existir nessa instância.
Daí responderia,
ao poema que fiz,
que o irmão de coisas
fugidias existe,
e não é feliz, nem triste,
é poeta.
Esperta, nos enfeitiça:
é a eterna poetisa.

terça-feira, 4 de novembro de 2014

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Ideias daninhas

Por onde ando é fácil sentir,
na sola do pé, o solo fértil
que brota uma ideia a repetir:
uma erva daninha a crescer,
beleza dessa natureza
que insistimos remover.

Mas ao removê-la,
tudo desequilibramos
removemo-nos
de algo naturalmente
fora de ordem.

quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Escrever é sentir...


Sentir é se doer,
morrer para daí viver
e não se perder.


Para me esquecer
laço preso desfaço
do dedo a mover.


Vou-me assim perder;
vivo e morto, revivo
confuso ao nascer.



Se estou aqui a morrer
penso na vida, tenso,
sem nada entender.

--

Este é um quarteto haikai simbólico.

Moda verbal

A palavra da moda,
hoje em dia,
é a dita hipocrisia,
mas julgar é foda...
Pois ao mu lado
dizem "hipócrita"
e, ao serem julgados,
respondem "déspota"
com indicador em riste.
A verdade persiste:
outros quatro dedos
apontam os medos.
Quem, um dia, diria
que o corpo revelaria,
súbito, as palavras
fora de contexto
que vão às favas?
Então atesto:
"Perdem suas significâncias
devido tamanha ignorância."

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Marcas do tempo

Acorda cedo para cumprir seu papel,
mas o medo lhe molha como chuva
quando algo olha e faz com que suba,
sem perigo, pelo elevador até o céu.

As nuvens carregadas de seu humor
não sentem seus próprios trovões,
soltam raios; o exército dispara canhões
e o cavalo baio carrega a sorte onde for.

Uma alegoria dessas descreve o tempo
que, na alegria ou tristeza, morre e revive
enquanto dele ainda não estamos livres,
pois até beleza ele leva com o vento.

Não adianta correr para se adiantar
enquanto anda contra sua curta vida,
suicídio é o sacrifício que gera ferida
aberta que lhe mente ao se cicatrizar.

terça-feira, 21 de outubro de 2014

ApoColapso [SIC]

Sinto um apocalipse
se aproximar...
Não é mais um eclipse
lunar,
muito menos o anticristo
com o dedo médio em riste.
Sim, insisto!
O colapso existe,
só o relapso que não vê.

Não é o "bug" do milênio
ou outro problema digital;
não é roubo de um prêmio
ou time vendido na final;
também não é imposto da receita
no seu mais novo telefone;
muito menos um povo egoísta
que não entende a fome.

É o fruto da ignorância
ao gerar um filho com a ganância;
é alienação
e manipulação.
Me pergunto, nessa frustração,
até quando nos controlarão?
E não falo de estado e corrupção
ou de maquiavélica corporação,
pois algo maior é a preocupação
que aflige meu coração.

Então pergunto,
ao morto,
em seu conforto:
"até quando aguenta
se deixar parar?"
"Pois só é vivo
quem se movimenta",
ao seu silêncio, argumento.

terça-feira, 14 de outubro de 2014

Seara Saara

Acabou o choro
quandos as lágrimas
se secaram
e as vozes
se calaram.

Não há mais ouro,
ou qualquer milagre.
Acabaram,
seus próprios algozes,
e se mataram.

É muito engraçado
como as lástimas
se provaram
tão verdadeiras
e fatídicas:

Um Samsara desaguado,
sem sequer bagres
que nadam
longe das beiras...
...Longe das bocas.

sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Paz na faixa

Eu pedalei
para bem longe,
me arrisquei
até onde pude
e valeu a pena
tal emoção extrema
de um ônibus
ao meu lado passar
e o motorista
sorrir e acenar
como se o mundo
pode ainda ser bom
com o ar poluído
e tanto ruído
disfarçado de som...

...E lá se vai
mais um busão;
outros passam
e sorrindo
me acenam...

...Eles vêm vindo
e sempre estou vendo...

Assim vou indo,
acenando de volta
e sorrindo.

:)

quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Juras...

