quarta-feira, 11 de dezembro de 2013
Verwirrung
assim me arrebatou
sem bater na porta
sem sequer pedir licença
uma balbúrdia um tanto torta
me traz sua presença
tanto que, se você ler estes versos
de forma reta ou alternada
verá sentidos dispersos
que dizem tudo ou nada
terça-feira, 10 de dezembro de 2013
Independência Nadadora
nesse mar
os náufragos
com água e sal
lhes fazendo mal
até o esôfago.
Uns disputando
a tapas um pau
outros afogando
sem ver uma nau
sequer...
Pelo menos nado
não sinto medo,
nem da morte
pois ela é
a minha sorte.
Quem aprende
a ser independente
não depende
que alguém
o lamente.
quinta-feira, 5 de dezembro de 2013
"Livro e Circo", me livre!
lançar minha poesia
em livro,
aí dessa frustração
já me livro,
porque num país onde
Lobão
é um dos
mais vendidos
da lista,
'ex-comunista'
e agora atira
de colunista,¹
no país de onde
Sarney
é romancista
e um 'eterno'
na academia
(está lá, confira)²,
já não sei
se meu céu-inferno,
minha poesia,
não seria uma melhoria
porque, como já dizia
o palhaço Tiririca,
"pior do que tá não fica".³
QUE CIRCO!
¬¬
--
¹ - Lobão, antigo esquerdista, agora "neocon", tem seu livro na lista dos mais vendidos e é colunista da VEJA, argumentando da maneira que sabe, com ofensas, falácias e pouco conteúdo relevante; além de proporcionar um desserviço à classe artística, também presta um desserviço à sociedade, mente em rede pública falando que é o primeiro artista independente do Brasil, quando de fato ele está mais de 10 anos atrasado em sua colocação, mente em rede pública quando emite sua opinião política, apenas causa polêmica para fazer sua auto-promoção enquanto, como artista, é medíocre: os fatos não mentem.
² - O termo correto na Academia Brasileira de Letras é "imortal", termo que condiz com sua carreira política no governo, pois é eterno senador, coronel do estado do Maranhão e presta um desserviço à classe literária do país, já foi criticado de maneira contundente por Paulo Francis (que se tornou conservador mais tarde) e Millôr Fernandes que destituiram de qualquer moral este distinto corrupto aproveitador.
³ - Lema da campanha política deste artista circense/deputado federal nas eleições de 2010, onde foi o deputado mais votado da história do país, que por "increça que parível" [SIC], foi um dos nove deputados com 100% de presença no congresso, sofreu preconceito por ser analfabeto, contribuiu para causa de sua classe artística, pisou no tomate ao votar errado algumas pautas por "confundir-se com o painel", dizem por aí que também votou contra o 13° salário (não posso confirmar), e ainda foi realista ao dizer sobre o congresso que "Você passa o dia inteiro fazendo nada, só esperando para votar alguma coisa enquanto as pessoas discutem e discutem...", é, "pior que tá não fica" mesmo.
--
Minha opinião:
Não apoio político algum, acredito que um mundo melhor é um mundo de consciência, ética, respeito, sem distinção de poder entre pares e sem qualquer espécie de governo. Um mundo melhor onde dinheiro, ostentação e ganância não são pautas de vida.
Se você vota, você escolhe ser escravo.
quarta-feira, 4 de dezembro de 2013
Um papel e um celular
Um simples papel
aceita do doce mel
ao amargo do fel;
rima do inferno
até prosa do céu;
não é eterno,
mas vive
enquanto durar
e também cuidar.
Nele se escreve,
porém, hoje estive,
sem problemas,
a dedilhar
meus poemas
no celular.
Há de convir
e vir,
resistir
e desistir,
latir
e pedir,
decidir
e confundir,
há o que ouvir.
segunda-feira, 25 de novembro de 2013
Escapismos = Panaceia?
Assim passava o dia,
sem perceber enquanto lia
qualquer porcaria no jornal.
Via que a inércia não movimenta
e não ajuda quem experimenta
o que dizem fazer mal.
Mas, afinal, cada um encontra
seu próprio escapismo
e assim o enfrenta.
