Uma leitura poética
me viaja no tempo
direto ao café quente,
onde via formar,
na fumaça espessa,
o contorno de sua boca
- no nosso entorno
de atitude louca -
a brancura de seu sorriso
e os faróis azulados
dos olhos que tentavam
me ofuscar a visão
em meio a neblina.
Era para não falarmos,
evitar contato,
mas nada dito
foi levado a sério,
nem o café expresso
que se tornou
demasiado longo,
assim como todo o impasse
- léxico, realista ou complexo -
que passamos por cima.
Ainda fitamos
com nossos desejos,
vontade de você,
vontade de mim.
Ainda sinto vontade de ser
o homem do con(s)(c)erto
do poeminha
que guardo na carteira.
E, tal qual uma boa sina,
ainda o lerei por eras inteiras
e a vontade, talvez nunca passe...
...assim espero...
...assim me acontece,
toda vez que leio
poemas numa xícara de café.