Juramento de Hipócrates
feito em juízo por hipócritas;

Juramento do Engenheiro
feito em função de dinheiro;

Juramento do Advogado
feito pensando no povo como gado;

Juramento do Economista
virou juras de "segregalista";

Juramento da bandeira
é, do militar, mais uma asneira;

Juras de amor
ainda causam muita dor.

Jurar é fácil,
tornando o fazer,
e ser bom,
difícil.

sexta-feira, 3 de outubro de 2014

A Malandragem

Samba em bando
dentro da caçamba?
Caramba!

Continua sendo
um samba
sem banda.

Aqui ou em Ruanda,
só malandro
o samba
é bamba.

quarta-feira, 1 de outubro de 2014

terça-feira, 30 de setembro de 2014

EnContra

Contra todas as revoltosas ondas e seus ventos;
contra todas as regras e prévios conhecimentos;
contra tudo que é sagrado, sacramentado e ilibado.
Somos contra tudo
e contra todos.
Pois quando um encontra o outro,
há muito mais que um encontro,
há somente a verdade.
E como todo fato
dessa vida,
somos muito mais
que um casal numa foto.

De quatro

Assim fico de quatro
andando igual cachorro atrás de ti
engatinhando depois que nasci
e renasci ao ver no quadro
uma fotografia da vida
infinita e linda
que com você vivi.
Assim, num quarto
como no dia em que te despi
e, pasmo, ali contigo me vi,
como animais de quatro
se amando noite e dia
sem pudor, só rebeldia,
nesse presente que já vi
no passado,
quando o futuro previ.

quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Todo racismo é ignorante

Há muito que não escrevo prosa por aqui, mas não tem como ser passivo com uma das maiores mazelas do mundo: O racismo, a falha teoria de raça pura e raça amaldiçoada, de que cor é parâmetro para avaliação de caráter e honestidade.

Em pleno ano de 2014, ser racista é simplesmente assinar um atestado de ignorância.
Se um racista estudou matemática, geografia e história, ele deve ser uma pessoa muita burra.

Estas são matérias básicas em qualquer sistema de ensino no mundo, ou seja, um erro crasso cometido em qualquer uma delas comprova que a pessoa necessita estudar novamente no ensino básico (“primário” na época em que cursei).
Pense comigo, não importando a instituição e/ou sistema de ensino, a probabilidade matemática nos mostra que não há, REPITO, NÃO HÁ POSSIBILIDADE de você ser “puro”, filho de apenas uma raça, e que esta não se misturou em muito mais de 2000 anos de história humana. Se você pensa que sua família, por ser branca, é pura, você é um burro em matéria de matemática.

Geograficamente falando (e abrangendo para um estudo quase biológico), comete-se um erro crasso ao ver que no crescimento demográfico do mundo as pessoas não se misturam, as culturas se misturam, a expansão territorial promove misturas, tem que ser excepcionalmente ignorante para reconhecer um fato tão antigo.

Historicamente falando, como poderia uma raça não se misturar em tanto tempo de história humana? Ainda mais com invasões territoriais, bastardos de guerras, filhos de condenáveis estupros. Ou você pensa mesmo que seu sobrenome (necessidade patriarcal estúpida para garantir sua linhagem, coisa estatisticamente impossível de acontecer) é o sinal mais claro de raça pura?
Sério, nessas alturas do campeonato, até a biologia mostra que a mistura é saudável. A espécie humana para evoluir necessita de integração. Se você é contra a sua própria evolução, PARE JÁ de admirar o sexo que lhe é atraente segregando por cor.

Sinceramente, estamos absurdamente atrasados, ainda mais se pensarmos que estamos em 2014. Só falta chegarmos ao ano 3000 e essa babaquice propagada pela estupidez humana ainda estiver incrustada na sociedade mundial.
 
Pense bem, e se lembre: nem VOCÊ, nem seus ancestrais, nem seus filhos são puros. Nunca serão. Nunca foram.

A natureza (força indeterminada que movimenta existência universal) não permite isto.

Duvida de mim? Então, que tal estudar um pouco?

sexta-feira, 5 de setembro de 2014

Lágrima

Mas se apesar de banal
Chorar for inevitável
Sinta o gosto do sal
Do sal, do sal, do sal
Sinta o gosto do sal...
Gota a gota, uma a uma
Duas, três, dez, cem
Mil lágrimas, sinta o milagre
A cada mil lágrimas sai um milagre


-
de Monique Amaral

-

Segue minha resposta (na verdade um complemento, julgo):


Uma lágrima
rola
como gota
e cai a toa,
faz um grito
suicida,
pois toda
tristeza
é morte de si;
milagre
é resistir
ao ego,
cego,
e, nas lágrimas,
se deixar cair.