Desigual na maneira que usa,
mas de um eufemismo
particular em como abusa,
pois tudo pode ser droga:
Há aquele que joga,
aquele que bebe,
aquele que fuma,
aquele que lê,
aquele que escreve,
aquele que fala de você...
E de uma pluma
o vento muda
a direção;
e você, um dia,
sequer pensaria
que perderia
sua razão,
que também pode
ser a droga que fode
um amor, um irmão,
até um ideal de nação.
Não aceite moralismos
contra seus escapismos,
só use com moderação.
segunda-feira, 4 de novembro de 2013
O que sou?
Já quis ser desenhista
e também um lutador,
tentei ser até jogador,
e cogitei ser jornalista,
mas entre tantos "istas"
e outros tantos "ors",
tudo que eu quis ser
passei a esquecer,
pois sou coisas mistas
e não apenas uma cor,
porque entre querer
e viver o seu real ser
há tanto a diferença
quanto se supõe ser
algo que venha a ver
ou se sinta por crença.
No fundo sou quem sou
ontem fui e hoje vou,
não bem onde quero
e menos ao que venero.
Sou minhas vontades,
o que gosto, música
e escrita, nessa busca
de minhas verdades.
quinta-feira, 24 de outubro de 2013
Esse cão ancião e brincalhão
e no meio de tanta dor
no meu peito,
pensei muito no que fazer...
Só me restou lhe escrever
até a hora do aviso
de fora
de que nada vai lhe acometer.
Você, que me mostrou amor
verdadeiro e nada cobrou
do companheiro
que sente sempre seu calor.
E aqui me pego chorando
de felicidade, sem tristeza,
de verdade,
por você estar andando,
e mesmo com setenta e sete anos,
pulando como criança,
brincando,
e me faz lembrar que, entre humanos,
você é mais humano que nós,
animais selvagens
e também boçais.
E mesmo com os olhos de foz,
sei que minhas lágrimas são
instintivas, não controlo,
estão vivas
como você, meu querido cão. :)
--
Repito: Esse cãozinho, o Polo, é o ser mais humano que conheci nesse mundo cheio de animais selvagens que se dizem humanos.
terça-feira, 17 de setembro de 2013
Prantear
o recinto
tão lotado,
mas fatigado
e fustigado,
um tanto
mal tratado,
e sem espanto
não vejo santo
nem ser desalmado,
e mesmo quando
eu canto
no meu canto,
enquanto
me encanto
com um conto
já pronto,
me encontro,
no entanto,
rolando pranto.
Dá um desconto.
--
Estou feliz com esse poema, muito bom. Acho que o meu bloqueio se mostrou necessário, no fim das contas.
segunda-feira, 16 de setembro de 2013
O amor e sua vida própria - Análise simples da história de Jesse e Celine (CONTÉM SPOILERS)
quinta-feira, 29 de agosto de 2013
Haikai de Adão
Adão, sem qualquer noção,
come uma maçã.
-
Mal sabe que vai dar merda.
sexta-feira, 26 de julho de 2013
Era para ser outra coisa...
"Eu me anuvio,
então me alivio",
escorre um rio
no fio da navalha.
Sequer mais viu,
sentiu só frio
não mais sentiu,
virou uma mortalha.
Se fosse fácil
morrer tão dócil
nesse mundo vil
que te estraçalha
não pensaria mil
antes do ardil,
com que cobriu
a morte e a batalha.
sexta-feira, 28 de junho de 2013
Patriota = Idiota
é, no fundo, um idiota
que serve ao pior agiota:
esse estado, que te enxota
de casa e te conta lorota
de que é bom ser patriota
e que cada um tem sua cota
se cumprir na vida sua rota,
definida por quem vota,
e explorando quem labuta,
vendendo até a xoxota
para não ir a bancarrota,
e privando da última gota
de água, causando revolta
no povo que não suporta
ficar com a veia exposta
sangrando por quem corta
cada vida como colheita
de uma natureza morta.
O estado é um déspota
que agride, com sua frota
de agentes feitos de bosta,
o povo que o sustenta
e o torna digno de nota
numa sociedade remota,
e com ego inflado, se dota
dum poderio e afronta
quem o confronta
numa guerra torta.
