sábado, 26 de março de 2016

Luna Sina

Um uivo solitário
é o que emito
à brilhante lua
enquanto vago pela rua.
Sem resposta, repito
procurando ao lado
uma alcateia
nessa pradaria conhecida,
em meio a noite vazia.

Sem retorno de
uivos em companhia,
a solidão sentida
da natureza minha,
vestida de homem
(enquanto sempre lobo),
disfarça toda beleza
em versos decadentes
entre dentes caninos

que, por muito pouco,
laceraria corpos,
mas se encerram em copos
que refletem luz noturna,
enquanto uivo,
solitário,
procurando resposta,
solidária,
esperando presença

lupina.
Talvez fingir ser humano é,
aos lobos, uma sina.
Esquecer a tentação
é negar-se à sua essência,
mas, por experiência -
e da vida, intermitências - 
lupinos já sabem,
há muito o fazem.

Mas o uivo é o último refúgio,
se por um infortúnio,
deixarmos de uivar,
melhor deixarmos de viver...

Nunca negue a natureza do uivo.