Uma lágrima
é milagre
para a alma,
um choro
é seu sossego.

Parabéns em 2014

Parabéns para você
que sabe como viver
sem se esquecer da vida,
pois essa, se esquecida,
se torna inércia
e perde da existência
o seu mais querido
e apreciado sentido.
Congratulações para ti
que, à luz do sol, ri
e sabe tornar outro feliz
com sua "forçamortriz",
seja aniversário ou qualquer dia;
felicitações por fugir da monotonia
e encontra beleza em ajudar
o próximo e a natureza
não importando lugar.
Parabéns por trazer paz
num mundo de guerras
e não julgar sem olha,
atrás e à frente,
que o homem erra
ao deixar de ser humano
para satisfazer o ego insano.
Parabéns por fazer o bem
sem esperar algo em troca, também.
Parabéns por mais um ano de idade
e por prezar por qualidade
sem se importar com quantidade
e sem fazer disse motivo de alarde.
Parabéns para você,
pelo seu aniversário,
pela sua vida,
por ser quem você é,
em qualquer idade,
qualquer cidade,
qualquer dia
de sua eterna vida.

terça-feira, 2 de setembro de 2014

Metazoa medíocre

Entre istas e ismos,
o mundo sofre sismos
e não sabe onde parar;
gira e faz onda no mar
sem sequer entender
que vive junto com você
que não acredita em E.T.,
mas no entanto é raro
e também comum.

Ao faro do universo, é só mais um.
Complexo?

--
Terra Rara e Comum num universo de complexidades e simplicidades.

sexta-feira, 29 de agosto de 2014

LIXÃO

Às vezes
meu luxo
é seu lixo:
as fezes
ou refluxo
do prolixo.
Então reflito
e depois refuto;
às vezes
me frito
ou por meses,
de fruto
escrito,
escuto,
resoluto,
o que foi dito:
meu lixo
será um luxo,
mas, até aqui,
não estou nem aí
com seu fluxo.
Nem me lixo.

Se represente

Assim fica
a "pornopolítica",
fazendo masturbação
mental em cima do povão
que deve resolver em quem votar,
como se houvesse candidato exemplar.
Como se houvesse quem fosse lhe representar...
Por que ficar gozando com pau dos outros
quando sabe que todos são escrotos
que apenas querem lhe mandar,
lhe exigir e lhe escravizar?
Pare com a masturbação,
tome alguma ação
não indiferente
na mente.

terça-feira, 26 de agosto de 2014

Subvertecelancião

Subversivo é o verso
no qual fico imerso
no bom e no perverso
pesar de cada terço
de pescoço ou de berço...

Não sei se me esqueço
ou se, enfim, pereço;
apenas sei que mereço,
pois viver cobra preço
e a vida tem meu apreço.

terça-feira, 19 de agosto de 2014

Um canto

Ouço um canto
ali, que me espanta.

Enquanto
me encanta
cobre minha mente
como um manto
e não deixa
o frio entrar.

Meu coração
quente, sente
o que só a canção
consegue falar.

Portanto,
não entendo
como tanta gente
daquele canto
não se deixa
emocionar
quando o canto
começa a soar.

Dignidade não garantida

As suas vozes
soando ao fundo
fazem as vezes
daquele imundo,
daquele mendigo,
daquele esfomeado,
que, sem amigo,
está abandonado.

Será que o pobre
é vagabundo
ou será que esse podre
e vil mundo
não deu chance
para que lutasse
uma revanche?

Impediram que trabalhasse.

terça-feira, 12 de agosto de 2014

A lua vaga nua

Todo dia vejo a lua
logo cedo, na madrugada.
A rua fica toda iluminada
por ela que paira nua
no céu.

Percebo, então, que sou
do universo, que não é meu;
não é nosso... O verso ficou
na folha lisa, a lua ao léu
poetiza.

sexta-feira, 25 de julho de 2014

"Aliteração²"

Corro,
mas morro
na masmorra.

Esporro,
todo tórrido,
essa porra.