Não seja mais um patriota,
senão será mais um idiota.
quarta-feira, 19 de junho de 2013
Levante
foi passada via telefone sem fio,
navegando como um grande navio
no tortuoso rio da nossa existência.
Vimos passar do desumano ao vi,
do que é burro ao babaca e imbecil,
mas também gente honesta e gentil
com todo e qualquer tipo de crença.
E não entendemos nossa presença,
nesse mundo de terceiras intenções;
nesse universo de grandes dimensões;
nessa vida sem grandes emoções;
nesses nossos trabalhos-prisões.
Quem nunca quis fazer um levante?
Por favor, não se acanhe e cante
sobre o que lhe é mais importante.
Você, enquanto vivo, tem que fazer
o seu momento de vida aqui valer
e mais que sobreviver, você deve viver.
terça-feira, 18 de junho de 2013
Gritar!
deve ser vívido
e vivido!
Gritar, protestar,
enfim, manifestar
a insatisfação!
Se não se move,
então morre
sem ter vivido.
Se não grita,
se cala
em sua escravidão.
Faça diferente,
seja independente
de líder!
Seja dono de si,
ninguém manda em ti,
nem se quiser.
quarta-feira, 12 de junho de 2013
Um poema e um tema
mais que gostaria
e até escrevia,
um livro sem fim
sobre você,
mas o dia
não duraria
e nem veria
um capítulo
até anoitecer.
E o livro sem fim
ficaria inacabado.
Que ironia.
E quanto a mim?
Só e chateado,
nesse dia.
Mas logo passa
ao te encontrar.
Com você
o tempo passa
devagar
e o amor
nos dá calor
e assim ficamos
a namorar,
até depois de casar.
Então me desculpe
por não te dar
tal livro
que não saiu livre.
Mas esse poema,
eu posso te dar
enquanto longe.
E estou sempre
a te amar,
não importa
quando ou onde,
E com um poema
e um tema
me entrego
a você
para fazer
o que quiser
comigo.
--
Porque apenas um dia não resume o sentimento de um amor.
Feliz dia dos namorados, minha amada! ;*
quinta-feira, 23 de maio de 2013
Pessoas (simulacros) em coma profundo
Como se esquecem, essas pessoas,
da dor alheia e o gemido que soa
como o grito da turba que povoa
a praça pública em manifestação?
Perdidos nas suas simples vidas
que passam tão desapercebidas
e são totalmente desperdiçadas
sem sequer formular uma questão,
essas "pessoas na sala de jantar"
não querem saber o que melhorar
e como podemos mudar o mundo...
E enquanto você finge que não vê,
existe alguém que morre por você
e seu direito ao coma profundo.
--
II
Pessoas não são mais,
apenas simulacros;
humanos fracos.
Nem parecem reais
de tão loucos.
Humanos são poucos.
Seres e mentes artificiais
que se alienam
e disso gostam.
Seus destinos fatais
são os mesmos;
e andam a esmo.
terça-feira, 21 de maio de 2013
Louco
a música no rádio
e cantava a melodia
sem errar as notas
e as letras.
E ainda variava:
assobiava
e batucava
no volante
por um instante.
Era assim agora,
mas sempre fora,
e quem via de fora
o tachava de louco,
mas quem não é um pouco?
terça-feira, 7 de maio de 2013
Trauermarsch (5ª de Mahler)
rodando solto, neste momento,
pelos meus tímpanos abençoados
que identificam o sentimento
de estar ao gélido relento
num funeral com quem foi deixado
para uma vida cheia de nostalgia.
Deveria ser forte a cacofonia,
mas esta música me emociona
de forma cortante e dramática
que deixa minha alma estática.
Nada mais no corpo me funciona,
exceto o castigado coração
que a cada detalhe dessa audição
funesta e linda que me faz sofrer.
Me sinto incapaz até de segurar
esse choro e quero só me soltar
em lágrimas ao invés de me conter.
Um grito que entala na garganta
me machuca e, também, espanta
pela força com que faz apertar
dum pobre ser, tomado pela dor
de Mahler, que sangrou para compor,
o coração com sangue a jorrar.
--
Poema com métrica em 10 pés na tentativa de passar a sensação de ouvir o 1º movimento (Trauermarsch) da 5ª sinfonia de Gustav Mahler repetidas vezes.
