Neste dia fatídico,
um dia específico,
não há vislumbre
de algo que dobre
a minha língua,
que cale
minha voz,
que sobressalte
a pulsação...
Lá a lua míngua
seus males,
mas a casca da noz,
ainda resiste
qualquer pressão.
quinta-feira, 31 de março de 2016
Verso vazio
As ideias me faltam,
os versos do meu afã
sumiram como este,
como se o perdeste
em alta velocidade,
como bipolaridade
muda os humores
de seus reais atores.
E de repente o verso
(se) vira(-me) do avesso
e esqueço o que iria
escrever...
os versos do meu afã
sumiram como este,
como se o perdeste
em alta velocidade,
como bipolaridade
muda os humores
de seus reais atores.
E de repente o verso
(se) vira(-me) do avesso
e esqueço o que iria
escrever...
sábado, 26 de março de 2016
Luna Sina
Um uivo solitário
é o que emito
à brilhante lua
enquanto vago pela rua.
Sem resposta, repito
procurando ao lado
uma alcateia
nessa pradaria conhecida,
em meio a noite vazia.
Sem retorno de
uivos em companhia,
a solidão sentida
da natureza minha,
vestida de homem
(enquanto sempre lobo),
disfarça toda beleza
em versos decadentes
entre dentes caninos
que, por muito pouco,
laceraria corpos,
mas se encerram em copos
que refletem luz noturna,
enquanto uivo,
solitário,
procurando resposta,
procurando resposta,
solidária,
esperando presença
lupina.
Talvez fingir ser humano é,
aos lobos, uma sina.
Esquecer a tentação
é negar-se à sua essência,
mas, por experiência -
e da vida, intermitências -
lupinos já sabem,
há muito o fazem.
Mas o uivo é o último refúgio,
se por um infortúnio,
deixarmos de uivar,
melhor deixarmos de viver...
Nunca negue a natureza do uivo.
quarta-feira, 23 de março de 2016
Saudades de um ser sem maldade
Num dia, uma hora de almoço,
após tanto tempo, chorei...
Chorei e chorei, copiosamente,
como se num alvoroço
de lembranças, memórias à mente,
me atacassem. Me desmanchei...
...em pranto, pois reconheci
sua ausência, bem ali.
ao te ver,
mas não era você.
Mais tarde, visitei sua antiga casa,
onde lhe visitava
e passava horas aos seus pés,
debruçado no chão.
Esse impacto abalou minha fé
de um mundo justo.
Não mais escuto
os que dizem por aí
sobre as coisas triviais
como nascimento e morte,
pois desde que se foi,
tudo que, até então, ouvi
sobre amor são frases banais,
e sua presença
se fez sua ausência.
Quanto protelei?
Para poder sentir,
e não lhe dizer "adeus",
mas sim "olá, meu
velho amigo",
protelei muito.
Não mais tentarei apagar tua memória
para me poupar da dor do amor de sua história.
Foi sincero,
gratuito;
fortuito,
ali, quando lhe vi;
sabia que não era você,
mas o coração não quer saber,
ainda sente muitas saudades de ti.
após tanto tempo, chorei...
Chorei e chorei, copiosamente,
como se num alvoroço
de lembranças, memórias à mente,
me atacassem. Me desmanchei...
...em pranto, pois reconheci
sua ausência, bem ali.
ao te ver,
mas não era você.
Mais tarde, visitei sua antiga casa,
onde lhe visitava
e passava horas aos seus pés,
debruçado no chão.
Esse impacto abalou minha fé
de um mundo justo.
Não mais escuto
os que dizem por aí
sobre as coisas triviais
como nascimento e morte,
pois desde que se foi,
tudo que, até então, ouvi
sobre amor são frases banais,
e sua presença
se fez sua ausência.
Quanto protelei?
Para poder sentir,
e não lhe dizer "adeus",
mas sim "olá, meu
velho amigo",
protelei muito.