Que sarro,
rimo barro
até com borra.

terça-feira, 17 de junho de 2014

Sobre escrever poesia

Sei que ainda devo escrever poesia...
na escola o "dever" não me aprazia,
até o dia em que percebi: ainda escrevo
por querer, não o fiz porque devia.

--

Porque fazer as coisas forçado é o fim da picada. ;)

terça-feira, 6 de maio de 2014

Hoje em dia...

Vemos o dinheiro ter mais valor que a vida,
a palavra ser mais forte que a pura natureza,
mas no mundo real em que deixam feridas
são a parte artificial que gera falsa beleza.

Pois o mundo, por si próprio, já se sabe belo,
o resto foi inventado para alimentar nosso ego.

--

Enfim, o culto midiático à violência chega ao ápice contra-evolutivo, quando numa briga de times rivais (no caso, políticos), uma incitação nos jogue novamente 2000 atrás, para a barbárie da Antiguidade. É muito interessante ver como uma pessoa com um discurso inflamado pode mover uma nação para ações irracionais.
Em pleno ano de 2014, no nosso calendário vigente (nomeie como quiser, o chamo assim mesmo: "vigente"), pessoas ainda acreditam nas mesmas mentiras: dinheiro, cidade, consumo, política, violência... Tudo que deturpa a evolução do raciocínio humano é levado à idolatria. Aí lhe pergunto, cidadão de bem ou mal, será que você precisa disso tudo ou de comida, paz e um teto para morar?
Resumo alguns termos clássicos que não são explicados amplamente:
-política = interesse (seriamos interesseiros e aproveitadores?);
-dinheiro = manipulação (quando você produziu sua própria comida ao invés de comprar?);
-consumo = exagero (afinal você é humano ou consumidor?);
-cidade = FEUDO (e seus moradores continuam alegres em serem escravos e plebeus?);
-violência = inveja (quando deixaste de realizar sua vida para cobiçar destruir a de outro?).

Não são definições absolutas, mas sim mutáveis, e em pleno ano de 2014, parece que voltamos ao comportamento pré-medieval, quando jornalistas atuam como fomentadores de inquisição e apedrejamento popular.

Mas o mundo natural pratica sua própria justiça, pessoas que não domam suas palavras, serão vítimas de si mesmas de seus pensamentos e pesadelos; e antes que seus egos se tornem grandes o suficiente para ofuscar o Sol e iluminar todo um planeta, morrerão como qualquer ser humano, e terão que se contentar que a humildade é a única característica que lhe sobra na morte, pois essa batalha nenhum ego poderá vencer.

Que o mundo aprenda com mais uma lição dada da mais triste maneira, porque do jeito que a carruagem anda, está cada vez mais difícil aprender com felicidade...


Obs.: Se seu ego é tão grande ao ponto de desejar ser lembrado, pense bem em que tipo de lembrança quer deixar. ;)

quarta-feira, 16 de abril de 2014

Para a desenhista

Só digo parabéns, porque não sei desenhar,
mas, tão bem sei que vou te poetizar,
nem sinto a necessidade de num papel pintar,
deixo isso para quem sabe me encantar.

Parabéns, menina de traço e cor,
que rouba todo dia para si o meu amor.

Para a desenhista

Só digo parabéns, porque não sei desenhar,
mas, tão bem sei que vou te poetizar,
nem sinto a necessidade de num papel pintar,
deixo isso para quem sabe me encantar.

Parabéns, menina de traço e cor,
que rouba todo dia para si o meu amor.

terça-feira, 15 de abril de 2014

A lua que não vi

Como é engraçado ver o paulista reclamar
adoidado que perdeu uma vista a admirar,
que não pôde enxergar nada anunciado
por ver o céu acima muito poluído.

Vi nuvens vermelhas, mas nada de lua,
apenas massas de poluição iluminando a rua
e pensei:

“Amanhã o mundo se acabará em hipocrisia,
pois o ser suja, não cuida, e daí fala heresias,
mas em momento algum mudou sua atitude,
nem em pensamento surge algo que a mude...

Então não reclame sobre a culpa dos outros,
nem se inflame, pois os defeitos estão expostos
para todos verem, ao contrário dessa lua
rubra que, talvez, poucos verão linda e nua,
pois hoje o ser humano mal cuida de si,
quiçá do planeta, que também sofre.

O tempo passa, tudo morre
e ninguém ri.

terça-feira, 1 de abril de 2014

Essa desenhista...