Me sinto emocionalmente destruído por ouvir uma música tão linda e angustiante. Aliás, a sinfonia inteira é de uma beleza ímpar.
segunda-feira, 6 de maio de 2013
Saudade de dois gumes
é a mesma que me alegra.
Alegria que mistura
com tristeza pura,
sendo dois gumes de faca
que fogem à regra.
Poema em crise
Agora parece-me um momento perdido em vão,
pois me falta a tão falada inspiração.
Eu só coloco a caneta no papel
e movimento para sair letras ao léu.
Vai entender esse bloqueio mental
o que penso não surte efeito para tal
atividade de escrever um poema
e se torna uma frustração, um problema.
Recorri aos livros para ter ajuda,
mas tudo virou um "Deus nos acuda!";
minha cabeça entrou em parafuso
e agora estou com medo do desuso.
Afinal, nem lendo aqueles meus caros
amigos poetas, senhores Vinícius e Carlos.
consegui transformar uma ideia em verso;
me sinto defasado, um completo retrocesso
no que gosto de fazer de verdade...
mas que peça safada, que maldade.
Um poeta sem inspiração é um nada;
a poesia fica presa, bem amarrada,
parece um nó apertado na garganta
de uma boca suja e nada santa
que grita, canta, xinga e fala
toda essa porcaria do mundo, essa tralha.
Já tentei de tudo para imaginar
rimas, versos e estrofes para cantar,
mas realmente estou perdido
e um tanto arrependido
de tentar escrever de cabeça quente
algo assim, súbito, de repente.
Mas a caneta continua a se mover
e dessa escuridão continuo a temer
a maldita falta de inspiração,
esse bloqueio mental que me assola, frustração.
Vou parar de tentar essa porcaria,
quem sabe sai algo em outro dia...
--
Escrito em Março de 2011. Achei no meio de uma bagunça de uma gaveta. Já tinha até dado como perdido.
Esse poema relata um período em que eu não conseguia ter ideias (que me agradassem) para escrever, então parti do princípio de que teria que relatar esse momento frustrante pelo qual estava passando para esvaziar a mente.
segunda-feira, 22 de abril de 2013
Sentido: Mistério
sobra poluição, outros detritos
de origem industrial. Eu suspiro:
"Até quando seremos malditos?"
Mas ainda não tenho repostas,
sobram-me perguntas diversas
e de tudo que nos é proposto
fica a fuligem que suja o rosto.
Será a poluição
a nossa eterna maldição?
Será a vida na cidade
banal e sem piedade?
Até quando aguentar
isso será "prosperar"?
Ar condicionado ou ventilador?
Injeção ou o velho carburador?
Notebook ou micro computador?
Urbano torpor ou bucólico furor?
8 horas trabalhadas ou a sua vida?
2 dias de folga ou uma era vivida?
Salas cinzas ou, do céu, outra cor?
Alegria ou uma vida de pura dor?
Tristes realidades em que me inspiro
para escrever coisas que eu piro.
E, diante do que o mundo se tornou,
será que alguém já se perguntou
se está realmente satisfeito?
Ou será que lhe é melhor um leito?
Pode ser da UTI,
do SUS,
do necrotério.
"Pode ser aqui",
supus,
mas fica o mistério...
sexta-feira, 12 de abril de 2013
Ocaso do acaso
vivida em descaso
ocasionam coisas
que me impressionam,
como da existência
o ocaso indecifrável
sem uma experiência,
um caso irremediável.
segunda-feira, 8 de abril de 2013
Noiva atrasada
Até parece descaso.
Por acaso,
que caso
normal,
velho e atual,
se repete
(mas promete...)
no dia de se casar.
"Dá sorte! Xô, azar!"
Sem respostas
deve ser sofrida
enquanto vivida?
Será que o prazer
de poder viver
também é sofrer?
Seria noite e dia,
uma monotonia
duma tarde fria?
Perguntas simples e tristes
que estão sem respostas...
Sentir
enquanto, sentado,
procurava sentido
em sentir.
Pôs-se em sentido,
sem ter tido
ordem sentida
sem sentido.
Sentou-se quieto
pois estava certo
de sentar
e o fim sentir.
