sábado, 26 de fevereiro de 2011

Um tema e um trem

I:

Estive andando nas ruas e não ouvi,
também olhei para os lados e não vi,
e agora chego e nada tem.
Fico então preocupado e procurando,
sem saber o quê, onde e quando.

Não sei nem quando isso começou,
só que agora faz parte do que sou.
Não escolheu lugar, foi de repente
e de todos os vazios, é diferente,
pois preenche sem dizer o que é.

Então fica palpável que seja algo
fora da realidade. Me sentindo alto,
percebo que é mais uma ilusão
e que as vezes ando na contra-mão.


II:

Quando dou por mim e me desperto,
me encontro sentado nesse banco,
numa estação conhecida, esperando.
Talvez passe um trem, estou incerto.

Chega o trem sem fazer sua fumaça,
sem queimar diesel no trilho fino.
Para onde vai, diz ser sem destino,
sem parar pelas estações que passa.

O trem segue viagem para algum lugar
e eu fico sentado, pensando...
Esperando...
Onde isso vai parar?
Em algum lugar, não sei onde e quando.
Não sei nem mais, nem menos o porquê.


III:

O que não ouvi e o que não vi
são chamados que não entendi
e nem vou procurar entender.

Pois esse trem é minha vida
e ele passa por tantas vidas
que não ouvi e nem vou ver.

Segue rápido por noite e dia
e eu devo sentir a alegria
de poder seguir e viver
sem me preocupar porquê.

4 comentários:

  1. Gostei da citação sobre trens, mas achei o texto melancólico e corriqueiro.

    Adoro trens...na realidade gosto do charme e da ansiedade da espera.

    Acho incrível o papel que os trens têm alguns filmes como:

    DESENCANTO (1945): Local para encontro de um casal de adúlteros.

    Murder on the Orient Express, 1974: Cenário incrível, uma história brilhante.

    The Tourist 2010: Sou fã do Jonny Deep....um trem com ele, simplesmente sem comentários.

    Além disso, temos a famosa música
    Trem das Onze a singular canção do mestre Adoniran Barbosa, moro na região do Jaçanã...temos algumas estações de trem desativas é passeio muito legal.

    Até mais

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  2. Eu adoro trens, mas tenho uma decepção na vida, nunca tive um ferrorama. Ah, que tristeza... mas deixando as mazelas de lado, em um sentindo é melancólico e corriqueiro sim, mas é algo mais, na minha opinião. Vejamos, não quero ser o pai coruja dessa cria, mas significa algo mais, alguém procurando o seu lugar no mundo, e um sentido para tudo isso.

    Você já saiu perdida por aí depois de beber bastante ou usar algo que altere suas percepções? São coisas que te fazem questionar, e questionando, você contesta e argumenta consigo mesma sobre coisas que as vezes nunca fez sentido, nem sequer passaram pela sua cabeça. E assim caminhamos. Até chegar ao ponto de que a questão se apresenta insolúvel e é melhor deixar de lado, mesmo que esta venha a lhe cutucar futuramente. Eu dividi em três partes para simbolizar algumas coisas, tem referências que não vou explicar, nem como cada parte forma uma trilogia de começo, meio e fim. Mas você pode interpretar de uma maneira que torne isso algo além do corriqueiro e melancólico. ;)

    Quanto aos filmes, só assisti o segundo, que deixa meu queixo no chão até hoje. Vou tratar de assistir Desencanto, para me educar cinematograficamente falando, ou seja, me divertir e repassar o conselho. :)
    O Turista parece interessante, está na fila.

    Adoniran... só ele mesmo para transformar uma simples despedida em algo épico, não? Vamos morrer e essa música continuará a ser difundida entre os futuros paulistanos. História se faz assim, começo, meio e fim, nem que seja em poucas palavras, mas com muito envolvimento.

    Até mais! :D

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  3. Não tinha interpretado o poema por este prima que você me apresentou agora.

    Mas tenho uma dúvida e quando a sua mente começa pedir para que você altere as suas percepções ou simplesmente fuja de toda racionalidade que já construiu em cima de sua conduta porque está cansada e almeja descanso e paz....o que devemos fazer neste caso?

    O trem que sempre sonhei em pegar sai da Plataforma 9 ¾ !!!!

    Até mais

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  4. É a minha maneira de interpretar e tem uma coisa bem legal que coloquei nesse poema, mas pouquíssimas pessoas entenderão. Sabia que os trêns de São Paulo (CPTM) "andam" na contra-mão? Foram construídos por ingleses, aí está o motivo.

    Provavelmente, sua mente está pedindo para sonhar e se soltar. Não sei se você faz isso com freqüência, mas pegue um dia e fique em total silêncio, ausência de conversa, saia sozinha e caminhe sem destino, escreva no papel ou faça anotação mental de tudo que vier pela sua cabeça, sem exceções. Tente ligar os pontos depois. Deixe sua mente livre para tudo.
    Quando cansar, descanse.
    Às vezes precisamos de um chacoalhão mental antes do sossego pleno.

    Harry Potter é? Só li os três primeiros, mas é uma história bem fantasiosa.

    Até mais! :)

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