Cansei de meus dedos
que digitam fúrias,
amores, sons e medos,
essas minhas agruras
que enfeitam de letras
um espaço por arremedo,
zombaria de mim mesmo.
Cansei da minha poesia
que se dá nessa hora
de sentimento e nostalgia
mistos num "quê" de agora
tal qual uma urgência
mental, caso de ambulância.
Embora cansado,
uma ânsia me impele
a escrever, derramar sangue;
me rasgar a vista e a pele
para deixar registrado
um pedaço que arranque
da hemorragia, a emoção
coagulada numa canção.