Não mais tentarei apagar tua memória
para me poupar da dor do amor de sua história.
Foi sincero,
gratuito;
fortuito,
ali, quando lhe vi;
sabia que não era você,
mas o coração não quer saber,
ainda sente muitas saudades de ti.
Florbela e Chico
Escrevo, numa página branca,
o lado do qual não me eximo,
como se Florbela e Chico
fossem a poesia que espanca
as paredes dessa branca sala,
com palavras em tintas
de cores invisíveis aos olhos
mas audíveis aos sentimentos,
como uma sonora escala
(daquelas que umedecem
a visão num arroubo,
como se soubessem
do sentimento que roubo
do tempo que passa longe
do cotidiano que nunca passa;
daquelas melodias
que só o interior escuta
ao passo que se perscruta
no ouvido uma pausa
de noites e dias)
cantada por uma voz
inaudível ao mundo,
mas gritante no fundo -
em seu pontual âmago -,
de que assim somos nós:
silentes, mentirosos,
sedentos, receosos,
mas, por dentro, sinceros;
pelo momento, dispersos...
...Até sabe-se lá quando...
talvez até a folha em branco
se acabar e apenas sobrar
o colorido do mundo
no azul do planeta,
nos globos de seu olhar.
o lado do qual não me eximo,
como se Florbela e Chico
fossem a poesia que espanca
as paredes dessa branca sala,
com palavras em tintas
de cores invisíveis aos olhos
mas audíveis aos sentimentos,
como uma sonora escala
(daquelas que umedecem
a visão num arroubo,
como se soubessem
do sentimento que roubo
do tempo que passa longe
do cotidiano que nunca passa;
daquelas melodias
que só o interior escuta
ao passo que se perscruta
no ouvido uma pausa
de noites e dias)
cantada por uma voz
inaudível ao mundo,
mas gritante no fundo -
em seu pontual âmago -,
de que assim somos nós:
silentes, mentirosos,
sedentos, receosos,
mas, por dentro, sinceros;
pelo momento, dispersos...
...Até sabe-se lá quando...
talvez até a folha em branco
se acabar e apenas sobrar
o colorido do mundo
no azul do planeta,
nos globos de seu olhar.
segunda-feira, 21 de março de 2016
Presença de Espírito
Te ver fantasma, aparição,
qualquer figura de etérea
e deletéria assombração,
me confunde até a matéria
da vida registrada ao olhar.
A distância que se tornou
essa sensação de nostalgia
não é mais do que afasia,
uma conversa que cessou,
trauma afligindo o falar
de uma alma que voou
e talvez não mais voltará.
Se por ti for atormentado,
por tempos indefinidos,
terei sido até agraciado
de memória ao meu lado,
continuando o assombrar
desta vida cheia de alma,
cuja presença de espírito
é uma reincidência calma
que aceito, sem manifesto.
qualquer figura de etérea
e deletéria assombração,
me confunde até a matéria
da vida registrada ao olhar.
A distância que se tornou
essa sensação de nostalgia
não é mais do que afasia,
uma conversa que cessou,
trauma afligindo o falar
de uma alma que voou
e talvez não mais voltará.
Se por ti for atormentado,
por tempos indefinidos,
terei sido até agraciado
de memória ao meu lado,
continuando o assombrar
desta vida cheia de alma,
cuja presença de espírito
é uma reincidência calma
que aceito, sem manifesto.
Poemasia
Neste dia, uma leitura
de poesia é uma cura,
ao passo que é veneno
sua escrita...e é mesmo.
Pode ser que mal digo
um poema de maldito,
mas sei que tu rimas
sentimentos com ramas,
pois tu és poesia pura,
enquanto eu só escrevo
o que aqui me tortura
e o que, dentro, observo.
Me sei apenas servo
bendito à nobre poesia
e maldito ao que sirvo:
um poeta em demasia.
de poesia é uma cura,
ao passo que é veneno
sua escrita...e é mesmo.