Traça solene e
fina linha; imagina
seres, vidas perenes...

--

Perenes como ela.

Non Dvco Dvcor (se tiver açúcar, senão...)

Olho para baixo:
vejo o formigueiro SP,
que acorda cedo,
vive sempre a correr
como quem tem medo,
mas faz o seu dever,
naquele velho enredo:
“Não vou seguir,
sou seguido.
Vou conduzir,
não sou conduzido.”

Mas se ganha açúcar...
...Se finge de otário,
esquece o que falar
e faz o contrário.

sexta-feira, 28 de março de 2014

Crosby, Stills, Nash & Young - Déja Vù

Peço atenção E DESCULPAS, pois o texto de hoje é longo, mas é super-válido. ;)

A querida companheira estava dirigindo hoje cedo a caminho do trabalho e eu, no banco do passageiro, sintonizei a Rádio Eldorado (tinha propaganda nas outras emissoras e fiquei caçando algo para ouvir...) e, de repente, ouço “Woodstock” de Crosby, Stills, Nash & Young e sinto uma nostalgia, vai lá saber se isso é porque a década de 60 é a época que mais gosto da música popular mundial – vide a música brasileira dessa época, cada composição linda – ou uma questão sentimental por conta de alguns discos que ouvi sentado ao lado de meu pai, um apreciador de música, mas a questão é que este disco, especificamente, este pequeno e curto álbum chamado “Déja Vù” desse quarteto, acompanhado de Dallas Taylor (bateria) e Greg Reeves (baixo), devidamente creditados e fotografados NA CAPA, tem sido parte da trilha sonora de minha vida, mesmo não tendo vivido naquela época. Não sei dizer o que raio de sentimento aflora quando ouço esse disco, só sei que é um daqueles poucos que posso dizer algo do tipo “me sinto em casa”. Meu pai não tinha esse disco, mas falava dele como se fosse algo fenomenal, de outro mundo, mas nunca achou para comprar fácil e num preço bom – a classe média na década de 80 e 90 não era abastada, com tanta inflação, comprava-se o pão da semana, pois no dia seguinte a subida de preço era vertiginosa. Recentemente o ouvi conversando com um amigo, lembrando como era difícil para eles até fazer compras, pois tinham que sair correndo antes que o etiquetador de preços do supermercado aumentasse o valor de cada produto, eram os bons tempos de ditadura, economia fantástica, importação PROIBÍDA, tecnologia defasada e mal se podia ouvir Chico Buarque, Geraldo Vandré, Titãs, etc, sem a avaliação da censura sobre o que deve ou não ser absorvido culturalmente: TUDO MIL MARAVILHAS. Vou parar JÁ com o discurso político (foi só para estabelecer um cenário real) e vou retomar a história. Enfim, meu pai não tinha esse disco e eu, já com 12 anos e viciado em música (doses cavalares diárias) em 1996, comecei a fuçar nas locadoras de CDs por discos novos, bandas novas; o MP3 apareceu na minha frente só no ano seguinte, e demorava no mínimo uma hora para baixar um arquivo de música com péssima qualidade de áudio. Conheci muita coisa, pegava CDs emprestado, copiava em fitas, emprestava CDs, trocava fitas com amigos (tínhamos o costume de pegar um CD novinho e ouvi-lo seguidas vezes, copiando uma fita por vez para cada um), mas alguns discos ficavam na minha mente como pulga atrás da orelha... Na verdade, muitos discos ficaram como pulga, coçando minha curiosidade, eu via as capas (a internet tinha acabado de chegar à casa dos meus tios) quando buscava por nomes no “Yahoo!” ou no “Cadê?”, e ficava besta tentando adivinhar como seria cada disco, de acordo com as referências que tinha até então. Só quando fiz 15 anos fui ouvir tal disco, já ouvia heavy metal e tentava, como qualquer “aborrescente”, renegar qualquer autoridade familiar e suas culturas, mas não conseguia NÃO GOSTAR das músicas que meus pais ouviam, nunca consegui DESGOSTAR (diferente de “enjoar”) do que gostei até então, então o Sr. Headbanger Babaca que vos fala ouvia Marisa Monte, Toquinho e Vinicius, Pink Floyd, Genesis, Yes, Fleetwood Mac, Elton John, Tim Maia, Alcione, Jethro Tull, UB40, Simone, Cidade Negra, Fagner, Chico Buarque, Djavan e outras coisas, tudo misturado com o metal e a música atual da época, Planet Hemp, Nação Zumbi (com o Chico), Raimundos, Skank, a cena Grunge, mas tudo escondido no mundinho do meu quarto. Falar para os amigos que eu gostava de Commodores? Não... Que eu cantava com os discos do Zé Ramalho??? Nem pensar!!! Que besta eu era... Achava que isso importava muito. Fiz amizades na escola, algumas dessas duram até hoje, e o pai de um deles tinha (e ainda tem) uma coleção, invejável, a maior que tinha visto naquela época. E PASMÉM, ele tinha o disco que meu pai me falou e despertou minha curiosidade por tantos anos. Eu não tinha ideia do que ouviria, já conhecia Neil Young e gostava muito, conhecia o David Crosby, mas ainda como guitarrista do Byrds, também já ouvira Hollies do Graham Nash e o Buffalo Springfield do Stephen Stills (e Neil Young), mas nunca tinha ouvido na vida esse timaço junto. Quando apertei play, dei de cara com um folk rock psicodélico diferente, quatro vozes fazendo um coro que ressoa até hoje na memória, músicas passando por diversos climas, do blues ao jazz ao experimental, mas sempre com uma linguagem popular e de fácil assimilação, mas não pense que é um disco bunda, é diferente de tudo. Quando meu pai chegou do trabalho e viu o CD que peguei emprestado, ficou feliz, lembro disso até hoje, deu um jeito de ouvir bastante antes de eu devolver (ele não tinha mais toca-fitas no carro, mas também não tinha como copiar o CD). Para você entender a alegria do meu velho, a minha alegria e a alegria do festival de Woodstock, você tem que saber que esse supergrupo foi o único na história que conseguiu rivalizar em popularidade com os Beatles no hemisfério norte, em sua curta duração. Esse disco é tão influente que ouço nuances dele em vários artistas folk, mas a obra inteira é uma viagem completa. Difícil você não se sentir numa fazenda enquanto ouve “Our House”, muito mais difícil você não sentir nostalgia de um lugar onde você nunca botou os pés ao ouvir “Helpless”. Difícil não sentir a angústia de “Almost Cut My Hair”, difícil não se deixar levar com “Carry On” (trocadalho do carilho?)...

