A: (empolgado)
Vi aquele traço rodar na folha
gerando uma forma aqui e ali
numa linha fina de nanquim,
formando um quadril, depois um umbigo
apenas um mero detalhe de um furo.
Meu amigo, se eu puder te explicar
o que vi ali; aquele traço se tornando
palpável as minhas mãos
e tendo reações ao toque de meus dedos
aquele abdome feminino se projetando
na realidade de minha visão.
Antes de você tomar esse gole,
tá, eu sei que a cerveja vai esquentar,
mas cara, a figura ficava assim
oscilando entre o papel e o corpo
real, daquelas mulheres que caímos
de joelho, de cara no chão, é mole?
Não me diz que foi alucinógeno,
não tomei nada além de água mineral,
não comi nada demais além de arroz e feijão.
B: (um tanto descrente com o começo do papo)
Irmãozinho, deixa eu te interromper,
eu trabalho com desenho, design a anos,
e você não, é um cara de matemática e letras,
no máximo, o que te deu de resolver brincar
com tinta, lápis, papel e canetas?
Ninguém te avisou que pode ser
fatal e te levar por baixo dos panos
a outro mundo ou uma loucura?
Eu te avisei que um dia você ia pirar...
A: (indagava se B estava duvidando)
Eu me lembro, como poderia esquecer?
B: (dando de ombros)
É por isso que eu nem tento escrever.
A: (sentindo-se desdenhado)
Mas devia, é um complemento que pode ajudar.
B: (acalmando os ânimos de A)
Está bem, um dia vou tentar,
mas continue.
A:
Então, quando vi no meu traço feio,
sair aquela coxa gostosa saliente
no papel, pude perceber que algo
poderia estar errado na minha mente,
mas não consegui parar o rascunho
B: (gargalhando)
Peraê, você tá me falando de rascunho!?
Ah "bro", vá se foder!
Dá logo aqui essa bagaça que eu quero ver.
A: (irritado)
Toma a folha aê, zé-ruela!
B: (rindo)
Putz meu, como você desenha mal!
Mas eu vi potencial, me empresta?
A: (um tanto contrariado)
Me diz algo que eu não sei!
Sim, pode levar, mas é o que me resta.
Então devolva!
B: (perplexo com o drama alheio)
Como assim é o que te resta?
A: (tentando valorizar a "obra")
Você não deixou eu terminar, ouça:
Vieram as coxas, depois fiz todos os membros
e me veio esses seios na cabeça...
a hora que eles surgiram...
fiquei ouriçado, excitado,
quando me vi já desenha os lábios
os olhos, o rosto... só pintei a boca.
aí parti para o centro e desenhei a buceta.
B: (lhe invade, uma vontade de tornar próximo o que A lhe explica)
Posso arte-finalizar isso?
Faria umas correções...
A: (ficando empolgado com o interesse de B)
Deixa eu terminar, depois você
faz as suas observações.
Surgiu essa mulher em cima da mesa,
nua em pelo, perfeita.
Falando coisas no meu ouvido
e perfumada com cheiro de flor.
Era menina-mulher feita
de pele, carne e osso, de amor.
Em suma, transava como louca
e ainda mordia minha boca.
B: (rindo e pensando que A seria um bom escritor de filme pornô, e só...)
Esse teu sonho tava bom demais, hein?
A: (mostrava orgulhoso as marcas da noite)
Se fosse sonho... estou com marcas
nas costas e o melhor de tudo,
uma mordida no cotovelo.
Se não acredita, tente morder o seu!
E se ela aparecer no meio da arte,
não se esqueça que esse desenho é meu!
B: (se ria, mas olhava aquelas marcas de dentes no cotovelo de A com certa inveja)
Como você é egoísta, e ciumento!
Mas tudo bem, respeito o seu desenho.
Agora toma essa cerveja!
Eu faço a arte e você escreve.
A: (agora ria e concordava, iria escrever mais sobre isso)
Tá bom, fica assim.
Acho que serve.
Muuuito animal de foda esse texto! ;)
ResponderExcluirSimplesmente magnífico....dei muito risada.
ResponderExcluirAmei o Zé – ruela, nossa fazia muito tempo que eu não escutava está expressão !!!
Gostaria de saber se tal situação foi real....porque algo levemente semelhante já aconteceu comigo !!!!! rsrsrsrsrss
PS: Como os meus amigos de barzinho dizem, foda é outra coisa !!!!! rsrsrsrs
A situação, não é real, mas é baseada em conversas de bar que tive com amigos meus ao longo da vida (quase todas tem algo do tipo e muitas risadas acompanhando), misturada com a arte que vi recentemente feita pela minha namorada. Mistura um pouco nessa minha cabeça torta, e sai isso.
ResponderExcluirA parte engraçada é que eu fiz questão de deixar muitas frases rimando, dá um tom diferente, não acha?
Fica mais divertido, musical, sei lá! :P
Seis amigos estão corretos, foda é outra coisa! heaheahehahea
O que aconteceu de semelhante com você?
Seria um crime com “As conversas de botequim” se eu escrevesse aqui o que aconteceu de semelhante comigo.
ResponderExcluirEu jamais conseguiria contar essa história sem morrer de vergonha!!! rsrsrsrs.
Não podemos esquecer que a nossa Sociedade, ainda recrimina quando as mulheres fazem certos comentários a respeito de assuntos polêmicos.
Além disso, nos mulheres, quando em grupos não somos exemplos de discrição, o que complica tudo...rsrsrsrsrsrsrsrs
Adorei as rimas... A leve sonoridade e a descrição que você fez do nascimento do desenho.... Faz com que qualquer leitor possa imaginar essa cena.
Esse texto, poderia facilmente virar uma HQ, não acha?
Você é humana, então logo tem o mesmo direito de usar de palavrões e jargões vulgares como seus pares do gênero masculino, resumindo: mande TUDO PARA A PUTA QUE PARIU! heahehaheaheaheahea
ResponderExcluirPoderia virar HQ sim, quem sabe mais para a frente... :)
Eu escrevi como se estivesse observando a conversa, acho que funcionou um pouco.
Realmente um grupo de mulheres e discrição não combinam. heahehahea