Sentimento sólido,
até sórdido
lhe sentiria
seu ouvido,
mas ouviu-se nada.
silêncio faria
a alma sentada,
e o corpo, sentindo,
parava de sentir
e parava de viver.
Sente nada, só vê,
um fim sem sentido,
sentindo-se
deixando de sentir.
E por fim não falou,
mas a alma gritou:
"Morri ao sentir
que estou indo sem ti."
Soneto de abolição e libertação
Sua longa história não me diz onde vou.
Meu nome não mostra o que viverei,
não simboliza nem diz por onde passei.
Minha história é minha, eu que criei.
Cada mágoa e cada sina que vivi
e cada alegria viva que experimentei
não são da família em que nasci.
Então vou abolir essa escravidão
e me libertar desse amargo grilhão
que insiste em me prender.
Ninguém, senão eu, me conhece.
Nada dessa servidão me apetece.
Eu não nasci para obedecer.
Vida decepcionante
embaixo da ponte
nunca pensou
que lhe sobrou
mais liberdade
que alguém que come,
preso num emprego
(vivendo sem sossego)
que, na verdade,
é decepcionante?
Talvez, da ponte,
este escravo
salte para morrer.
Um ato bravo:
deixar de viver.
E você verá,
que a fome o matará
mas o escravo moderno
já se sente morto,
com sintoma eterno
de ter o corpo torto,
analisando o suicídio
após o ofício.
Não se importam
com prós e contras.
Vão e não voltam,
sequer olham para trás.
Eu preferiria passar fome
do que ser mais um corpo que some.
--
Uma imagem legal que vi nesse blog: http://anarkrevolution.blogspot.com.br/:
Authority, violence, control and slavery
mercy doesn't exists anymore,
because the power of the will is an order
to make one suffer a lot more,
this is just pure cruelty.
For the aggressor is just another novelty
and the victim shall never be free.
While someone wears fur,
an animal is in his bare skin
if alive. That's a mad dream
to protect some of winter.
That's how we should feel,
exploited and then neglected,
a scenario so surreal
becomes our reality.
Any kind of authority
shows us the face of cruelty,
and the only way it can control
is by putting up a wicked show
where few have lots of power
and many have to fight this "order".
Any kind of violence
is generated by anger,
motivated by hunger,
hate and injustice.
If you don't fight authority
your destiny is to live
poorly and hungry under
a masked slavery.
Uma casa para morar
Procuro, por aí, só um lugar,
que seja, para comprar,
ou um lugar para alugar
e poder chamar
meus amigos para jantar,
beber, fumar,
rir, ouvir um disco e viajar.
De verdade, procuro um lar.
Onde vivo, não consigo amar,
então me sobra odiar
e reclamar, gritar e brigar,
quando mais quero parar
e conversar algo salutar
num ambiente até familiar.
Já sei que esse lar
eu mesmo vou formar
em qualquer lugar
seja céu, terra ou mar.
Basta eu chegar
e minha mente estar
no lugar,
e terei uma casa para morar.
Afinal, eu sou meu lar.
Reiniciar
recomeçar essa minha vida,
recuperar o tempo perdido,
pois já acabei com este
em que estou preso ainda
e apenas me deixou fodido.
Mas eu sei que não seria
diferente, pois sou o que sou
e não mudaria isso, nunca.
Dói viver com a hipocrisia
de ser alguém onde estou
e não fazer uma pergunta
quando quero perguntar,
não falar quando sinto
que devo falar algo
e não poder sequer gritar
quando a dor que sinto
pedir que grite logo.
Não posso voltar no tempo
mas como eu gostaria...
Eu seria leve como o vento
e outras vidas eu viveria.
Crianças
e ao mesmo tempo assustam
o adulto, sempre certo e firme.
E com sua astúcia, nos mudam.
E crianças que somos, enfim,
rimos da risada desses bebês
que são o começo, meio e fim
de algo novo que não se prevê.
Minhas crianças nascerão nuas
e viverão livres como vierem
ao mundo, soltas como a lua,
e se tentarem um dia, molda-las,
tenham cuidado, se preparem,
pois estarei lá para defende-las.