Difícil ouvir apenas uma vez.

Depois que ouvi, larguei a mão, mostrei para todo mundo, a maioria torceu o nariz por não ter um solo na velocidade da luz, por não ter guitarras com distorções no talo, um baixo reto e pulsante ou uma bateria que mais parece metralhadora, mas eu não consegui desgostar desse disco, nunca consegui, é um dos poucos discos que é um porto seguro, sempre volto para ele, e nem é o meu favorito, nem de meu pai, mas tem um lugar guardado no meu coração. Foi por causa desse disco, especificamente, que admiti que gosto de música, acima de qualquer definição de estilo ou gênero. Dali para frente, não sentia que precisava esconder que gosto de samba, bossa nova, funk, reggae, ska, soul, r&b, rock, heavy metal, brega, música erudita, jazz, etc...

Não sei se você vai gostar desse álbum, mas fica aqui o link para vossa apreciação, talvez você tenha um choque, mas não se preocupe, apenas feche os olhos e dê toda atenção que puder apenas à música. Esse pequeno grande álbum não pode ser esquecido, nunca!

Se puder, quiser e não for atrapalhar, comente falando o que achou do disco. J

www.youtube.com/watch?v=RnOXkedBmRs
--

Texto: Ernesto Gennari Neto.

terça-feira, 25 de março de 2014

Tempo seco no formigueiro com ar condicionado (...ou Mandinga de Formiga)

Olha, formiga,
sei que também derrete
e já faz até figa,
liberou até o cacoete
e faz mandinga
para que a chuva desperte,

pois, pessoa, formiga
árvore, seja o que for,
nesse tempo louco periga
passar frio e calor
simultaneamente,
desesperadamente.

Com AC, o formigueiro
está chamando
a chuva, dançando.

É certeiro:
O céu estava limpo,
e agora, cheio de nuvens.
Essa dança, que muda o tempo,
faz chover, e todos fogem.

Então formiga,
por favor, pare com mandinga,
se visse as coisas daqui de cima
pensaria melhor em suas cismas
com o clima.