Pode ser que mal digo
um poema de maldito,
mas sei que tu rimas
sentimentos com ramas,
pois tu és poesia pura,
enquanto eu só escrevo
o que aqui me tortura
e o que, dentro, observo.
Me sei apenas servo
bendito à nobre poesia
e maldito ao que sirvo:
um poeta em demasia.
sexta-feira, 18 de março de 2016
Regime semi-aberto
Quem me dera
poder daqui mudar
para qualquer lugar
onde eu possa
pelo menos
abrir a janela.
Não aguento mais
ficar aqui, atrás
dessa janela
que não fecha
e nunca se abrirá;
aqui virou um lar...
...Um lar que detesto
e sempre devo voltar,
pisando em espetos
fodendo meu calcanhar.
Trabalho escravo
moderno que explora,
te deixa até bravo,
mas ainda te devora.
Como eu,
você também quer
estar lá fora.
Queremos ir embora
e nunca mais voltar.
poder daqui mudar
para qualquer lugar
onde eu possa
pelo menos
abrir a janela.
Não aguento mais
ficar aqui, atrás
dessa janela
que não fecha
e nunca se abrirá;
aqui virou um lar...
...Um lar que detesto
e sempre devo voltar,
pisando em espetos
fodendo meu calcanhar.
Trabalho escravo
moderno que explora,
te deixa até bravo,
mas ainda te devora.
Como eu,
você também quer
estar lá fora.
Queremos ir embora
e nunca mais voltar.
Se Viu Guerra
E assim, depois de tudo,
o povo no espelho civil,
na cena em que se viu
percebeu todo o absurdo
que ali se acometeu
e nada se justificou.
o povo no espelho civil,
na cena em que se viu
percebeu todo o absurdo
que ali se acometeu
e nada se justificou.
Não se derrama sangue,
não importa o motivo,
diálogo é o que conserva
uma conversa que estanque
qualquer rasgo dolorido
feito pelo povo desgarrado.
A ética pode ir ao espaço,
quando a massa berra
palavras de quem erra
ao validar discursos rasos
de gente de moral falha,
cujo ódio nos espalha
e, à beira de um colapso,
talvez numa civil guerra
onde (a)briga suja (a) terra,
nos vemos tão ineptos
que pensamos desistir
do sonho do povo se avir.
...Mas desista de desistir!
Pois há de se batalhar,
e que o façamos nas idéias;
que de nossas fileiras
loucas poesias venham ao ar,
para construir revoluções
e ganhar novos corações.
não importa o motivo,
diálogo é o que conserva
uma conversa que estanque
qualquer rasgo dolorido
feito pelo povo desgarrado.
A ética pode ir ao espaço,
quando a massa berra
palavras de quem erra
ao validar discursos rasos
de gente de moral falha,
cujo ódio nos espalha
e, à beira de um colapso,
talvez numa civil guerra
onde (a)briga suja (a) terra,
nos vemos tão ineptos
que pensamos desistir
do sonho do povo se avir.
...Mas desista de desistir!
Pois há de se batalhar,
e que o façamos nas idéias;
que de nossas fileiras
loucas poesias venham ao ar,
para construir revoluções
e ganhar novos corações.
Prantorrente
A emoção é uma torrente
que, somente com forças
de seres sobre-humanos
e mitológicos, tem chance
de se parar pois é maré
forte a inundar a costa;
se não para, molha o rosto.
que, somente com forças
de seres sobre-humanos
e mitológicos, tem chance
de se parar pois é maré
forte a inundar a costa;
se não para, molha o rosto.
Masoquista
De que me adianta ler
o que fustiga a essência
dessa minha experiência
humana, desse meu ser?
Seria eu masoquista?
Apenas alguém cuja dor
se mistura com o calor
de um poema em vista?
Um poema cujo verso
inicial me soa agressão,
como um soco - uma mão
direta - em cheio na face.
Onde cada golpe atingido,
em rima, verso e estrofe,
me sangra e me comove
o coração, dentro, afligido.