--
Minhas crianças serão educadas com responsabilidade e liberdade, que são lados de uma mesma moeda. Vou fazer diferente do que fizeram comigo.
quinta-feira, 4 de abril de 2013
Sentimento irracional
que tal sentimento era integral,
coisa acadêmica, calcular,
derivar algo que soa normal.
Mas podemos calcular o amor?
Gênios deixam o ego se expor
e o sentimento mais humilde
desses cálculos, se esconde.
Engolem na análise final
e concluem: "o amor é irracional."
--
Para todos que tentam explicar que o amor segue uma ordem lógica e racional, diferente desse pequeno e velho poema com métrica quadrada em 9 pés.
quinta-feira, 28 de março de 2013
Que pátria?
Já dizia uma canção: "nenhuma pátria me pariu".
Amo a mim mesmo e a quem eu quiser amar.
Sigo livre de líderes e não nasci para liderar.
Não sou representado e nem gostaria de ser,
prefiro pensar por mim mesmo e, por fim, viver.
quarta-feira, 27 de março de 2013
Um poema só
e assim, só, lido
com a solidão,
ouvindo soul, vindo
ao cais ver pôr do sol, indo
embora;
depois lá fora
é a hora
em que a lua cheia está vindo
toda brilhante e nua, rindo
por ser a única no céu
e fazer inveja com fel
ao humano cruel.
Mas eu me rio, enfim sou lido
falando de que é vivido,
dos males, das coisas boas,
até da libido.
Pois fazer isso ter sentido
mesmo sem ter alguém ferido
dá um trabalho, etéreo, e sólido.
É um tanto quanto mórbido
escrever algo do que tem sido,
até então para ser só lido,
pois quando não sou lido,
me vejo um poema muito só.
E só.
--
É soda.
sexta-feira, 22 de março de 2013
Hoje só se fala com a mão...
e você já não sabe mais quem anda ao lado...
Seria mais um estranho caminhando desavisado
de que solidão parece maior conforme andamos
sozinhos nesse mundo grande e tão atrasado?
Quem seria culpado desta sensação senão nós?
Afinal, com tanta gente diferente no mundo,
pronta para se comunicar, ainda estamos a sós
e mal acompanhados no vazio profundo
de nosso cotidiano imundo e um tanto atroz,
onde um telefone,
outro celular,
um eletrônico
traz mais acalanto
do que um olhar,
o segundo pronome,
ditado sônico,
por uma verdadeira voz.
É... que solidão... que podridão...
Meu irmão, pare de falar com sua mão.
segunda-feira, 18 de março de 2013
Um pouco mais humano
mas sei, por outros motivos
a dor da sua fome
e, enquanto muitos ainda
dormem,
esperando a segunda vinda
de um deus vivo,
estamos nesse cruzamento
antigo...
Tentei ficar vazio
para você me temer
enquanto, humilde,
me mostrava seu RG.
Partiu para outro carro,
depois voltou para me ver
e, num instante, não me senti
sozinho
e já tinha sacado, da carteira,
"dezinho".
Fiz sinal para que viesse ao meu lado
e lhe dei a nota
que recebeu com sorriso
e no meu coração ouvi um riso
enquanto você me disse
na madrugada, metrô Marechal,
perto da parada,
"Deus abençoe você e eu"
e isso mostrou-me mais
irmandade
e solidariedade
que qualquer deus.
Lhe sou grato por me ensinar
tal lição que caridade nenhuma
ensina.
E caso nos encontremos outro
dia, irmão, num semáforo da
região ou outro lugar dessa
cidade cuja sina é sem amor,
sem paixão,
será minha vez de agradecê-lo
por me provar que defendo
algo que existe:
"A irmandade
pela solidariedade."
A fraternidade
em meio a adversidade
ainda persiste.
Aprendi muito mais sobre a
vida em um minuto
do que em quase 30 anos
em que só escuto.
E você, amigo, me ensinou
a ser mais humano
no mundo feio onde estamos.
Que os deuses abençoem
você e eu,
querido amigo meu.
quarta-feira, 13 de março de 2013
Saudosismo amaldiçado
Saudosismo é sim um sentimento muito complicado:
faz me sentir velho embora esteja longe de ser idoso.
Acho, por puro "achismo", no entanto, que, passado
o tempo, até o espelho me deixa, da vida, desgostoso.