Não adianta reclamar,
muito menos vociferar
ou bater o pé:

aceite a natureza como ela é.

sexta-feira, 21 de março de 2014

Oração de Refeição de Pessoa Formiga (Ou... “Haikão de Dois”)

Formigão abençoa,
meu formigueiro e, onde for,
não nos falte a broa.

Não quero isopor,
não. Pois bem, um baião de dois.
Amém, com amor.

-Formiga-

-
Poema: Ernesto Gennari Neto

terça-feira, 18 de março de 2014

Uma pessoa formiga resolveu pensar...

"Pessoas formigas andando
nos seus dia-a-dias
mais do que normais...

Será que andam pensando
No que haveria
Depois da vida ou algo mais?

Pés após pés, atravessando
ruas e grandes galerias
atrás de mudanças reais

que por aí estão buscando,
mas este formigueiro-ilha
não muda, jamais.

Há pessoas acreditando
que alguém lhes faria
a vida melhorar demais,

como um formigão falando
que um livro que lia
separa legais e ilegais.

Mas que formiga humilde,
como eu, entende de leis
ou de vida?

Melhor trabalhar amiúde
e não ser fora-da-lei
por qualquer coisa lida...

Afinal, formiga que pensa, incomoda.
Formiga que cutuca, é esmagada.
E não estou afim de chinelada."

--
Poema: Ernesto Gennari Neto

terça-feira, 11 de março de 2014

Daqui de cima, todos são formigas

Todos os dias, vejo
pessoas formigas
em seus ensejos
por algo que liga

do ponto B ao A
ao invés de brigar,
o que a levará
a nenhum lugar.

Prédios formigueiros,
onde as servis
trabalham dias inteiros

obedecendo a rainha
e líderes vis
que as mantém na linha.

terça-feira, 4 de março de 2014

Desculpa de Carnaval

Numa terça-feira de carnaval,
pensei, toquei e cantei rimas,
eu ainda não via nada mal
nem na quarta-feira de cinzas.

Mas o fim do feriado chega
como quem diz "sai de cima",
acorda cedo na quinta-feira,
mas não se esquece da rima.

"Porque viver para trabalhar
não é trabalhar para viver.
O mundo girou quando parei

e isso prova que descansar
não é ruim como dizem ser.
Por que trabalhar? Não sei..."

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Vida absurda

Seria tudo um absurdo?
A vida, a morte,
o azar e a sorte
frutos de mero acaso?

Me perdoe se perturbo
sua mente, sua paz,
mas a vida se desfaz,
por aí, em cada passo.

Talvez já se perguntou
da vida qual é o sentido,
mas será que sentiu
que há algo a ser vivido?

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

"Pornopolítica"

A "pornopolítica"
e um tanto mística,
pode virar vício,
ocupando seu ócio
e até sua memória,
nisso você esquece
sua vida e história
enquanto faz prece
para quem governa,
para quem te interna.

Este antigo fenômeno
poderia, pelo menos,
fazer algo de útil,
não passar o fútil
adiante às gerações
futuras e presentes
ao longo de verões
e invernos de mentes

por brigas sem estribeiras,
tal qual Corinthians e Palmeiras.

terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Soneto do tempo incontrolável

Escorrega entre meus dedos,
entre tantos outros medos,
aquele de te perder,
mas não consigo te segurar.

Quando penso nisso, percebo
que já passou, e agora bebo
tentando entender
o que não posso remediar.

Cada segundo me dói,
cada minuto me corrói
e não tem como voltar,

porque é algo inventado
e nada será poupado
quando você se acabar.

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

EXTRA: Fodas chuvosas

Arma a chuva

e uma vulva
encharcada
está roxa
como uva
colhida
madura.
A boceta muda
não fala
mas se expressa
ao falo
e à língua,
e não gosta
de pressa,
sem calma
a alma
não se interessa
por sexo,
versos sem nexo
nada complexos,
eu e você:
côncavo e convexo;
e a chuva
cai lá fora,
céu roxo
escuro,
sem muros,
escrevo nosso furo:
fodas
nas noites chuvosas
afora.

Cobras

Sem sombras,
fico com sobras
de minhas obras
sem brio,
e, sobriom,
sinto as cobras
que me cobram,
me esmagam,
me dobram
em dois,
três,
depois
desfez.
Apaguei.
Cansei.
Me neguei.
Acabei
envenenando
este poema:
o matei.