Poemas de dor e
poemas de ardor...
...A poesia sua,
a poiesis que suas.
Sol(idão)
Como seria a vida do astro sol?
Será que ele já se sentiu tão só?
Mesmo rodeado de um universo,
será que ele se sente um verso...
...Solto?
Será que ele já se sentiu tão só?
Mesmo rodeado de um universo,
será que ele se sente um verso...
...Solto?
quinta-feira, 17 de março de 2016
(Frear) A profecia Kafkiana
Será que Kafka se sentiu assim?
Uma sensação inquietante
num breve instante, na avenida?
Uma sensação sem fim
de que algo ruim vem à surdina?
Pois me é inquietante o que vejo,
o que ouço e o que leio.
Parece que leio entre as linhas
da rinha que corre a história
que nos passa sem deixar memória.
Mas que faremos se isso é mais
que ensejo, desejo da névoa?
Não faz sentido deixar acontecer
novamente o que Kafka previa
no passado que esteve a escrever.
Deveríamos travar um encontro
e tentar parar a névoa espessa
com nossos ventos de confronto
por meio da palavra travessa,
da poesia da terra e das veias!
Uma sensação inquietante
num breve instante, na avenida?
Uma sensação sem fim
de que algo ruim vem à surdina?
Pois me é inquietante o que vejo,
o que ouço e o que leio.
Parece que leio entre as linhas
da rinha que corre a história
que nos passa sem deixar memória.
Mas que faremos se isso é mais
que ensejo, desejo da névoa?
Não faz sentido deixar acontecer
novamente o que Kafka previa
no passado que esteve a escrever.
Deveríamos travar um encontro
e tentar parar a névoa espessa
com nossos ventos de confronto
por meio da palavra travessa,
da poesia da terra e das veias!
terça-feira, 15 de março de 2016
Finta
Queria matar o silêncio
da folha em branco,
mas ele já morreu
quando dentro gritou
qualquer sentimento
agora escrito no papel
e, que no entanto,
tentei apagar à borracha,
mas só espalhei a mancha
de poroso grafite.
Sujei todo o papel sulfite
de sangue cinza,
que não mais estanco,
e letras, que num espanto,
ainda aparecem
me fazendo finta.
da folha em branco,
mas ele já morreu
quando dentro gritou
qualquer sentimento
agora escrito no papel
e, que no entanto,
tentei apagar à borracha,
mas só espalhei a mancha
de poroso grafite.
Sujei todo o papel sulfite
de sangue cinza,
que não mais estanco,
e letras, que num espanto,
ainda aparecem
me fazendo finta.
segunda-feira, 14 de março de 2016
De cabeça para baixo
Eu olho o céu,
mas vejo terra
e, ao ver o chão,
enxergo nuvens
que se movem
sem uma razão,
até rugir a fera,
e chover o véu.
mas vejo terra
e, ao ver o chão,
enxergo nuvens
que se movem
sem uma razão,
até rugir a fera,
e chover o véu.
Praça Mística
Aqui, parado nesta mística praça,
sinto sua presença me invadir
e quase lhe vejo, só falta que faça
todo a graça do jardim florescer,
mas percebo que isso é fruto
desse cansaço, que me proíbe
as chances de sonhos noturnos.
Aqui tenho diurnos devaneios
sobre a vida e, me escrevo
de maneira que não vivencio
de maneira que não vivencio
essa frustrante realidade
tal qual me foi imposta:
de que te lembro e lhe sinto,
no que parecia um sonho finito -
mas é um devaneio que persiste.
sexta-feira, 11 de março de 2016
Casa dos Poetas
Em meio a essa chuva,
quero beber-te vinho
ao andar pelo jardim
de rosas e uvas
da casa dos poetas.