Comparando ontem, hoje e as andanças do mundo,
me vejo em êxtase, mas perto de um coma profundo
da alma em apóstase, ao ver que os diversos lados
tanto nos dividem quanto nos matam, sacrificados.
Vejo que, sem mar, sol e terra, sou frio e concreto;
passa outra fase da vida e, então, do torpor desperto:
Tal maldição fala à outra parte que me mate - "é certo" -
a razão ao revisitar o inconsciente que me é secreto.
Saudosismo maldito que me atravessa o coração,
me cega, me emudece e me tira a grande emoção
de viver no infinito onde não há ninguém como eu:
"Pelo que lembro, esse sentimento já me esqueceu."
Saudosismo que solta meus demônios, me deixe.
Sonho em lhe esquecer e não quero mais o feixe
de sua luz, pois relembrar quase uma vida inteira
é tortura e atrapalha qualquer futuro que eu queira.
--
Parece confuso, mas não é.
terça-feira, 12 de março de 2013
sexta-feira, 1 de março de 2013
A humanidade de um pequeno cão
Duas semanas atrás tive uma discussão onde fui estigmatizado e classificado como se fosse mais um delinquente de um jornal qualquer. Pura incompreensão. E o que um filho incompreendido faz? Discute, grita, fica nervoso diante de tanta injustiça. É muito fácil classificar um filho de acordo com as palavras que os psicólogos e médicos televisivos adoram usar para categorizar o que é diferente e não aceito por qualquer ser conservador e resistente à mudanças. Como sei disso? Eu sou resistente às mudanças da vida, embora saiba que elas são inevitáveis e ainda tento mudar esse comportamento em mim (confesso, sem falsa modéstia, que mudei muito nos últimos anos e cada vez mais entendo que, fora da política, Trotsky estava correto, a revolução é permanente; digo mais, a revolução acontece de dentro para fora). Meus pais não entendem tanto as mudanças, muito menos gostam de baques quebrando a imagem de que seu filho é perfeito, trabalha, estuda e não faz besteiras. Mas a individualidade de cada um sobrepõe qualquer imagem e foi isso que aconteceu, individualmente sou muito diferente de meu pai e de minha mãe, tenho gostos muito diferentes deles, muito diferentes de meu irmão também e por isso, nessa crise, a primeira reação que tiveram foi me expulsar de casa. Fiquei chateado, pois sei que ia sentir muitas saudades deles se por ventura não voltasse, mas um ser ficou impassível diante de toda essa situação: meu cão. O Polo foi o único que, ao longo dos anos, após diversas brigas, vinha me consolar ao contrário de me julgar; mostrava compaixão ao invés de perder a razão e não via maldade em nada. Alguns diriam que ele é só um animal, mas meu cão sempre se mostrou mais humano e solidário do que todos os seres humanos que conheci ao longo da vida, inclusive mais humano e solidário que meus pais que, num surto animalesco selvagem em meio a gritaria (não estou salvo, fui animal também), resolveram que tudo que eu havia feito na vida não prestava, que jogaram todas minhas qualidades pela janela perante um pequeno detalhe tão demonizado pela hipocrisia mundial. Que meus pais me desculpem, mas o único ser que foi humano de verdade naquela noite quando eu precisava conversar honestamente, o único ser que teve compaixão e me aceitou exatamente como sou sem querer que eu fosse diferente do que sou foi o Polo. Não estou falando isso para magoar ninguém pois amo meus pais, mas aprendi mais sobre humanidade e solidariedade com um simples e alegre cãozinho do que com minha família. Se me falarem que não sei cuidar de criança, que não sei limpar sujeira, que não sei alimentar um bebê, que não sei dar carinho e amor, sóbrio ou ébrio, direi-lhes que estão errados, faço isso com o Polo e tudo que ele me dá em troca é uma companhia sincera. Ele não fica ao lado de ninguém forçado, ele fica porque quer. Não há livro libertário, humanista ou anarquista, que diga isso. Não há música, pintura ou filme que passe essa experiência concreta. Não há escola, religião ou doutrina que ensine essa pequena lição. Não existem valores ou virtudes maiores que o amor. Valores mudam de geração para geração, virtudes viram vícios e vice-e-versa, enquanto o amor é uma coisa sua, sui generis, claro. Meu pequeno cachorro me ensinou muito sobre amor. Em grande parte das mudanças da minha vida ele estava me esperando chegar em casa.