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Ventos Virão (em 3 partes)

I:

O vento a soprou
para longe
pois não aguentou
segurar onde
sempre segurou;
num farfalhar
o caule a soltou,
uma folha a voar;
um galho quebrou
e caiu de seu lar.
Os ventos vem e vão
sem sequer pensar
em quem afetarão
e podem quebrar
tronco e espigão...
...Sem distinção.

--

II:

Se você é vento,
não seja um tufão,
sem dó ou direção,
seja como brisa,
que passa lisa
aliviando a contento.

--

III:

Sim, ventos virão,
comuns, e alguns são bons,
outros, talvez não.

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

"Miragem (sem terra à vista)"

Imagem passando ao largo
da margem do copo amargo,
silhueta sua,
tua carne nua.

O sal de seu suor na língua
desfaz o mal que já míngua
no seu gemido
bemol e sustenido...

Todo dia desenho e apago
na sua pele, com afagos
e carinhos,
seus caminhos

cheio de curvas sinuosas
nessa paisagem tortuosa
de seu corpo,
dos mares, porto

que está no meu mapa.
Escrevo sem as papas
sobre o X
que ali fiz

para marcar o tesouro,
que tenho num estouro,
de tão precioso
e tão gostoso

quanto fazer essa analogia
ao mar e à cartografia,
apologia ao sexo
e amor sem preço.

Vendo o copo de bebida
miro seu corpo de tulipa,
mas estou sozinho
e bêbado de vinho.

Penso, então:

Tem tanto mar além de você,
mas só sua miragem me vê.
E nela nos vejo,
lhe desejo...

--

Mais um poema para o projeto Curare.
Dessa vez explorando mais o imaginário e usando formas não estruturadas de versos e métricas, mas organizado em estrofes similares.

--

Para a miragem.

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Contagem regressiva para 30: 9 [Parte 2]

Gritou me cedo: "NOVE! NOVE!"
Me confundi, era muito mais suave,
dizia algo como "Vê se move.",
cedo no escuro, mas com voz leve.

Seria sonho ou pesadelo? Não sei.
Devaneio não tem modelo.

No banho o chuveiro chove
deixo que a água me lave
e deixo que a voz trove
uma música que comove.

Seria apenas um banho, mas sei
que ainda estou estranho.

Será que, como nove vira noventa,
eu passo inteiro pelos sessenta?
Mas estou prestes a fazer trinta,
e peço, lhe imploro, que minta.

Data-me dezenove. Já sei
que tenho vinte e nove.

Dias? Faltam apenas nove.
Então lhe peço que prove
minha alma e carne. Me leve
antes que alguém me desove.

Pois quero que me sinta. Só sei
disso agora, prestes aos trinta.

E às dezenove, antes das nove
na noite de hoje, estarei leve
mas depois me soque, me sove
e se puder, me escove.

Que os trinta tragam novas tintas,
pois as velhas, a velhice remove.

Senão me faça esquecer de trinta,
nove ou vinte e nove.

--

My love.



quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Contagem regressiva para 30: 10 [Parte 1]

De dez em dez
tanto fez que fez
chegou aos trinta.
Olha que drama...
melhor, sinta.
Não há dama
que não teme
e não treme
quando vê a data.
Parece trama,
de um homem
que não se mata
mas ali também
percebe, se sente
mais perto da morte.
"Mas é só trinta",
não me minta,
sei que mais novo
não ficarei.
Meu cabelo cai,
cabeça vira ovo
careca serei
e a vida vai...
sem me perguntar...
sem sequer chamar...

Nesses trinta
risquei tanto giz
nesse caminho que fiz,
que de dez em dez,
já perdi a conta;
já perdi a ponta;
já fiquei do contra;
já aguentei afronta;
já xinguei de "lontra";
já vi quem monta;
quem desmonta;
montes, morros
e ventos cortantes,
mortes, serras,
instantes inebriantes.
E no entanto
me pego sem pranto,
um tanto enxuto,
surpreso: num canto
vejo, debaixo dos panos
do monte que se fez,
que estou à dez
dias dos trinta anos.

--

Estou tentando entender meu lugar nesse mundo, na vida dos outros, na minha própria.
2013 foi um ano importante, no entanto, não gostaria que se repetisse. Muito sofrimento para um ano só.