Vinho de sobriedade,
ao passo que um café
pode abalar qualquer fé
e mudar a realidade
da casa e dos poetas,
num doce desvario
por onde vazam palavras
e poetizam as chuvas,
enquanto o céu sorriu,
como se fosse poeta,
ao lavar o mal da terra,
ao fazer nos encontrar,
poetas num pomar
a versar sobre quem erra
por essa terra de poeta.
quero beber-te vinho
ao andar pelo jardim
de rosas e uvas
da casa dos poetas.
Vinho de sobriedade,
ao passo que um café
pode abalar qualquer fé
e mudar a realidade
da casa e dos poetas,
num doce desvario
por onde vazam palavras
e poetizam as chuvas,
enquanto o céu sorriu,
como se fosse poeta,
ao lavar o mal da terra,
ao fazer nos encontrar,
poetas num pomar
a versar sobre quem erra
por essa terra de poeta.
quinta-feira, 10 de março de 2016
Surpresas...
...Nem sempre são boas.
Às vezes, vem como tiro
e o resulto, que me refiro,
é uma sangria...à toa.
Às vezes, vem como tiro
e o resulto, que me refiro,
é uma sangria...à toa.
quarta-feira, 9 de março de 2016
Percepção do Som na Infância
Me volto a memória
para períodos
mais que recônditos
nos labirintos
da história
e seus fatos.
Nos tempos de juventude
pude ver que, ao desenvolver
algo de consciência,
a doce experiência
humana vinha a crescer
e, sem ter quem ajude,
a cabeça passou a pensar,
como que por si mesma,
e um ser ali brotou,
um pensamento fincou
mastro, trouxe a resma
de folhas e passou a registrar...
Cada momento na mente consumia
tintas, quadros fotográficos,
bytes e muitos papéis
que aceitavam seu revez
de todo lado prático,
devia registrar toda hora, todo dia.
Até que percebi, orvalho
era um mistério e o som...
aaaaahhhhhh, o som é o prazer
que me costuma fazer
despertar sentidos de um dom
que todos têm retalhos...
Cada um se refugia num sentido
e o meu foi a audição, sempre,
pois é o que me faz ser eu.
Não é algo que é só meu,
outros também são, do ventre
ao presente, nisso até parecidos.
Desde aquele vislumbre
da consciência pueril e inocente
que me crescia, sabia
dessa sublime alegria
que me quebrava a corrente
da realidade insalubre,
ouvir os sons da natureza
era o descobrir da música
do mundo, grande maestro,
nem canhoto, nem destro,
apenas uma esfera acústica
que ressoa toda uma beleza
emocionante na sua construção.
Isso mexia com cada pedaço
que se organizava no piscar
de olhos que é o ato de pensar,
e se apoderava de todo espaço
de meu pensamento em evolução.
...E fico, até hoje, hipnotizado
pelo poder do som no ouvido,
parece que volto ao início
de tudo, num doce precipício
que ecoa a música do mundo
para este ser amaciado,
acalantado e sentir a doçura
da gota do mel num oceano
de mares salgados.
para períodos
mais que recônditos
nos labirintos
da história
e seus fatos.
Nos tempos de juventude
pude ver que, ao desenvolver
algo de consciência,
a doce experiência
humana vinha a crescer
e, sem ter quem ajude,
a cabeça passou a pensar,
como que por si mesma,
e um ser ali brotou,
um pensamento fincou
mastro, trouxe a resma
de folhas e passou a registrar...
Cada momento na mente consumia
tintas, quadros fotográficos,
bytes e muitos papéis
que aceitavam seu revez
de todo lado prático,
devia registrar toda hora, todo dia.
Até que percebi, orvalho
era um mistério e o som...
aaaaahhhhhh, o som é o prazer
que me costuma fazer
despertar sentidos de um dom
que todos têm retalhos...
Cada um se refugia num sentido
e o meu foi a audição, sempre,
pois é o que me faz ser eu.
Não é algo que é só meu,
outros também são, do ventre
ao presente, nisso até parecidos.
