segunda-feira, 5 de abril de 2010

Contas

Estive contando as contas.
As sementes furadas,
parecem de madeira,
estão atravessadas
todas pelo barbante.

Está rodando no meu pulso
por mais de meses
e não esfacela nem desgasta,
mesmo nas violentas vezes
que se arrasta.

Duradouras, dizem que são.
Poderia plantar algo
Cultivar um sentimento
mas na forma atual
é um lembrete de tal
pessoa e evento.

Poderia colorir e secá-las,
mas não seriam mais puras,
e sim moldadas.
Deixa de ser natural
e se torna banal.

Prefiro a forma bruta,
apertando a minha veia,
fazendo o sangue pulsar
com força e avermelha
meus dedos ao inebriar.

O sangue corre lento,
o coração desacelera,
dedos calejados contam
esfera por esfera,
não são nem um cento.

Só cortando eu consigo,
o barbante me solta,
as contas caem
e o meu sangue volta,
e me livro de você.

--

Algumas pessoas são materialistas pelo fato de gostaram de acumular "coisas", outras apenas tem apego por algo que é de uma significância incompreensível aos outros, mas para ambos, quando algo perde o sentido, fere demais e não os alegra, percebem que o objeto não é mais de serventia alguma, então ou entregam na mão de outra pessoa, ou jogam no lixo ou destroem para acabar com a frustração de alguma maneira, nem que seja momentânea.

Não é uma regra, não existem regras para sentimentos. É uma situação corriqueira entre os humanos.

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