Não escrevo isso para magoar meus pais, eles não sabiam o que fazer comigo, não posso culpá-los, não existe um manual de instruções para cada filho que nasce no mundo. Mas o cão dá o exemplo. Amo muito meu cão, pois ele sabe que sou em essência, mesmo com tantas mudanças, ainda o mesmo de sempre.
Sei que ele nunca poderá ler isto, mas enquanto ele viver vou retribuir cada momento que tive unicamente junto com esse cão que, mesmo fazendo sujeira fora do jornal, roendo coisas, sumindo com algum pé de meia, comendo o manjericão direto do pé, desobedecendo ordens expressas ensinadas pelo meu irmão, mostrou mais compaixão e amor que qualquer ser que conheci no mundo.
Me dói o coração só de pensar que não há quem vá me compreender como essa bola de pelo que quando chego em casa não exita em lamber meu rosto e fica pedindo para eu coçar-lhe as costas e depois jogar algo para ele pegar diversas vezes até se cansar e dormir enquanto eu fico fazendo música no violão (não toco flauta e gaita perto dele por causa de seus ouvidos sensíveis). Ontem ele ficou comigo sentado no quintal enquanto eu via estrelas no céu, coisa meio difícil de acontecer na metrópole com o céu poluído. Só ele veio; minha mãe, que amo tanto, nem se deu ao trabalho de dar uma olhada no céu quando a chamei.
Eu voltei para casa e ainda me sinto um extraterrestre por ser do jeito que sou e não ser aceito tão bem pelos meus pais e pelo meu irmão, mas o Polo, sempre está lá sacudindo o rabo de um lado para o outro.
Para falar a verdade, não sei o que será da minha vida quando ele se for, não sei se vou conseguir tão cedo arrumar uma companhia como ele, nem sei se vou querer substituí-lo, não quero nem imaginar, mas sei que isso acontecerá um dia.
O meu cão é o ser mais humano que conheci nesse mundo cheio de animais selvagens que se dizem humanos.
sábado, 16 de fevereiro de 2013
Exílio em solidão
expulso de sua casa por preconceito.
Se o mundo é minha casa, meu lugar,
onde ninguém pode me mandar
porque devo viver sob um conceito?
Viver assim é um martírio.
Não nasci para agradar, mas para viver
minha vida e somente isso posso fazer.
Viver da maneira que eu queira
e não como você espera.
Mas de repente estou só
nesse mundo imensamente povoado.
Sou uma antítese ambulante
e o mundo ideal parece distante
enquanto ando desorientado.
É isso mesmo, ando sozinho.
De repente a paz de espírito me invade,
não acabando com a dor, mas acalmando
um pouco meu coração machucado
e impedindo que ele se mate,
se espalhando como pó.
É como me sinto. E o vento não ajuda
pois fico cada vez mais espalhado
e um tanto quanto perdido.
E andando acho, quieta e muda,
a solidão no meu caminho,
e a sofridão de cada um que perdeu
qualquer chance de compreensão
e um mínimo de compaixão,
e agora pensam na vida, como eu.
Não tenho nada que é meu,
e não quero nada de outras pessoas,
exceto que aceitem quem sou.
Se não funcionar, me vou
para onde minha mente ressoa.
O que me sobrou senão eu?
A solidão, que nunca me abandonou.
Poderia dizer que, juntos, somos dois,
mas estaria mentindo pois
entendo que a solidão sou eu.
sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013
Sangro na ribalta
domingo, 13 de janeiro de 2013
Inspiração
a chuva na noite lava toda a desgraça
dessa cidade nesses dias confusos.
Enquanto você dorme e, linda, ultrapassa
o sétimo sono quente que te abraça
numa cama cheia com seus sonhos
e eu aqui, sentado, olhando essa cena
enquanto uma música me emociona
e faz com que eu veja que pessoa
mais linda eu conheci e como ressoa
nos poemas que fiz,
percebo essa inspiração vir de você
e nada eu posso fazer
se é ela quem me diz,
só me resta escrever
e fazer alguém feliz.