Desde aquele vislumbre
da consciência pueril e inocente
que me crescia, sabia
dessa sublime alegria
que me quebrava a corrente
da realidade insalubre,
ouvir os sons da natureza
era o descobrir da música
do mundo, grande maestro,
nem canhoto, nem destro,
apenas uma esfera acústica
que ressoa toda uma beleza
emocionante na sua construção.
Isso mexia com cada pedaço
que se organizava no piscar
de olhos que é o ato de pensar,
e se apoderava de todo espaço
de meu pensamento em evolução.
...E fico, até hoje, hipnotizado
pelo poder do som no ouvido,
parece que volto ao início
de tudo, num doce precipício
que ecoa a música do mundo
para este ser amaciado,
acalantado e sentir a doçura
da gota do mel num oceano
de mares salgados.
Sobre nossos poemas
Sei que, talvez,
muitos dos poemas que leio
não são para mim,
mas os torno meus por meio
da contemplação
e por deixar cada palavra
invadir, enfim,
minha imaginação,
esta minha pequena lavra.
Lavra que também poetiza
linhas de pura ojeriza
e versos de doce beleza.
Não será possível me "ler",
pois não me abro livro,
só podes pouco me conhecer,
por meio dos versos presos
e de outros livres
que venho a escrever.
E mesmo assim, faço sigilo
de cada sentimento meu,
e para me entender,
assim como minha poesia,
deves decifrar metáforas,
e fazer como fiz eu:
tornar meus poemas teus,
apreciando, mundo afora.
muitos dos poemas que leio
não são para mim,
mas os torno meus por meio
da contemplação
e por deixar cada palavra
invadir, enfim,
minha imaginação,
esta minha pequena lavra.
Lavra que também poetiza
linhas de pura ojeriza
e versos de doce beleza.
Não será possível me "ler",
pois não me abro livro,
só podes pouco me conhecer,
por meio dos versos presos
e de outros livres
que venho a escrever.
E mesmo assim, faço sigilo
de cada sentimento meu,
e para me entender,
assim como minha poesia,
deves decifrar metáforas,
e fazer como fiz eu:
tornar meus poemas teus,
apreciando, mundo afora.
terça-feira, 8 de março de 2016
Gatuna
Espécie noturna,
de hábitos felinos,
seu arroubos
furtivos
me roubam
a razão
dos sentidos
já mínimos.
Com garras e dentes,
me corta
a garganta,
morde
pescoço,
me marca
o peito,
me rasga
até todo sangue escorrer.
Morro por violência
e hemorragia.
E você assim
se delicia.
Roubando minha vida
na calada da noite
...ninguém escuta
minha morte.
de hábitos felinos,
seu arroubos
furtivos
me roubam
a razão
dos sentidos
já mínimos.
Com garras e dentes,
me corta
a garganta,
morde
pescoço,
me marca
o peito,
me rasga
até todo sangue escorrer.
Morro por violência
e hemorragia.
E você assim
se delicia.
Roubando minha vida
na calada da noite
...ninguém escuta
minha morte.
Abraxas
Me perco na imensidão azul
de seu olhar de oceano,
profundo e misterioso,
nas ondas de norte ao sul
que me carregam
como barco ocioso,
sem direção ou costa
de horizonte praiano.
Perdido nesse oceano,
sinto que algo recosta
e pousa dentro de mim,
seria uma ave, enfim,
que bate asas fortes
ao invés de pulsação;
ali no peito abre e achas
o tesouro de naval missão,
do fundo do espelho do céu
de seu olhar de oceano,
profundo e misterioso,
nas ondas de norte ao sul
que me carregam
como barco ocioso,
sem direção ou costa
de horizonte praiano.
Perdido nesse oceano,
sinto que algo recosta
e pousa dentro de mim,
seria uma ave, enfim,
que bate asas fortes
ao invés de pulsação;
ali no peito abre e achas
o tesouro de naval missão,
do fundo do espelho do céu
que é o mar de sua visão.
Sem deus ou diabo
para ajudar na volta,
só sobrou eu, ainda perdido,
esperando uma tormenta
ou uma divindade
com asas que, sem alarde,
me guie ou me leve à terra
ou deixe que eu morra
de paixão
nessa imensidão
azul...
esperando uma tormenta
ou uma divindade
com asas que, sem alarde,
me guie ou me leve à terra
ou deixe que eu morra
de paixão
nessa imensidão
azul...
Sobre a Espontaneidade do Clima
É incrível como o clima muda
e o faz de uma hora para outra,
como um bipolar, mas neutra
é sua vontade na tarde absurda,
em que o dia escurece na manhã
e que noite vira dia, sem afã.
e o faz de uma hora para outra,
como um bipolar, mas neutra
é sua vontade na tarde absurda,
em que o dia escurece na manhã
e que noite vira dia, sem afã.
segunda-feira, 7 de março de 2016
Cruel Tempo
Das armadilhas da vida
o tempo é a mais cruel,
te mastiga, te trucida,
e te torna o amargo fel.
Fel dá nó na garganta,
caso você não saiba,
não há com que caiba
qualquer outra janta.
E nesse amargor vamos
destilando álcool, fumos
vida, sangue, suor e pus,
senão o tempo é perdido,
passa-nos desapercebido
como ouro de tolo reluz.
o tempo é a mais cruel,
te mastiga, te trucida,
e te torna o amargo fel.
Fel dá nó na garganta,
caso você não saiba,
não há com que caiba
qualquer outra janta.
E nesse amargor vamos
destilando álcool, fumos
vida, sangue, suor e pus,
senão o tempo é perdido,
passa-nos desapercebido
como ouro de tolo reluz.
Se Movimentar
Sinto que vou surtar
pois a realidade é o susto
do qual despertei
e agora estou disposto
porque não quero ficar.
pois a realidade é o susto
do qual despertei
e agora estou disposto
porque não quero ficar.
Sobre projeto de país
Não sou partidário ou patriota, apenas prezo por coerência e consciência e ultimamente tem sido engraçado ver como o debate político anda por aqui, parece briga de torcida de futebol, só que de forma mais infantilizada... Como as pessoas se dispõe a gastar tanta energia, fazer tanta entropia para no fim, elegerem seu novo baluarte dos interesses coletivos? E, pasmem, sabendo que os interesses coletivos não serão respeitados, pois sofrerão em detrimento dos interesses individuais do beato posto em trono pelo povo crédulo.
É...o povo se desgasta, e muito, a toa. Porque neste pedaço de território, definido como Brasil, temos uma curiosa situação que se perdura por mais de duas décadas pós-redemocratização, nas eleições vemos um fato curiosíssimo ser escancarado, um fato que deveria nos aturdir, fazer questionar nossa participação e a participação dos próprios partidos:
É...o povo se desgasta, e muito, a toa. Porque neste pedaço de território, definido como Brasil, temos uma curiosa situação que se perdura por mais de duas décadas pós-redemocratização, nas eleições vemos um fato curiosíssimo ser escancarado, um fato que deveria nos aturdir, fazer questionar nossa participação e a participação dos próprios partidos:
Ninguém apresenta um projeto de país.
Pare para pensar, os discursos são os mesmos, mudam-se caras, bocas, vozes, escrita, mas o conteúdo é o mesmo, e não é raso.
A triste realidade é que os partidos (salvo raríssimas exceções), em sua grande maioria, são apenas reformistas, não fazem guinada alguma (que nunca tenhamos uma à direita, por favor), o projeto de pais que eles dizem apresentar há anos tem sido o mesmo: Cumprir a constituição.
E nem isso o fazem.
Vou resumir de forma simples, mas bem coerente:
Eles estão prometendo fazer o que já é obrigação institucional de seus cargos.
Eles prometem escovar os dentes, quando isso nem deveria ser prometido, apenas aplicado...e há muito tempo.
Ou seja, não há mudança real.
Sem um projeto a seguir, nunca haverá, e os conformados ficarão no lado mais quentinho do poço de merda porque ninguém quer ficar no lado frio, mesmo estando num poço de merda.
Sem Manto
Sinto um demônio
dentro de mim,
dentro de mim,
uma marca de Caim
tão quente que queima,
me incinera por dentro
como a chama de um dragão
que no interior enfrento.
O fogo clama
por cada pedaço
do que julgava
ser minha essência,
e seu calor quebra
a máscara, um estilhaço
me reflete a obra
que aqui se vivencia:
de todas minhas brasas
serei sempre
a última a apagar
e é nela que reside
todo meu eu,
essa obra de ateu,
de demônio, de santo,
de quem retirou seu manto.
quarta-feira, 2 de março de 2016
Literar
Lendo livros e observando a vida
sei que vale a pena qualquer ferida:
é um aprendizado
a ser alcançado.
Aprendi lendo de Tolstói
que a balança da humanidade
fica entre o bem e a crueldade
e percebi que a realidade dói
dentro de mim...
Como é difícil de aceitar
que o ser humano não se furta
nos seus atos, nem se assusta
em ser vil, podendo até matar
acelerando o fim
de qualquer um,
como uma talagada de rum
esquentando uma noite fria,
como quem quer luz
e que o escuro da noite azul
seja tarde alaranjada dum dia.
Aprendi com Veríssimo
que amor soa música ao longe,
você não agarra, nem sabe d'onde
vem tal som lindíssimo,
só pode sentir
e quando se der a chance
de lhe ouvir, sentirá no coração
algo que só deuses lhe dirão,
então digo: não se espante,
pois não irá partir...
...De qualquer lugar,
como uma pessoa a andar
de lá para cá em euforia.
Simples, por aí está
passa até por uma fresta
da janela que lhe clareia
o dia.
sei que vale a pena qualquer ferida:
é um aprendizado
a ser alcançado.
Aprendi lendo de Tolstói
que a balança da humanidade
fica entre o bem e a crueldade
e percebi que a realidade dói
dentro de mim...
Como é difícil de aceitar
que o ser humano não se furta
nos seus atos, nem se assusta
em ser vil, podendo até matar
acelerando o fim
de qualquer um,
como uma talagada de rum
esquentando uma noite fria,
como quem quer luz
e que o escuro da noite azul
seja tarde alaranjada dum dia.
Aprendi com Veríssimo
que amor soa música ao longe,
você não agarra, nem sabe d'onde
vem tal som lindíssimo,
só pode sentir
e quando se der a chance
de lhe ouvir, sentirá no coração
algo que só deuses lhe dirão,
então digo: não se espante,
pois não irá partir...
...De qualquer lugar,
como uma pessoa a andar
de lá para cá em euforia.
Simples, por aí está
passa até por uma fresta
da janela que lhe clareia
o dia.
Rascunho
Pode ser que um dia
eu acabe poesia
perdida nas estrofes
que se desmancham
em versos-catástrofes
que de tinta mancham
a folha em branco
já amassada
jogada
num banco.
Virão outros poemas
que terão seus problemas:
estrofes com versos em rima
enganando os sentidos
sem poesia ou estima
e o que está sentindo
é só uma ilusão
bonita por fora
pois, por ora,
se foi embora
a inspiração...
...junto da folha amassada
que rolou no vento,
e se perdeu no tempo,
eu, poesia, sou largada,
esquecida
como rascunho
do coração.
eu acabe poesia
perdida nas estrofes
que se desmancham
em versos-catástrofes
que de tinta mancham
a folha em branco
já amassada
jogada
num banco.
Virão outros poemas
que terão seus problemas:
estrofes com versos em rima
enganando os sentidos
sem poesia ou estima
e o que está sentindo
é só uma ilusão
bonita por fora
pois, por ora,
se foi embora
a inspiração...
...junto da folha amassada
que rolou no vento,
e se perdeu no tempo,
eu, poesia, sou largada,
esquecida
como rascunho
do coração.
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